Aurora..Vol 28

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"Fazia um tempo já que ela não via graça nenhuma no passar dos dias. Mas aí ele chegou. Trouxe seu jeito todo confuso e sua vida atribulada demais para o meio da rotina tranquila dela e deu o seu melhor - em todos os momentos.

Chegou com piadas e sorrisos e mensagens logo que se despediam e ele entrava no carro: todas pontuais. Sempre soube quais armas usar para fazer ela se apaixonar perdidamente por ele. Fez ela amar ele por inteiro - cada pedacinho, de dentro para fora. E essas são as piores maneiras de se apaixonar por alguém: ninguém nunca se desapega de verdade quando a conquista é batalhada desse jeito. Já era.

Ele trouxe coelhos em formato de chocolate e pipoca doce em latas lindas, só para ver ela sorrir, ao mesmo tempo em que seus olhos enchiam de lágrimas por saber como seriam os próximos dias - sem ela.

Ele trouxe dias ensolarados, declarações de amor - das mais bonitas que já existiram, juro - trouxe flores, improvisou jantares. Trouxe junto disso tudo, os olhares incompreensíveis, a ansiedade descontrolada, as alergias motivadas pelo stress: todo o nosso mundo era um caos, uma corda prestes a explodir a qualquer momento e, por pouco, não enlouquecemos. Só ela que sim, mas depois.

Enquanto eram cúmplices, ele fez ela querer ser mãe, mulher, amiga, protetora, confidente: tudo em uma pessoa só. E ainda parecia pouco para ser para ele. Ele era todo o brilho do olhar dela. Ela queria ser dele, porque a vontade dele de ser dela também era tão intensa e enorme, que não parecia haver outra saída. E não houve mesmo. Ele trouxe um mundo de imagens e sons: compôs para ela. Sobre ela. O jeito dela. Os olhos dela. Fez tudo isso, sim.

Ele abraçou ela como nunca ninguém havia feito, ou talvez até já tinham... mas ela era tão dele, que era como se nada mais pudesse dar errado: eles tinham um ao outro, finalmente.

Ele trouxe medos e pânicos, mas também trouxe calor e carinho para aqueles dias frios que serviram de pano de fundo para uma história bonita. Ele confiava nela - e nos olhos dela. Sempre. A cumplicidade que existia entre eles era aquele tipo de coisa bonita de se olhar. Eles não se cansavam. Passavam o dia juntos. E depois a noite. E não queriam se despedir quando amanhecia, mas seguiam seus caminhos: ansiosos pelo café da tarde.

Ele trouxe pãezinhos doces de forno. Quentinhos. Ela tentava - em vão - manter a dieta.

Eles foram uma história bonita. Foi bom escrevê-la aqui por tanto tempo.

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