Capítulo 28

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Naquela mesma noite eu havia de comparecer na ronda a caça a Evan, mas não fui. Liguei pra Liam e lhe falei tudo o que havia acontecido. Ele me compreendeu e disse que estava tudo bem e que eu podia ficar sossegada. Na manhã seguinte eu acordei bem cedo. Como o apartamento estava uma bagunça, com caixas por todo o lugar. Resolvi tomar um café na rua. Eu escrevi um bilhete para Kate explicando a aonde eu iria e claro pra ela não ficar preocupada. Graças a Deus tinha uma Starbucks que ficava perto de casa. Eu tomei meu café apressadamente e dirigi até a delegacia.

Quando cheguei por lá, fui à procura do delegado George. Não demorei muito para encontrá-lo. Ele estava em uma mesa e conversava com mais dois policiais. Eu andei até ele e o interrompi.

– Senhor Delegado George, me desculpe interromper o senhor, mas preciso conversar. - eu disse e ele me olhou com surpresa.

– Olá Srta. Colleen. Pensei que não fosse vê-la tão cedo. - ele pareceu surpreso.

– Eu também não pensei que fosse, mas eu não consigo engolir aquela história que o Sr. Ryan disse.

– Você acha que ele está mentindo? - disse o delegado arqueando uma das sobrancelhas.

– Acho! Tenho quase certeza que sim. - eu disse um pouco eufórica.

– A senhora pode me acompanhar até a minha sala de escritório?

– Sim! Claro que sim!

– Então me acompanhe, por favor. - ele andou e eu o segui. O escritório do delegado não ficava muito longe dali. Ele abriu a porta e ficou segurando e então eu entrei.

– Então você acha que seu pai está mentindo? Por que você acha isso? - ele fechou a porta e se sentou sobre a cadeira.

– Por que acho que minha mãe não iria traí-lo. Ela não era desse tipo. E traí-lo com quem? Não faz sentido isso. - eu disse desacreditada.

– Entendo. Então você gostaria de fazer o que?- o delegado me encarou.

– Eu pretendo confrontá-lo até ele dizer a verdade. Eu não vou sair daqui até ele falar! Eu preciso de uma explicação clara. - eu disse rápido demais.

– Tudo bem Srta. Colleen. Eu vou avisar pra ele que a senhora está aqui e quando estiver tudo pronto eu chamo à senhora. Já volto. - o delegado se levantou e saiu pela porta.

Eu estava sentada na cadeira e aguardava pela volta do delegado. Será que agora eu conseguiria arrancar a verdade de Ryan? Trinta minutos depois eu estava quase desistindo. Quando o delegado apareceu pela porta.

– Vamos lá Srta. Colleen? - o delegado falou e eu assenti com a cabeça e o segui pela porta. Eu fiz os mesmos passos pelo corredor escuro e sabia quem estava naquela mesma sala. Eu entrei e lá estava Ryan sentado. Eu senti uma raiva muito grande quando eu o vi, mas nada eu disse. Eu entrei na sala e sentei na cadeira e o observei.

– O que minha adorada filha que disse que nunca mais viria me ver, faz aqui? - ele disse num sorriso medonho.

– Eu vim aqui atrás da verdadeira história. Por que se você acha que eu engoli aquela história da minha mãe ter te traído, é melhor ficar sabendo que eu não engoli! - eu cuspi as palavras de um jeito ríspido.

– Mas é essa a história! Sua mãe não era nenhuma santa. – ele pareceu debochar de mim.

– Por favor! Eu estou lhe implorando pra saber a verdade. Há oito anos eu vivo sem dormir direito. A morte da minha mãe é um pesadelo que eu tenho de lidar todos os dias. Eu não vou sossegar até você dizer a verdade! - eu o encarei com lágrimas nos olhos. E ele me fitou sem nada dizer.

– Tudo bem. Ela não me traiu como eu disse pra você. - ele fitou suas mãos judiadas pelo tempo. - Eu tinha descoberto que você não era minha verdadeira filha. Eu descobri por meio de umas cartas que estavam em uma gaveta. Eu tive uma briga muito feia com a sua mãe e nós nunca mais voltamos a ter aquela coisa que tínhamos. Eu me envolvi com Laura. Mas a sua mãe me provocava, era sempre ela que começava a brigas. E depois que conheci Laura as coisas pioraram. Eu peguei uma raiva tão grande de sua mãe que eu disse a ela que um dia eu voltaria para me vingar. - ele ainda fitava as mãos e eu estava sem palavras

– Foi só isso? - eu disse chorando

– Foi! Naquela época eu comecei a mexer com drogas e o álcool também não ajudava. Até que depois de sete anos eu a encontrei de novo e a segui. Eu tinha uma arma e vi que era o momento certo de me vingar. Ela entrou na casa e eu dei sorte pelas janelas estarem aberta. Eu entrei por uma delas. Foi quando ela me viu e se assustou. Eu estava chapado de tanta droga que nem pensei direito. Atirei nela. - ele disse por fim.

– E você nem pensou em mim! Eu estava no andar de cima! Eu estava no meu quarto! Eu escutei tudo! Você não pensou em mim! - eu gritava. Estava atônita.

– Eu pensei que não tivesse ninguém em casa. Eu fui muito cuidadoso, mas também fui rápido. Não queria ninguém atrás de mim. Sinto muito querida. - ele não saía de sua pose cabisbaixa.

– Agora você sente muito! Depois que você matou ela é que você sente muito! E fez tudo isso por um motivo besta! Isso não tem perdão! Eu estou sem palavras. Nem sei como reagir a tudo isso. Tenho que ir agora. - me levantei da cadeira. Pensei que fosse desmaiar. Me sentia terrivelmente debilitada. E quando andava para sair da sala. Fui surpreendida pelas palavras de meu pai.

– Me desculpe por todo o dano e sofrimento que lhe causei filha. Me desculpe. - ele disse, mas eu não virei para observá-lo e então deixei a sala. Quando estava no corredor eu chorei como não chorava há algum tempo. A morte de minha mãe havia sido em vão e por algo besta. Meu pai foi covarde demais para fazer isso. E o pior de tudo. Eu estava sozinha e não tinha ninguém para me apoiar. Eu então me encontrei com a garota dentro de mim. A garota que estava perdida e desamparada. Eu me senti sozinha naquele instante.

Fui pra casa bastante abalada. Quando cheguei lá encontrei Kate que colocava a sala de estar em ordem. Eu a abracei sem pensar e chorei muito. Tudo o que eu queria era que aquela dor passasse. Que tudo passasse.

Trilogia Fatal - Furacão ( Livro 02 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora