POV | Lexy

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— Não é que você veio mesmo? — falei ao ver o Cameron me esperando no aeroporto com o maior sorriso do mundo.

— Você duvidou? — ele me abraçou, me tirando do chão.

— O que a Mel não pede sorrindo que você não faz chorando, né lindo — apertei a bochecha dele.

Cameron tinha esse precipício que ia até o centro da terra pela Mel. Acho que se ela pedir para ele ir para o inferno roubar do capeta ele vai. E ainda vai cantando pisa na cabeça do diabo.  

— Estou profundamente ofendido, Lex! Eu vim por causa do meu grande amor por você, por causa das saudades que já estavam consumindo o meu sono—

— Cala a boca, Cam — eu interrompi, rindo.

Ele riu também e me ajudou com as malas. Meus amigos me conhecem muito bem: postei foto com uma mala só, mas eu realmente tinha umas três comigo. 

Fomos até onde o carro do Cameron estava estacionado, e saímos de lá rapidinho. Como eu cheguei cansada, o Cam parou em uma Starbucks perto do aeroporto e comprou um café para mim antes de continuarmos o caminho até a minha casa.

Contei tudo para ele da minha viagem: os caras gatos que eu conheci, as festas, o trabalho, as outras modelos... Eu tinha sido convidada por uma empresa das Bahamas para tirar umas fotos, e como eu já ia ter que ir para lá de qualquer jeito aproveitei para ficar um tempo a mais e conhecer o lugar.

Quando a gente já tinha passado da metade do caminho, mudei o assunto. 

Eu preciso entender qual é a do Jack, e o Cameron com certeza sabe.

— Eu sou o contatinho do Jack — falei com ele, introduzindo o assunto.

— Você só percebeu isso agora? — Cameron me perguntou rindo.

— Não entendi — cruzei os braços e fechei a cara.

— Ah, Lex — ele falou virando o olhar para mim — Você sempre foi o contato do Jack. Desde que vocês ficaram pela primeira vez.

— Claro que não! 

— Lex, eu te amo, mas toda vez que o Jack começa a namorar, ele some. E quando ele termina, ele reaparece e logo vocês dois voltam a se pegar. Até ele começar a namorar de novo. É um ciclo sem fim.

— Como foi que você me viu fazendo isso pelos últimos sete anos e não falou nada?!

Para mim eu e o Jack somos só amigos que se pegam de vez em quando.

Quer dizer, ele é um amigo que me pega de vez em quando.

Eu sou uma amiga que pega ele quando ele está disponível, e que passa horas vendo o feed dele no Instagram e stalkeia o perfil de toda e qualquer mulher que ele marca em fotos ou no Instastories. 

MEU. DEUS. 

!!!!!!!!!!!!!!!!

Como eu não percebi isso antes?????

— Já falei sim. Todas as vezes você abanou sua mãozinha na minha frente e disse que eu não entendo a relação "de boas" que você e o Jack tem. 

Verdade seja dita, toda vez que eu e Jack estamos ficando nossa relação é realmente de boas. Ele me trata como uma princesa e eu volto a me apaixonar por ele, mas aí ele acaba conhecendo alguma menina aleatória e eles namoram por um tempo até ele descobrir que não gosta dela de verdade.

Eu já tinha me acostumado a esse padrão, o problema foi quando ele conheceu a Madison, a atual ex-namorada dele. Eu e ela tivemos uma briga muito feia a seis meses atrás, quando eles já estavam namorando oficial real a mais de um ano. Jack ficou do lado da naja.

Depois disso a gente não se falou mais. Nem um oi querida tudo bem contigo, nem nada. 

Silêncio total por seis meses. 

E eu não me importei, porque ele que tinha sido o babaca, então ele que ia ter que me procurar e me pedir desculpas e admitir que estava errado em defender aquela cria de cobra que ele chamava de namorada. 

Mas antes da Madison todos os relacionamentos do Jack foram mais curtos que as minhas gripes. Então como que eu ia perceber que eu era o ensopado que ele requentava na panela?

A gente ficava, ele começava a namorar, eu mal tinha tempo de odiar a menina e ficar gótica trevosa e ele já terminava.

E aí ele voltava a sair com o grupo e CABUM: era só a gente se ver, ele dar aquele sorriso torto e me puxar para um canto para conversar que eu já tava agarrando ele como se não houvesse ontem e amanhã.

Até a Madison. Ela mudou toda a dinâmica da minha relação com ele.

Começando pelo fato de que ela não desapareceu depois de um mês e meio.

— Eu não quero ser o contatinho de ninguém — falei chateada.

— Então não deixa ele te cozinhar, ué. Ou não fica com ele, ou fica e abre o jogo.

— Abre o jogo?

— É. Chama ele na xinxa e manda a Beyoncé pra ele. Manda ele colocar um anel nesse dedo aí se ele ainda quiser acesso à terra prometida.

Dei um berro no carro rindo do Cameron. 

Às vezes eu acho que a convivência com a Alice faz mais mal do que bem para ele, juro.

— E se ele não colocar?

— Homem é igual biscoito, Lex. Comeu um já tem mais oito. Só eu conheço uns dez caras fazendo fila pra você, inclusive o...

O telefone começou a tocar, impedindo o Cameron de continuar o raciocínio dele. Enquanto ele atendia o Matthew (eu já sabia que era ele por causa do toque), fiquei olhando para a janela, pensando em três coisas:

Detesto ultimatos, detesto biscoito e detesto ser o contatinho Jack.


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