Teminei de colocar toda a pipoca no balde. Coloquei uma na boca e aproveitei o sabor da manteiga enquanto ia até a geladeira e tirava as bebidas, as deixando em cima do balcão e fechei a geladeira. Abri o isopor e coloquei tudo dentro, misturando as garrafas entre as pedras de gelo para que elas continuassem geladas por mais tempo, eu odeio tomar coisas que já estejam quentes. Daqui a pouco os meninos iriam chegar e poderíamos então aproveitar o último final de semana antes das aulas começarem. Eu poderia dizer que eles são apenas amigos do meu irmão, James, mas eles acabam passando tanto tempo aqui em casa por conta dos ensaios da banda que eles decidiram formar a alguns meses atrás, que acabei me apegando bastante a eles. A banda se chama The Vamps e eles já se conheciam antes, mas a banda acabou se formando depois de um interesse mútuo que surgiu entre o meu irmão e o Brad, daí depois veio o Tristan e por ultimo eles adicionaram Connor ao quarteto. Eles não frequentavam tanto assim a nossa casa antes e foi graças a banda que eu e Brad acabamos nos tornando amigos tão próximos. As pessoas até achavam que eu e ele certamente iriamos assumir um namoro e talvez um futuro casamento, mas a única coisa que nós dois já admitimos é que essa era a ideia mais ridícula de todos os tempos. Nós dois sempre acreditamos que pode existir amizade entre homens e mulheres sem reais segundas intenções e eu lembro de essa ser uma das razões de eu ter achado ele tão legal no começo, o fato de eu poder estar confortável do lado dele sem me preocupar em levar cantadas idiotas. Os outro s dois eram caras bem legais, me tratavam realmente como se eu fosse a irmã deles também, como se isso mostrasse que eles gostavam de mim e que me tratavam assim como forma de respeito. Eu me sentia querida e amada, mas no fundo eu tinha um pequeno problema com isso. Eu gostava do jeito que eles eram comigo, só queria que o Connor me amasse de outro jeito. Esse sentimento de que eu gosto dele muito mais do tipo que quer fingir ver filmes enquanto beija ao invés de realmente assistir sempre existiu dentro de mim. Foi automático, desde a primeira vez que os meus olhos olharam diretamente para os dele. Tudo foi ficando cada vez mais intenso quando ele passou a vir aqui em casa quase todos os dias e eu pude conviver com ele um pouco mais a cada da que passava. Eram esses os momentos que me faziam ter a total certeza de que não existia mais ninguém no mundo que meus olhos quisessem enxergar a não ser ele. E não é que eu não tenha tentado algumas vezes, eu sempre soube que ele não sentia o mesmo por mim então nos raros momentos que eu não sonhava acordada ou dormindo com ele, eu me forçava a tentar ver as coisas ao meu redor de uma forma diferente. Nunca deu certo. Era só eu escutar a voz dele de longe ou só lembrar da forma que eu ficava presa na boca dele enquanto ele sorria que o resto do mundo todo sumia ao meu redor. Tipo agora, que eu estou aqui pensando sobre o assunto, encarando a parede como uma pateta, esperando uma resposta que eu não vou receber. Mas acho que no fim das contas é como algumas pessoas dizem, tem amores que nem mesmo o tempo pode fazer o milagre de apagar. As únicas pessoas que sabem o quanto eu gosto dele são o Brad e o James, mas acho que com a convivência Tristan já deve desconfiar também. E hoje seria mais um dia da minha eterna saga de "babar ovo com sucesso", sendo que tudo começaria quando ele chegasse para a nossa típica noites de filmes e jogos. Como sempre fazíamos nessas noites, eles dormiriam aqui. Acabo soltando um suspiro lento e meio sofrido quando eu percebo que às vezes posso ficar com cara de patética pensando nessas coisas sozinha assim e balanço a cabeça. Minha casa ia virar hotel em alguns instantes e eu precisava me concentrar na realidade.
- Precisa de ajuda ou já fez tudo sozinha?- James me pergunta, entrando na cozinha e eu o olhei, dando de ombros.
