Eu queria tanto ser aquilo que você queria que me perdi em alguma esquina da sua inconstância. Eu me moldei a sua idealização e me despedacei ao não me reconhecer no espelho. Ao tentar ser o que você queria, eu fui justamente o que você nunca quis, alguém que verdadeiramente lhe quisesse. Me agarrei na possibilidade de estar em suas mãos por alguns instantes que me permiti ser seu brinquedo descartável. Você prontamente arrancou cada pedaço de mim sem a menor intenção de me remontar. Eu fui meu próprio marionete ao decidir me mover nas linhas do seu egoísmo. Por vontade própria cortei minhas asas para caber no pouco que você me oferecia, sua insanidade. Abrir meus olhos para ver tudo aquilo que eu nunca quis enxergar doeu como a dor de quem rasga a própria pele. Me desfiz de você no momento que me desfiz de tudo que eu já fui por você. Não havia mais espaço para você em mim. Me tomei de volta e senti em cada suspiro o prazer de me pertencer. Eu havia voltado para nunca mais partir.
