Parece um sonho. É como se eu pudesse correr para todos os lados possíveis e ainda sim não chegar a lugar nenhum. E é como pode enxergar a luz no fim da cada direção, mas nunca conseguir alcançar. Não sei se faz sentido, ou se é mesmo para fazer sentido, mas as pessoas não dizem que até um relógio parado está certo duas vezes ao dia?! Estando certo ou não, ainda é como se eu estivesse presa no mesmo lugar e tivesse desistido de tentar saber onde é o lugar.
Só que ao abrir os olhos, da forma mais lenta que uma pessoa pode fazer, eu vejo que sei onde é lugar. Só não tenho mais tanta certeza de que vou querer continuar nele quando tiver forças para fazer alguma coisa além de piscar.
- Ah ainda bem que você acordou!... - Uma mistura de voz falha com alívio bem perto de mim. Connor. Os olhos avermelhados é a última coisa do rosto dele que eu vejo antes de ele me abraçar. Então é assim que é? É assim que o desespero funciona? Claro que eu sei como eu fico no desespero, mas cada pessoa reage de uma maneira diferente, e é interessante de certo modo ver como as pessoas que te amam ficam quando você está em perigo. - Eu cheguei e te encontrei desacordada na entrada de casa... Você estava toda molhada e muito gelada.. eu tive vontade de te levar pro médico mas achei que era melhor eu te aquecer primeiro... Eu só ... Só .. - Ele me apertou ainda mais e eu olhei a manta em volta de mim. É uma manta com carneirinhos, provavelmente fica aqui desde quando ele era criança, mas não que isso seja relevante agora. Afasto um pouco o rosto de seu peito para poder olhar no rosto dele e dou um selinho demorado. Connor me abraça de novo, e eu só fico parada. Não acho que tenha muito mais que possa fazer, se eu tentar falar talvez eu chore , ou simplesmente não diga nada de útil porque pra ser sincera nem eu sei explicar o que aconteceu. E mesmo se eu soubesse explicar, não sei se me faria bem agora, se o que dizem de maldade atrair mais maldade for verdade, então é melhor que eu não abra a boca até estar em uma delegacia. Só deixar o rosto no pescoço do Connor, me sentir segura e aquecida é o que basta pra mim agora.
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- Você sabe que essa semana vai ser apertada pra mim, não sabe? Mas mesmo assim se precisar de qualquer coisa eu saio voando daqui
- Eu vou ficar bem, Connor, acredite em mim - Rio e coloco o celular no viva-voz - Só aproveite seus ensaios, eu sei que vai ser um bom evento e uma ótima forma de iniciar as férias ouvindo vocês tocarem na noite dos fogos.
- Eu sei que sim , mas você sabe como é, ainda temos aquele louco por ai atras de vocês
- E ele tem a polícia atrás dele, então estamos todos quites e seguros. Agora apesar de eu adorar falar com você todas as horas do dia, desligue esse celular e volte pro ensaio
- Então você adora falar comigo todas as horas, é? - Balanço a cabeça com tom convencido e feliz dele e sorrio
- Eu preciso terminar de fazer as unhas, agora!
- Tudo bem, tudo bem. Falo com você mais tarde
- Beijinhos. - Desligo o celular e volto a me concentrar as unhas, o que nunca é uma tarefa fácil porque eu nunca consigo ficar parada o tempo suficiente pro esmalte secar e acabo borrando alguma coisa. Sem contar que eu estou tentando fazer as unhas enquanto termino as últimas lições que eu tenho que entregar para a escola.
Sorrio de lado ao pensar nisso. Finalmente as férias estavam tão perto quanto minhas roupas no armário e eu mal posso esperar para curtir com meu adorado namorado. A parte triste é que os pais da Anne decidiram visitar os avós dela, e apesar de ela ter minha casa para ficar durante o verão, ela prefere ir com eles depois de tudo o que aconteceu. Não posso dizer que não entendo, porque eu entendo, mas acho que todos temos aquela partezinha egoísta, que vai contra todos os princípios do bom senso e nos faz querer obrigar o resto do mundo a sucumbir a nossa vontade, e às vezes essa vontadezinha fala bem mais alto. Eu sei que vou ver ela quando as aulas recomeçarem e e que vou ter todo o tempo do mundo depois disso, mas três meses ainda são três meses! É estranho quanto posso estar feliz e triste ao mesmo tempo, minha praticidade sentimental foi totalmente pro espaço esse ano.
Encaro o esmaltes mais uma vez. Preto. Sempre dá certo. Abro o esmalte e começo a pintar as unhas e se eu conseguir não borrar nada dessa vez, posso entender como um recado de bons presságios. O que por um milagre divino, aconteceu!
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Kiss me, my lovely drama
FanficElizabeth McVey tinha certeza sobre algumas coisas em sua vida. A primeira, é que ela tinha sorte. Ela tinha uma família linda, um irmão mais velho maravilhoso e um melhor amigo que muitas pessoas gostariam de ter. A segunda, é que ela tinha um...