- Quase tudo, só falta os salgadinhos e levar essas coisas todas para a sala, se puder fazer isso seria legal. - Dou um sorrisinho
- Tudo bem - Ele se encaminhou para o armário e começou a fazer o que eu pedi - Estamos tentando achar um outro lugar para ensaiar, um maior e que dê todo o material sem que a gente tenha que tirar tudo depois por causa dos carros.
isso por um lado seria um alivio para os meus nervos que muitas vezes sofrem com a minha ansiedade, mas também seria um pouco triste quando eu penso que posso perder a chance de ver os meninos todos os dias. Dou prioridade ao meu coração, afinal sentir ansiedade nos dias de hoje não é o que todo mundo sente?
- Hum... legal. Quando acharem o lugar, vou continuar a poder ver os ensaios? - Tento olhar para algum outro ponto e fingir que estou fazendo alguma coisa de útil com as mãos para que ele não possa ler a verdadeira pergunta em minha cabeça , que seria " Vai tirar ele de mim?" . Uma pergunta ridícula, tenho consciência.
- Se aprender a se controlar mais, então, sim. - Ele riu. aparentemente minha voz não fez o favor de colaborar com a minha atuação e eu o encarei, tentando me fazer de confusa.
- Acho que eu não entendi.
- Você baba muito na presença de certas pessoas. - Ele deu um sorrisinho misturado com uma risada que veio logo depois. Odeio que as pessoas percebam. Se eu passo isso para todo mundo então tem enormes chances de ele também perceber e isso seria algo bem parecido com a morte causada por ataque de vergonha.
- Idiota - Revirei os olhos - Para a sua informação, eu já estou superando!
- Não me diga- Ele disse, com descrença na voz - Acho que já ouvi isso antes e até agora tudo o que vejo é nada sobre nada. Zero progressos para você, irmãzinha.
- Agora eu sinto que é mais sério do que das outras vezes. Acho que agora realmente cansei de sofrer. Cada dia um pouco menos....
- Se você diz, eu finjo que acredito. - Ele termina de fazer as coisas que estava fazendo - não posso descrever o que era exatamente porque não prestei atenção- e pega o restante, indo em direção a sala. Suspirei olhando minhas mãos. No fundo eu sabia que ele tinha razão, mas eu também sabia que isso tinha que acabar algum dia, nem que seja mesmo por vias drásticas. Não é justo comigo. A porta de casa bateu e por um instante eu pensei que pudesse ser o Brad, mas assim que o vento soprou e eu senti o perfume soube que não poderia ser ele. Esse perfume pertence, sim, a um deles, mas ele tinha olhos azuis. Escutei da cozinha que ele e James estavam conversando sobre alguma coisa, como não era do meu interesse fiquei na cozinha mesmo. Só pensei em sair de lá quando escutei a risada dele mais próxima de mim, porém, antes que eu pudesse sair ele entrou na cozinha e sorriu para mim. Desgraçado do sorriso bonito. Desgraçado do sorriso bonito que eu não consigo parar de olhar enquanto sorri.
- Oi, Liz! - Ele se escorou no balcão ao meu lado e eu me forcei a olhar de volta para as minhas mãos quando respondi em voz baixa
- Oi... - Foi o que deu para sair da minha garganta no momento, a chegada dele me pegou de surpresa.
- Tá tudo bem? você parece que tá meio desanimada hoje. - Pude ver pelo canto dos olhos que ele estava virado completamente para mim agora. Se eu me virasse de frente agora também estaríamos tão perto que eu poderia usar a desculpa de qualquer vento que passasse só pra me jogar nos braços dele um pouquinho.
- Tá, tá sim. Só to pensando em algumas coisa - Balanço a cabeça e coloco o melhor sorriso de todos os meus falsos sorrisos nos lábios, tomando coragem, o olhando - E você, como tá?
- Agora melhorou - Ele riu, claramente se referindo ao meu sorriso - Muito bem, obrigado.
Assenti porque não tinha mais nada para dizer. Só que o silêncio se tornou meio esquisito e quando eu olhei para a sala vi que o James não estava mais lá, deve ter ido buscar alguma coisa no andar de cima.
- Ele foi pegar os filmes, disse que estavam no quarto dele.- Connor comentou como se pudesse ler a minha mente, mas só tinha observado para onde eu estava olhando e tirado a conclusão.
- Ah sim... Pensei que vinha junto com os meninos.
