05. O HOMEM POR TRÁS DA MÁSCARA

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- Flug, acorde! - uma voz masculina invadiu meus ouvidos involuntariamente. Demorei alguns segundos para obedecer às suas ordens.

Ao esfregar os olhos, me deparo com um Tiberius nervoso e preocupado, batendo em meus ombros como se estivéssemos enfrentando um terremoto. Bati nele de volta e o garoto dos cabelos azuis parou de me agitar.

- Qual é o problema, cara? - ralhei, um pouco chateado por ter meu sono interrompido tão abruptamente.

- Black Hat. Esse é o problema. Sabe que horas são? 5:30, Hector. Cinco e meia. - ele disse a última parte pausadamente. Curvei as sobrancelhas, ainda confuso.

- Eu sei! Por que você não volta pro seu quarto e me deixa dormir mais um pouco? - perguntei, enfiando o travesseiro contra minha cara. Tiberius arrancou-o de mim e o atirou no chão - Ei!

- Ficou louco? Você deveria estar de pé às 4 horas. Sempre foi assim!

Sempre assim? Oh, por favor. Isso não é viver. É trabalho escravo! Como eles conseguiam viver dessa forma? Bem, infelizmente, ele não iria me responder, então apenas obriguei meu corpo a sair da cama e ir ao banheiro. Fiz aquilo com passos trôpegos, até me lembrar da foto que eu encontrei no meu novo laboratório. Voltei-me novamente para Tiberius e pedi que ele não saísse ainda. Corri até a mesa que eu mantinha minhas coisas de trabalho e peguei a fotografia.

- O que é isso? - pedi, mostrando-lhe o pedaço de papel. Ele não olhou diretamente para a imagem, parecia até que estava com medo de fazê-lo - Então...

- Isso é confidencial. Você não deveria ter visto. - ele, então, guardou a fotografia no bolso e me impediu de pegá-la de volta.

- Qual é! Não seja ridículo. - murmurei - Sei que aqueles dois pirralhos ao lado de Black Hat são você e Demência.

Tiberius evitou olhar nos meus olhos, ele estava mesmo envergonhado daquilo? O garoto precisou de um tempo para se concentrar e achar uma boa resposta.

- Esta foto foi tirada duas semanas depois de... - hesitou, deixando um suspiro pesado escapar dos lábios.

- Duas semanas depois de quê?

- Depois de sermos achados na rua por Black Hat.

Meu coração se apertou quando ele disse aquilo. Então eles nem tinham onde morar? Uma família ou amigos que pudessem apoiá-los? Eu estava me sentindo horrível nessa hora. Eu tinha tudo o que eles poderiam desejar, naquele tempo. Família, escola, comida em fartura, amor. Talvez era por esse motivo que Tiberius não quisesse que eu trabalhasse aqui. Talvez ele estivesse me impedindo de "perder" minha vida.

- Sinto muito. - foi tudo o que pude dizer - E obrigado.

- Pelo quê?

- Por ter me alertado o quão perigoso seria trabalhar para seu chefe.

- É, agora é tarde pra voltar atrás. - ele começou a brincar com os próprios dedos, assim como fazia quando estava entediado - Você não quer saber do cara mascarado ao lado de Black Hat?

Whoa! Quase tinha me esquecido disso. Essa teria sido a razão principal de eu ter mostrado a fotografia pro garoto. Balancei a cabeça, desesperadamente, como um sinal de confirmação. Tiberius pigarreou antes de começar a falar, mais um hábito que ele possuía. Fiquei muito atento a tudo que ele dizia.

- Esse é Pivot Horston, mas por ele não gostar tanto do primeiro nome, nós o chamávamos de doutor Horston. Ele trabalhou para Black Hat por uns 20 anos e sempre manteve a mesma postura.

- Qual?

- A de um homem arrogante, sombrio e perverso. A junção perfeita das características que o senhor Black Hat desejava de um lacaio.

INCÓGNITA ;; villainousOnde histórias criam vida. Descubra agora