POV | Lexy

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Se alguém tivesse me contado duas semanas atrás que a minha vida ia dar uma volta de 360° graus com direito a um duplo twist carpado eu teria tatuado um "ata" como resposta na minha testa.

Há duas semanas, eu estava sendo apresentada pelo Jack aos amigos dele como "Lexy, aquela de quem eu falei para vocês" e nós dois estávamos nos vendo quase todos os dias. Eu cheguei a levar uma escova de dentes para a casa dele depois da terceira noite seguida que eu dormi por lá e precisei usar a dele—quem nunca?

Meu pai chegou a me perguntar se eu já queria me mudar oficialmente de casa, e se ele podia começar a enviar todas as revistas que chegavam nos correios para a casa dos Jack.

Há duas semanas eu estava pensando em todas as letras fofas que eu usaria como legenda para as fotos lindas que eu e o Jack íamos tirar assim que o nosso namoro fosse oficial.Há duas semanas, eu acreditava de verdade que eu e o Jack tínhamos uma chance. 

Pela primeira vez, eu achei que a gente ia fazer aquilo rolar e eu logo seria conhecida como Sra. Gilinsky.

Se eu crio expectativas?

Claro que não...

Eu só pesquisei ideias de nomes para cachorro, nomes bonitinhos para bebês que começam com a letra K—porque K é a letra do alfabeto que separa o J e o L, e eu achei que seria muito romântico e fofo se a gente fizesse as Kardashians e nomeasse nossos sete filhos com nomes com K—e talvez, só talvez, eu tenha baixado um aplicativo que simula como vai ser o seu bebê juntando uma foto sua e uma foto do seu amorzinho.

Como vocês podem ver, eu sou uma pessoa muito objetiva e prática. Vivo no momento e não trabalho com a criação de expectativas.

E agora, pós-duplo-twist-carpado, minha vida não poderia estar mais diferente do que eu achei que estaria.

Depois da fatídica festa na qual eu transei com o Matt, eu acordei com um leve pânico no meu coração pensando "porra Alexia, o que você fez?" e com muito medo de que as consequências envolvessem o Matt, eu ou o Jack com o coração partido—ou pior ainda e na minha cabeça mais provável: os três.

Aproveitei que o Matt dormia igual um anjo ao meu lado e desci para pegar uma água e um remédio para dor de cabeça, porque ninguém raciocina bem com ressaca. Antes que eu pudesse entrar na cozinha, porém, eu ouvi a Lily, o Hayes e a Alice conversando baixo e como o meu nome foi uma das primeiras coisas que eu escutei, eu decidi ouvir a conversa alheia em segredo primeiro.

Descobri duas coisas: eles sabiam que eu tinha dormido com o Matt—aparentemente a Alice e o Jack perceberam ao longo da noite que tanto eu quanto o Matt estávamos sumidos há um tempo e foram bisbilhotar, até que a Alice viu que a porta do quarto dele estava fechada e barulhos estranhos vinham de lá de dentro—e o Jack tinha ido embora para ver a Madison.

Essa segunda informação veio do Hayes. Assim que a Alice contou sobre eu e o Matt e ela e a Lily externalizaram o medo de que eu pirasse ao acordar no dia seguinte ou que aquilo só piorasse ainda mais as coisas, o Hayes pôs um ponto final na conversa: "o Jack saiu correndo da festa para ir até a casa da Madison, então acho que a Lex e o Matt ganham carta branca também".

Voltei igual um peido para o quarto quando ouvi isso.

Todo o pânico que eu senti por ter acordado ao lado do Matthew se transformou em uma raiva avassaladora pelo Jack.

Na noite anterior ele me disse duas vezes que queria ficar comigo, e aí de repente eu descubro que ele foi passar a noite com A Coisa?

E não, nem passou pela minha cabeça que era um pouco de hipocrisia da minha parte julgar ele quando eu tinha acabado de ter uma transa louca, gostosa e bêbada com um dos melhores amigos dele. Sabe por quê?

Porque eu sacrifiquei sete fucking anos da minha vida. Eu dediquei quase uma década a ser apaixonada pelo Jack e esperar ele se tocar que eu era louca por ele. Então eu tinha o total direito de usar as regras da Nicki Minaj de como ser uma boss-ass bitch e transar com todos os amigos dele se eu quisesse.

Então eu fui para a suíte do quarto dele antes de voltar para a cama, me olhei no espelho e apontei para o meu reflexo:

— Já que a oportunidade de ser a Nicki passou, a senhora vai seguir as regras da Dua Lipa, tá me entendendo? — falei para mim mesma — Você não vai atender ou responder as mensagens do Jack, não importa quantas desculpas ele invente. Você não vai se encontrar com ele em lugar nenhum. E você não vai ser amiga dele! Qualquer tipo de contato e você vai acabar na cama com ele sendo estúpida pela bilionésima vez. E não importa o que aconteça, você não vai partir o coração do Matthew!

O negócio é: além de tudo isso com os sete-anos-desperdiçados-pelo-Jack, eu estaria mentindo se eu dissesse que descobrir que o Matt gosta de mim não me deixou confusa.

Nunca passou pela minha cabeça a hipótese de que o Matt seria apaixonado por mim. Se eu tivesse descoberto antes, eu tenho certeza que eu poderia ter me apaixonado por ele também. Eu ainda acho que isso pode e vai acontecer.

Ele sempre foi um amigo tão perfeito que seria impossível eu não me apaixonar por ele.

E quando eu descobri, acho que mesmo sem perceber eu comecei a ver vários aspectos da nossa amizade com outros olhos, e como vários momentos, detalhes, conversas ou pequenas atitudes entre a gente tinham um novo significado agora que eu sabia que durante todo aquele tempo ele estava apaixonado por mim.

Com isso em mente, voltei para a cama, abracei o Matt por trás e fechei os olhos.

Acabei caindo no sono novamente com um sorriso no rosto e um pouco de esperança de que eu talvez, finalmente, pudesse me envolver emocionalmente com uma pessoa disponível.

Com a esperança de que isso—eu e o Matt—poderia funcionar.    

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