- Eles disseram que vão se atrasar um pouco. Falaram que tinham que resolver algumas coisas, resumindo, foram ver alguma garota por ai. - Ele riu.
- E você... Por que não foi junto com eles ? - Eu nunca sei se fazer todas as perguntas que passam pela minha cabeça é uma boa ideia ou não, mas na maioria das vezes eu sempre acabo fazendo e só percebo que não pensei antes de falar quando minha boca já esta fechada de novo.
- Não estava afim, já saí com alguém ontem e hoje eu quis uma folga para curtir com vocês e ter uma noite de paz. - A resposta doeu, mas eu mereci sentir isso porque fui besta o bastante para perguntar.
- Vem, vamos pra sala. - Virei rápido para esconder a decepção no meu rosto, ele me seguiu até o sofá e nos sentamos. Ele se esticou para pegar alguns salgadinhos e eu abracei uma almofada, olhando para a frente. Silêncio estranho de novo. E eu duvido muito que meu irmão precise de todo esse tempo para achar alguns DVD´S. Esse filho da mãe ainda ia me pagar muito caro por isso mais tarde. Mais uma vez foi ele quem quebrou o silêncio.
- Fiquei sabendo de algumas novidades.- Ele ficou um pouco mais sério do que o normal então o olhei, esperando que ele continuasse, mas ele não falou nada então tive que perguntar.
- Quais novidades?
- Soube que talvez você receba algumas flores no primeiro dia de aula .
Eu ri. Alto.
- Só se for do meu pai, me cumprimentando por ter sobrevivido ao primeiro ano do médio sem muitas sequelas mentais. - Soltei mais uma risada.
- Não, na verdade, estão dizendo por aí que você anda conquistando alguns corações pelos corredores. - Ele ainda mantém o tom de voz bem sério. O estranho é que algum tempo atrás eu poderia entender essa seriedade de uma forma bem ilusória e completamente diferente do que de fato ela é. Acho que consegui, sim, alguns avanços comigo mesma afinal. Hoje eu sei que esse tom mais sério nada mais é do que o tom que eu poderia reconhecer no próprio James, se fosse ele sentado ao meu lado e me dizendo isso agora. Balanço a cabeça, negando e solto mais uma risada.
- Você acredita em cada coisa, Connor. Se eu não te conhecesse tão bem, poderia jurar de pés juntos a favor da sua inocência em qualquer acusação de travessura que levasse o seu nome, só por esse ato de menino ingênuo.
- É verdade! - Ele deu de ombros - Você atraí muitos olhares por aí.
" Não os seus olhares" . Pensei e revirei os olhos, me mantendo calada. O fato é, existem mais de duas Elizabeth na escola, isso só na minha contagem. Alguma delas pode mesmo receber flores e olhares amanhã, só que nenhuma delas seria eu. Também não é que eu não seja capaz de ganhar flores e ser atraente aos olhares alheios, eu sei de cada uma das qualidades e defeitos que eu possuo, mas se fosse eu a ganhar flores amanhã eu já teria conhecimento disso. Ou , pelo menos, já teria conhecimento disso antes do Connor. Depois de alguns minutos, que pareceram o enterro da rainha de tão silencioso e demorado, os meninos chegaram e James desceu finalmente com os filmes na mão.
- Quais foram as pobres vítimas da vez? - Perguntei, rindo assim que eles se acomodaram e eu pude ter uma visão melhor dos dois ao mesmo tempo.
- Nada demais, um cavalheiro nunca revela. - Tristan respondeu com um sorriso malicioso, enquanto piscava pra mim.
- E desde quando você é um?! - Perguntei, tentando parecer uma pessoa com sérias provas do contrário, mas um sorriso acabou saindo dos meus lábios. Eram todos bons garotos, isso eu jamais poderia contestar.
- Desde de sempre, minha cara Elizabeth, apenas guardo meus dotes para quem merece. - Ele me devolve a resposta com um sorriso também. Tristan é o que tem sempre as respostas mais certas para cada ocasião e para cada provocação minha.
- Nesse caso, me sinto honrada pela minha falta de merecimento - Dou uma risada, enquanto ele da de ombros. Ele sabe que eu concordo que a pessoa que merecer a atenção dele sempre será eternamente sortuda.
