De fato, teu caos me atrai, essa tua bagunça de um mundo tão pequeno onde até mesmo as coisas mais complicadas fazem sentido. Roupas jogadas no chão como memórias, cada qual de um dia especial, cada qual com um perfume diferente, seu, de outro alguém, dos dois juntos. E todo esse desejo ardente que queima no final da tarde quando você escolhe os amigos a me ver. Não temos nada, a não ser nossa bagunça de sentimento. Te chuto hoje, mando embora, bato a porta na sua cara. Amanhã você volta, espera na chuva, implora pra que eu te dê abrigo. E no dia seguinte ninguém olha na cara de ninguém. Dois desconhecidos que apenas dormiram juntos curando as feridas um do outro. E do amor, até agora ninguém nunca ouviu falar. Mas a bagunça esta la. No cabelo, nos lençóis, nos pensamentos. Você vem arruma sua bagunça na minha, varre suas. Sujeiras para debaixo do meu lençol, vende tua carência para a primeira que conseguir sara-la, mas sempre bate a minha porta quando o peito doi demais. E eu fico aqui, olhando as estrelas, pensando em organizar o coração antes do quarto, mas nenhum dos dois parecem fáceis de lidar. Se te esqueço, me perco, meu lado esquerdo do peito falta. Se te esqueço, te quero só pra mim, mas não posso te prender se teu desejo não é ficar. Mas tudo tem sua hora, mesmo que só floresça na primavera, ainda sim sentirei falta do teu calor no inverno, da tua frieza no verão, do teu cheiro no outono. Maldita da tua bagunça que se escondeu na minha. Sempre quabdo tento separar, me perco ainda mais no que é de quem, no quem é de qual, nk que jogar fora e do que devo guardar no coração. E quabdo ta tudo desorganizado demais, e perdido demais, o mundo girando rápido demais, tu vem, bagunça, mas me põe de volta no lugar. Me deixe em paz, mas não me deixe de me cativar. Me faça segura, mas não espere o meu amor, assim como não espero o teu. E se assim for, talvez daqui a anos, nós dois velhos sentaremos na varanda e vamos assistir nossa bagunça se acumular
