capítulo quatro.

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Na concepção de Yoongi, chegava a ser cômica a forma como Jungkook se preocupava com o filho. Por Deus! Ele o ligava de quarenta à quarenta minutos, em cada um dos intervalos entre as aulas.

— Você já almoçou, não almoçou? — Jeon questionou aflito, esticando as pernas debaixo da mesa e apoiando a cabeça sob o ombro do amigo.

Parecia alucinado e mordia o lábio freneticamente, carregando uma expressão indecifrável no rosto. Por mais que Min gostasse do professor e de seus olhos castanhos, não queria arriscar interromper a chamada e obrigá-lo a comer algo. Não depois de ter recebido um olhar furioso momentos antes.

Jeon era impulsivo e estressado, o diretor não duvidava que ele pudesse o acertar com um murro ou até mesmo com a régua no instante em que chamasse sua atenção. Sorriu após pensar em Jungkook o acertando com a régua.

O professor suspirou e um som familiar se fez audível aos ouvidos de Yoongi. Jeon ergueu os óculos de armação redonda até a ponta do nariz, enquanto que uma feição cansada tomava-lhe a face.

— Ele está bem? — Min resolveu perguntar, certamente preocupado com o colega de trabalho.

Jungkook encerrou a ligação e deslizou o telefone para seu bolso, questionando-se o porquê do menino o deixar tão maluco.

— Disse que sim. Mas não está não. — Verbalizou, suspirando pesadamente.

E num breve instante, o homem se permitiu fechar os olhos, vendo a imagem de Jimin dançar através de suas pálpebras. Sorria, sorria lindamente com um vigor tão infantil quanto seus dezessete anos de idade, parecia feliz.

Jimin era dono de um sorriso deslumbrante, sendo tão apaixonado e até mesmo idiota aos olhos de Jungkook. Contudo, era isso que agradava àqueles olhos, os olhos que nunca viram tanta beleza em trinta e dois anos de vida. Certamente, nunca vira algo ou alguém tão belo quanto o pequeno, com um sorriso tímido brotando dos lábios fartos, como se nada mais o preocupasse.

Talvez, por esta razão, Jeon sentia-se capaz de caminhar até o inferno e lutar com o próprio Lúcifer se significasse que poderia só mais uma vez, uma única vez, observar aquele sorriso tão precioso. Mas ele desapareceu, levando Jungkook ao desconsolo iminente.

— Foi por isso que me ligou hoje às uma e meia da manhã? — Perguntou Yoongi, franzindo o cenho ao inclinar-se sob a mesa que eles usualmente usavam para comer.

Jeon abriu os olhos devagar, mantendo o semblante inexpressivo.

— Você dormiu, seu bosta. — Resmungou, puxando o saco de papel pardo da mão de Yoongi, do qual continha um sanduíche já frio.

— É, e daí? Eu estava com sono, mas realmente fiquei preocupado, você estava chorando.

Jungkook levou as costas das mãos desajeitadamente até o rosto, esfregando-as alí de um jeito irritado. Nunca fizera o tipo sensível, mas desde que conhecera o Jimin, chorava como uma criança patética.

— Jimin me disse umas coisas estranhas. — Comentou em um fio de voz, enfiando um pedaço de pão na boca. Seu coração parou de bater por um instante, como se apenas o nome do mais novo o deixasse desconcertado.

— O que ele disse? — Questionou em seu tom mais cauteloso, vendo Jungkook franzir o nariz, ligeiramente incomodado.

— Ele... Ele disse que foi tocado e que era sujo. — O tom de voz pareceu magoado aos ouvidos de Yoongi. — Eu não entendo, ele não... Ele não falava de mim, falava? Eu fiz com que ele se sentisse sujo apenas por tocá-lo?

Min pressionou os lábios ao tempo em que encarava Jeon com as sobrancelhas unidas. Não sabia ao certo se devia contradizer o amigo, entretanto, não queria deixá-lo com aquela ideia na cabeça.

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