- Como quiser.
- E você? - Me virei para olhar o Brad, que tinha se sentado do meu lado e encostado a cabeça no meu ombro
- Eu sou um santo! - Ele respondeu com um sorriso fofo
- Mas nem de longe! - Eu disse, retribuindo o sorriso, só que o meu não era nada fofo. Ele apenas respondeu com uma risada
- Você me conhece bem.
- Melhor do que qualquer pessoa.
- Já coloquei o filme. Já dei o play. Calem as bocas. - James disse e sentou no outro sofá. Todos nós começamos a prestar atenção no filme. Connor e Brad estavam dividindo o espaço do meu colo com suas cabeças, deitados no sofá e eu fazia cafuné, um velho esquema compartilhado entre a gente. Mas hoje eu não estava muito afim de prestar atenção no filme então encostei a cabeça no sofá e fiquei pensando em outras coisas, me distraindo um pouco. Quando dei por mim, o filme já tinha acabado e eles já estavam arrumando a sala para jogarmos Verdade ou desafio.
Um jogo que considero maldito e que só serve para atrair discórdia, mas que todo mundo gosta e por isso nunca sai de moda.
-Gente, isso não vai ter graça nenhuma, vocês vão me fazer sofrer nos desafios e não vai ter ninguém para me defender. - Eu disse, enquanto Tristan já estava girando a garrafa. Como a única menina no grupo, eles não seriam legais em me dar vantagem em pegar leve comigo. Pelo contrário, o fato de eu estar sozinha aqui com eles deve fazer de mim a pior das vítimas em todas as chances que eles puderem aproveitar.
- Essa é a graça.- Brad disse com um sorriso encantador nos lábios. Se eu não soubesse que na verdade por trás desse sorriso se esconde a maldade.... A ignorância às vezes pode ser uma alento para o coração.
- Vocês são criaturas más! - Falei observando a garrafa parar em Tristan com a outra ponta virada para Connor.
- Verdade ou desafio? - Tristan perguntou
- Desafio. - Connor respondeu.
Tristan olhou para mim e depois de novo para Connor. E eu tive a leve impressão de que eu ia me foder muito, tanto que senti completamente meu corpo gelar. Ele olhou mais uma vez para mim e sorriu.
Sorriu diabolicamente.
- Certo, já que escolheu desafio eu te desafio a enfiar a língua na boquinha de alguém aqui.
Ufa! Soltei o ar, uma pessoa não era necessariamente eu. Ainda tinha mais três opções. Somos jovens, somos pessoas boas e com zero preconceitos e premissas ultrapassadas. Com toda certeza ele pode escolher um dos meninos e fazer desse dia uma doce e cativante memória dos tempos de juventude dele.
- Sempre achei que você queria um beijo meu. - Connor riu
- Eu não conto - Ele balançou a cabeça, negando. - Então na minha boquinha linda você não encosta.
- Mas você disse "alguém" e você é alguém! - Eu disse, devolvendo o sorriso diabólico dele.
- Mas eu que fiz o desafio e quem desafia não pode ser parte do desafio, sempre foi assim. - Meu sorriso se apagou, então percebi que todos olhavam para mim, inclusive Connor. O desafio ainda não tinha sido cumprido, o que significava que os olhares na minha direção só podiam ser o pior. Como eu disse, nunca sei quando devo ficar calada e acabo perdendo a deixa de me safar das confusões.
- Não! - Eu disse o mais firme que pude. Agora que eu entendi o quanto sorriso diabólico do Tris pode ser realmente uma armação diabólica. É claro que Connor iria escolher a única menina da sala, indo totalmente contra todo o discurso que eu tinha feito agora pouco na minha cabeça. Tristan era realmente um cara do mal.
- Ah vamos, é só um jogo então não vai ser nada demais. - Tristan ainda insistia e ia me pagar algum dia por isso. Não sei quando e nem como, porque precisa ser uma boa, muito boa vingança, mas um dia ele ainda me paga! Eu juro!
Não importa que seja um jogo e não importa que para o Connor não passasse disso. Isso era importante pra mim. Seria tudo o que eu sempre quis, mas não desse jeito.
- Pode escolher um dos meninos então! - Eu falei, continuar tentando fugir seria a minha única opção. Ao que parece eu seria vencida no senso de que "não é não" dentro do Verdade ou Desafio.
