Capitulo 10 - Dor, Ódio, Escuridão.

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A dor, o ódio e a escuridão. Principalmente a escuridão. é algo que nunca me deixa.
A dor que queima, retirei minha roupa e assim como ela saia eu também queria sair de mim.
Assim como a água do chuveiro que escorria para um lugar obscuro, eu queria ir.
Ódio, o mesmo que coroe meu ser, o mesmo que me faz ser quem sou. Aquele que eu queria não ter sentido.
Escuridão. Talvez escuridão devesse ser o significado do meu nome.
Estou debaixo desse chuveiro a um tempo, sei que deveria sair, levantar a cabeça e recomeçar –ou seguir.– fazer como sempre. Seguir uma vida sem vida. Seguir em mundo cheio de cores que você não é capaz de enxergar.
Soco o chão do banheiro, onde me encontro caída.
Eu tenho que seguir.
Eu sou forte!
Eu sou mais que uma peça em um jogo.
Eu não preciso de pessoas quando tenho minha própria escuridão!  
Como um ser cheio de vida em um dia pode se transformar em um monstro em outro?
Inferno!
Gargalho alto, tão alto que me assusto com minha própria risada. Não é uma risada feliz. é uma risada que traz à tona todos os sentimentos guardados, todo medo, dor, culpa, ódio, nojo. Começo a arranhar meu corpo com minhas unhas.
Grito alto e soco mas forte o chão começo a socar som toda minha força. Um soluço desesperado sai da minha boca.
–AHHHHH.
Me arrasto até a ponta do Boxe do banheiro, me encolho escondendo meu rosto no meu joelho.
Merda de vida inútil.

Fico olhando para a ponte a poucos metros de mim.
Quanto mas me aproximo dela, o frio invade o meu ser mas com ele também vem um conforto inexplicável.
Sorrio tristemente. Assim que chego na ponte rodopio.
Uma última dança, um último rodopio. Um último adeus.
Me debruço na ponte para poder ver melhor. Mas a escuridão não me deixa ver. As lágrimas recomeça a cair.
• Flash-Back On •

–AURORA... por favor... não... ele vai. Corre Aurora corre.
Ouço seus gritos distantes a cada vez que eu me afasto. Sua voz que um dia era angelical, seu rosto de anjo que muitas das vezes me ajudou mesmo sem saber.
Eu fui covarde. Eu deveria ter voltado. Ela só me ajudou. Eu deveria ter sido menos covarde. Eu nem ao menos sei o que aconteceu com ela. Eu fiquei 12 anos trancafiada. Naquela casa, a casa que me assombrava todos os dias, só não me assombrava mas do que as imagens daquele homem.
A mulher cujo me deu a luz, conheceu "aquele homem" quando eu tinha apenas 2 anos, ela o levou lá para casa e desde então nunca mais saiu.
Por ele, ela fez coisas nas quais se é difícil acreditar.
Eu não a conheci direito. –não o verdadeiro eu.– eu apenas conheci a mulher feliz para a população e para ele, e a mulher raivosa para mim. A pessoa que deixou que ele fizesse o que quisesse com meu corpo.
Só de lembrar tenho nojo do meu corpo, do meu ser.
–SAI. SAI. POR FAVOR SAI. EU NÃO QUERO. ME DEIXA SOZINHA. EU NÃO aguento mais...
Minha voz ia perdendo a força e eu dizia fracamente. Mas quanto mas eu pedia mas ele me batia. Mas ele me alisava. Mas ele me enforcava.
A porta foi escancarada.
Ele sorriu maliciosamente.
Aquele sorriso que me causavas ânsia.
–veio assistir o show amor?
–o que você...? Aurora?
Seu rosto caiu. Ele se tornou em um vermelho raivoso.
Meus olhos se arregalaram.
–Corre... Corre Lara... corre.
Ele retirou seu corpo pesado de cima de mim e andou até ela.
Eu fiquei imóvel e encolhida.
Ele a pegou pelo cabelo. E cravou seus olhos nos dela.
Me levantei, reunindo forças que até hoje não consigo entender da onde veio...
• Flash-Back off •
Limpei minhas lágrimas apressada.
Essa nem era a pior lembrança que eu tinha.
Eu já estava sentada no corrimão largo da ponte. Eu balançava meus pés de um lado para o outro.
–Aurora não... por favor não seja tarde...
Ouço uma voz longe.. mas reconhecível em qualquer lugar.
Mas eu pensei que fosse somente minha mente trazendo as poucas lembranças e felizes que tive.
Mas não, não era. Pude ver ser corpo e o som de alívio que ela fez ao ver que Ainda não era tão tarde.
—Aur... – Sua voz falhou. Ela só correu até mim. E tocou meu braço tão de leve. Que parecia que eu realmente não estava ali. – sai dai. Por favor não me deixa. Não com uma carta. Você não pode me deixar com somente um telefonema. Eu mereço mas que um telefonema.
Olhei para seu rosto e para a escuridão do outro lado da ponte.
Ela vendo que eu não me moveria dali, subiu toda desengonçada na pilastra da ponte, enquanto eu a tentava impedir.
–Sara... sai já daí, não tem graça.
– não saio Aurora. Não sem você.
–sabíamos que algum dia, ou alguma hora isso aconteceria.
– eu não sei de nada... só sei que você vai ficar aqui... comigo... e nossos bebês.

Apenas uma babá - O recomeço de tudo!Onde histórias criam vida. Descubra agora