POV | Lexy

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There's no love without freedom
No freedom without love


Eu sei.

Desaparecer não foi a escolha mais altruísta do planeta. Mas eu estou cansada de fazer escolhas altruístas, de colocar os sentimentos dos outros antes dos meus. De me preocupar se estou chateando o Jack ou o Matt, ou se estou chateando os nossos amigos com toda essa confusão. No final das contas, a pessoa que acabou mais prejudicada fui eu—emocionalmente falando.

Na noite do Halloween eu achei que ia enlouquecer. Achei de verdade. Não é que a briga entre eles foi a pior da vida, porque eu sei que poderia ser sido muito pior. É que foi a gota d'água. Mesmo que eu tenha escolhido seguir no meu relacionamento com o Matt, meu coração não tinha feito a mesma coisa. Ele estava confuso sem saber exatamente o que fazer, o que sentir, por quem sentir. E eu deveria ter sido mais sincera comigo mesma e ter admitido que eu precisava de um tempo sozinha para processar tudo e chegar a uma conclusão.

Porque eu também estou cansada de ficar nesse ciclo infinito. Eu quero que nós três—eu, Matt e G—possamos seguir em paz com as nossas vidas, sem aquela sensação de que tem uma nuvem acompanhando todos os nossos passos e que uma hora, quando a gente menos esperar, vai começar a chover bem em cima das nossas cabeças. Eu quero estar tranquila e em sintonia comigo mesma. Quero me sentir leve em relação a eles e a tudo isso.

Mesmo que isso signifique não ficar com nenhum deles e seguir minha vida sozinha, procurando amor em outros cantos.

Foi por isso que pedi os meus pais para não avisarem à ninguém onde eu estava, como eu estava ou qualquer informação sobre mim além do fato de que eu estava viva. Eu precisava de silêncio. Preciso pensar e escutar os meus pensamentos, e não escutar as opiniões, dicas, conselhos, opiniões e sentimentos dos outros. Eu já sei como todo mundo se sente. Posso listar em dois segundos:

Alice quer que eu seja feliz e tenha uma vida sexual saudável.

Lily quer que eu esteja em paz com a minha escolha, e o Shawn deve pensar a mesma coisa—e também que essa briga entre os meninos é idiota.

Carter e Aaron não se importam o suficiente.

Hayes acha que a merda atingiu o ventilador, como ele sempre avisou que aconteceria, e com certeza acha que isso tudo só vai se resolver quando o Jack e o Matt conversarem e ficarem bem entre si.

Mel quer que eu esqueça o G, porque ela acha ele um otário independente do que ele disser, e quer que eu escolha o Matt—ou pelo menos não escolha ninguém.

Nash e Cameron com certeza querem que eu fique com o Matt, mas vão continuar me amando mesmo que essa não seja minha escolha.

Johnson quer que eu fique com o Jack, outra coisa da qual tenho certeza, mas mais do que isso quer que o grupo deles possa voltar à mesma dinâmica de sempre.

Taylor quer ver o circo pegar fogo, e independente do que eu decidir ele vai ter oportunidade para acender uns fósforos na pólvora, então acho que ele vai ficar feliz com qualquer decisão que eu tome.

Matt quer que eu fique com ele e seja fria com o Jack de agora em diante.

Jack quer que eu fuja com ele para algum lugar no meio do nada onde a gente possa começar do zero e só voltar quando o Matt tiver perdoado nós dois por ter partido o coração dele—sei disso porque ele adora fugir dos problemas. Foi exatamente o que ele fez por sete anos.

Sei de cor e salteado como todo mundo se sente, menos a pessoa mais importante disso tudo: eu mesma.

E foi por isso também que eu decidi viajar. Pedi meus pais para mandarem uma mensagem para a filial da empresa deles de design aqui de Milão e perguntei se poderia passar um mês fazendo um estágio por aqui—aprendendo com eles algo que pudesse nos ajudar por lá. Meus pais sabem que isso não tem nada a ver com o quão preocupada eu estou com a eficiência dos nossos negócios, mas sim com o quanto eu preciso escapar. Preciso respirar sem sentir que mais ninguém está respirando bem atrás de mim, esperando uma decisão.

Preciso respeitar o meu tempo e resolver a minha própria confusão—essa que existe na minha cabeça. Porque eu não acho que a culpa disso tudo seja dos meninos. Eu assumo a minha parcela. Por não ter nada esclarecido, eu deixei a situação pior—aliás, deixei com que ela chegasse aonde chegou.

Então é a hora de eu tomar uma decisão e abraçar ela.

Ou vai ser o Matt ou vai ser o Jack.

Ou não vai ser ninguém.

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