- Vai, não seja chata. - Ele disse já vindo pra cima de mim e antes que eu corresse dali a mão dele já estava na minha nuca e a boca dele já estava grudada na minha. Eu fiquei totalmente sem reação e de olhos arregalados. Literalmente eu não sabia mesmo o que fazer nessa situação. Ele tentou pedir passagem com a língua e eu arregalei ainda mais os olhos. Ele desistiu quando percebeu que eu não abri a boca e que também não ia abrir depois. Foi quando ele viu - e com toda a certeza ele viu porque não tinha como não ver o meu estado agora - que eu estava tão dura e imóvel quanto uma própria pedra na frente dele. Ele se afastou um pouco de mim, o suficiente só para que houvesse um pequeno espaço entre nossas bocas, por onde eu não sei se passava ar de tanta tensão que eu sentia saindo de mim. E foi aí eu tive certeza de que eu estava mais branca que um fantasma.
- Espera aí... - Ele disse tentando segurar o riso, mas não conseguiu e acabou rindo. A constatação era óbvia. Ninguém fica desse jeito se sabe o que fazer. Ninguém fica desse jeito se já tiver feito isso antes, mesmo que tenha sido uma surpresa e mesmo que seja parte de um jogo idiota. Quem sabe o que fazer apenas sabe, se colocando em um lugar completamente diferente de quem não sabe o que fazer. Eu não sabia. Esse que era o meu terrível lugar agora. Então de pálida eu passei a tomate - Você não sabe beijar. Isso foi o seu primeiro beijo?!
- Mas que droga, Connor! - Empurrei ele, que caiu de bunda no chão já que ele tinha ficado de joelhos de quando tinha vindo me beijar e saí correndo, me trancando no quarto. Que vergonha, meu Deus! Eu vou ser a eterna pateta que não sabe beijar agora! Foi isso, meu primeiro beijo. Não me importa que para muita gente tenha sido tarde, a boca é minha e eu posso decidir quando for a hora de ela beijar alguém ou não. Meu primeiro beijo tinha sido com cara mais lindo de todos. O cara que eu gosto de um jeito que nunca gostei de mais ninguém até hoje. E é claro, o cara que riu de mim porque eu não sei beijar. Foi com quem eu queria, mas também foi por causa de um estúpido jogo de Verdade ou Desafio. E tinha sido horrível! Ele foi um babaca comigo e riu da minha cara como se só a exposição cruel que eu estava passando ali não fosse o bastante. São nesses momentos que conhecemos as pessoas de verdade a nossa volta, quando elas tem a chance de fazer escolhas que podem mudar de maneira boa ou ruim a vida de outras pessoas. Ele tinha uma escolha. Connor podia ter percebido mas também poderia ter escolhido ficar calado e levar o jogo adiante só com a vergonha que eu já estava passando sem ter que elevar as coisas para um nível ainda pior. Me joguei na cama e comecei a chorar. Um choro que é um misto de raiva, tristeza e decepção. Eu me sinto realmente exposta. Por mais infantil que possa parecer para algumas pessoas pelo fato de ter sido "só" um jogo, as minhas escolhas ainda são minhas escolhas e a minha boca faz parte do meu corpo e das minhas escolhas do que fazer e quando fazer com ela. Quebra um pouco e de uma forma bem doída o coração quando percebemos que as pessoas que mais amamos também erram e podem se mostrar de uma forma completamente diferente do que sempre se mostraram. E quebra mais ainda quando todos os outros que estavam naquela sala poderiam ter deixado isso do beijo para lá quando eu apenas disse "não". Até mesmo James, que eu sempre acho ser o primeiro a correr em minha defesa, mesmo quando eu estou errada, não conseguiu fazer nada. De todas as coisas que algum dia eu já tinha tido certeza na vida, ter como essa a lembrança do meu último dia das férias não era uma delas.
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Kiss me, my lovely drama
FanfictionElizabeth McVey tinha certeza sobre algumas coisas em sua vida. A primeira, é que ela tinha sorte. Ela tinha uma família linda, um irmão mais velho maravilhoso e um melhor amigo que muitas pessoas gostariam de ter. A segunda, é que ela tinha um...