lake

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Acontece que dois se passaram, traumas foram reduzidos pela metade quando Anne finalmente enxergou a luz da liberdade no fim do túnel. Mas o fato é que: Eu não me sinto aliviada. Não que fosse eu quem realmente deveria me sentir aliviada, mas eu esperava que fosse ficar, ou pelo menos ficar mais. Porém, a sensação ainda era aquela mesma de dois dias atrás, de que os pesadelos ainda iriam vir por muitas semanas... Connor  me disse diversas vezes que isso era por causa do choque, que quando vivemos uma coisa maluca assim levamos algum tempo para recuperar a noção de normalidade. Mas o problema é que já faz muito tempo que eu perdi essa noção. Desde aquele fim de semana, daquela brincadeira de verdade ou desafio, minha vida saiu de todos os trilhos de normalidade que eu já conheci.
Fiquei com garoto que gosto, fiz novas amizades, briguei diversas vezes com Connor, descobri que uma das minha novas amizades na verdade era a pior pessoa que eu tinha conhecido, e  agora descubro que a banda de garagem do meu irmão passa a diante, e deixa oficialmente de ser uma banda de garagem para uma banda de palcos. James tinha me contado hoje de manhã que ele e os meninos assinaram um contrato fixo com o dono do bar onde tocaram na última vez, e que agora eles iriam se apresentar lá três vezes por semana e em alguns feridos, quando os bares normalmente tem mais lotatividade. Isso era ótimo, eu fiquei imensamente feliz por eles. Era a prova de que o sonho estava mesmo aos poucos se tornando realidade. E era a prova de que nada jamais voltaria ao normal também. E não é que eu fique com medo de mudanças, eu só... não sei mais para onde essas estão me levando. Mas tudo se apaga quando sinto duas mãos em meus ombros, dando início a uma bela massagem.

- Você precisa relaxar, desesperadamente - Escuto a voz de Connor perto do meu ouvido e afirmo

- Preciso, meu querido médico, preciso mesmo

- Eu posso ter o remédio que vai te ajudar nisso - Ele para a massagem e se senta ao meu lado no banco da nossa mesa, no Jardim da escola - Passe esse fim de semana comigo no lago, só nós dois, acho que merecemos isso - Ele sorri de lado, enquanto segura uma das minhas mãos e entrelaça nosso dedos. Eu adoro a sensação das nossas mãos unidas, um dos melhores meios de segurança. Eu me inclino e dou um selinho demorado nele, depois deixo o rosto na curva de seu pescoço e dou um beijo

- É o que eu mais quero no momento, um tempo só pra nós dois... E com certeza nós merecemos isso.

O fim de semana chegou e como o combinado eu e Connor fomos para o lago. Os pais dele tem uma cabana, bem aconchegante e pouco usada (pude perceber isso pelo pouco de poeira que vi nos móveis). Ela tem três quartos muito bem decorados e uma lareira na sala, Que se tornou a minha parte favorita do lugar.

- Se eu tivesse um lugar desses, viria todos os fins de semana- Eu disse quando ele vinha voltando do quarto

- Nós vinhamos muito mais quando éramos crianças, agora depois de tantas coisas pra fazer acabamos esquecendo um pouco daqui - Ele encolhe um pouco os ombros- Infelizmente, eu gostava bastante daqui.

- Bom, agora vai ter novas lembranças, novas lembranças daqui comigo - Passo os braços em volta do pescoço dele e ele da minha cintura, dando um beijo na minha testa

- Foi exatamente por isso que eu te convidei

- Ah foi? - Rio- Pensei que era porque eu precisava relaxar um pouco

- É, isso  também - Ele riu e encostou a testa na minha, me dando um
selinho - Já está com fome?

- Um pouco, mas eu troco a minha fome por mais alguns minutos assim com você - Connor sorri de lado e eu encosto a cabeça em seu peito. A sensação ainda me perseguia, mais pelo menos agora ela parecia menor do que a sensação boa de estar do lado dele. Demorei tanto para consegui ter o que eu tenho hoje, quer dizer, demorou tanto para que esse desejo se  realizasse que cada momento que passamos juntos são os melhores que eu poderia ter

Kiss me, my lovely dramaOnde histórias criam vida. Descubra agora