Capítulo 68

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Mateus Johnson

O sol entra na pequena casa com força, me forçando a abrir os olhos. Jade dorme profundamente ao meu lado, enroscada em mim. A aperto contra mim, sentindo seu perfume, não precisamos falar nada, nossos corpos falam por nós, demonstram nosso amor e nossa tristeza, mas eu preciso fazer o que tem que ser feito.

Por um momento pensei em jogar tudo para o alto, mas não sou assim, ficar aqui irá trazer felicidade, mas principalmente tristeza. Não serei um homem completo, não conseguirei fazê-la feliz, e isso tudo me quebra.

Me levanto delicadamente para não acorda-la, e vou para um pequeno banheiro que tem ali. Mesmo abandonada, essa casa é muito útil.

Jogo a água fria sobre meu rosto, sentindo um choque da água fria com o calor do meu rosto. Vou até a sala de novo, visto minha roupa e pego alguns alimentos para o café da manhã. Saio de casa e vou para o lado de fora, improvisando uma fogueira e me sento em um pano que coloquei no chão.

Várias imagens se passam pela minha cabeça, vários momentos da minha vida até agora, em como ela mudou, nunca pensei que aconteceria a tanto tempo. A um tempo atrás, eu estava feliz com meu futuro garantido, mas agora, a tristeza ocupa um lugar mesmo que mínimo, em meu coração. Agora me vejo apaixonado e ao mesmo tempo com o coração partido com essa situação.

Nós vamos sofrer, sei que vamos, mas não será por muito tempo, logo eu vou superar... Ela vai superar. Fecho meus olhos, querendo transformar minhas palavras verdadeiras. Mas...

Será?

- Oi - ouço sua voz atrás de mim. Me viro e a vejo, o motivo do meu sorriso e da minha felicidade. Ela está vestida e totalmente encolhida em sua blusa de frio. Seu cabelo está preso em um coque e sua expressão é uma série de emoções.

- Oi - estendo minha mão para ela, que logo a pega, mas ao se sentar, fica longe de mim.

- Jade, não precisa agir como se eu fosse um estranho...

- Não estou agindo assim...- ela olha distante.

- Então fique perto de mim.

- Para que? - me olha intensamente.

- Porque nos amamos, porque gostamos de ficar perto um do outro. Essa noite provou isso tudo...- alcanço sua mão.

- Isso foi uma despedida - ela olha para baixo.

- Então foi isso que significou para você? Uma despedida?! - ainda não consigo acreditar.

- Mateus, antes de tudo você me falou ontem que estava indo, que não iria me fazer feliz... Devo encarar como o que? - noto sua chateação através de sua voz.

- Como qualquer outra coisa, menos uma despedida - me exalto.

Ela fica calada por um tempo, apenas olhando o horizonte a nossa frente, me agonio com esse silêncio.

- Preciso ir - ela finalmente fala - Já passou do horário do Max ir trabalhar, e como Dilan disse, ele vai surtar - ela se levanta - Pode me levar?

- Claro - minha voz quase não sai. Me levanto também - Vamos, apenas vou arrumar minhas coisas.

- Tudo bem - murmura.

Volto para dentro da casa, juntando todos os meus pertences e saio. Jade está de costas para mim, olhando para o horizonte a sua frente, seu corpo está meio trêmulo e sua respiração tensa.

- Podemos ir? - chego perto dela.

- Sim - ela dá uma última olhada e se vira - Onde está seu carro?

- Coloquei ele entre os matos, não queria ser visto - dou de ombros e caminhamos até o carro.

O trajeto de volta para casa se segue em um silêncio perturbador. Jade não me olha se quer um minuto, sua atenção está voltada para a janela. Decido não puxar assunto também, estamos quebrados demais para agirmos como se nada tivesse acontecido.

Depois de um tempo que mais pareceu uma eternidade, chegamos em frente a sua casa. Desligo o carro e o silêncio continua. Ela tira o cinto de segurança e abre a porta.

- Obrigada pela carona - finalmente ela me olha - Eu ainda vou te ver?

- Claro - prometo.

- Tudo bem - ela dá um sorriso fraco - Até logo, Mateus.

- Até, Jade - ela fecha a porta e entra em sua casa. Ligo o carro novamente e saio em alta velocidade, com a tensão percorrendo meu corpo.

***

Entro em minha casa e a primeira coisa que vejo é meu primo deitado no sofá, lendo um livro qualquer. Ao me ver, sua expressão é de pura surpresa.

- Mateus - fala e se senta no sofá - Pensei que não voltaria mais...

- Pois é, voltei - dou um sorriso fraco e me sento ao seu lado. Minhas mãos percorrem o meu rosto todo, estou esgotado.

- O que houve? - coloca a mão em meu ombro.

- Nada, só estou cansado - ele me olha desconfiado.

- Á mim você não engana.

- Sei que não, só estou amenizando a situação.

- Sei o que está te afligindo, mas posso te dizer uma coisa... Amor não te dá futuro.

- Mas me dá felicidade, e ao mesmo tempo, um coração quebrado - passo as mãos nos cabelos - Não consigo descrever a tristeza que estou sentindo, é como se tivesse perdido algo muito importante de mim, é insuportável - as lágrimas descem com força do meu rosto.

- Sinto muito por tudo isso primo, mas você estará perto da sua família, que vai te apoiar e você logo irá esquecer isso tudo, sua vida continua. Sinto muito em dizer isso, mas os caminhos de vocês são totalmente diferentes.

- Obrigado, vou ficar bem - nem eu acredito nas minhas próprias palavras - Vai mesmo embora amanhã?

- Vou, minhas férias acabaram - ele respira desanimado - Um hospital me espera, e logo, eu estarei esperando por você - aperta a mão que estava em meu ombro - Você não irá se arrepender, te garanto.

Apenas dou um sorriso fraco para ele, mas por dentro, sou apenas um buraco negro.

***

Jade Maldonado

Assim que entro em casa, vejo Max em pé no meio da sala, junto com seus colegas policiais. Briana também está, e assim que eles me vêem, ficam surpresos.

- Jade! - Max vem rapidamente até mim, me abraçando apertado - Meu Deus, aonde você estava?! Você está bem? - me examina de cima a baixo.

- Estou bem, desculpe - Briana fica ao seu lado e me abraça também.

- Fiquei tão preocupada - sua voz está embargada - Nunca mais faça isso!

- Eu sei, me desculpem, não irá se repetir - olho para o meu irmão - Se não se importa, preciso subir, volto para falar com vocês, não se preocupem, estou bem.

Meu irmão e minha cunhada concordam, passo por eles e cumprimento os policiais que estão ali, e vou para o meu quarto. Lá, entro no banheiro e tomo um banho demorado, deixando que finalmente as lágrimas desçam de mim. Provas do meu sofrimento, e ali, me deixo desabar.

















E se não fosse o Destino? - 1° Livro.Onde histórias criam vida. Descubra agora