Por um longo momento não ouvi a voz do doutor e a cena parecia ter congelado. Eu estava indo embora fitando o chão com uma raiva inacreditável, meu peito estava em chamas, meu coração havia se partido em mil pedaços.
- Tudo bem... Tudo bem... - o doutor por fim continuou - Jongin, o que você ver agora? - novamente a cena mudou e agora eu via SunHee com o noivo
- Estou atrás de uma árvore perto de um bosque...
- E por que está se escondendo? Tem alguém perseguindo você?
- Não... Estou observando os dois... SunHee e seu noivo... - meu coração doía, eu queria matá-lo naquele momento, mas o sorriso dela me impediu. Por mais que eu não fosse o motivo daquele sorriso, eu não podia deixá-la sofrendo pela morte dele. Ela o amava agora. Virei minhas costas e apenas corri até minha casa, eu queria gritar, eu queria arrancar meu coração, mas aquilo era impossível, então apenas comecei a planejar. Eu teria que da um jeito, ela teria que me amar novamente. Peguei uma garrafa de vinho e comecei a virar loucamente em minha garganta, cada fole me deixava ainda com mais raiva, cada gole me fazia querer destruir aquela felicidade. Eu estava com inveja, inveja daquele amor que me pertencia e quando estava bêbado o suficiente, uma ideia louca surgiu em minha cabeça - Eu vou matá-la... - sussurrei
[...]
Armei por cada segundo aquele plano. No dia do meu casamento eu iria fingir esta morta e assim fugiria com meu amado. Eu não amava o rapaz com quem iria me casar, mas ele estava se esforçando para me fazer feliz, chegava a ser adorável e ao longo da semana que se passou realmente comecei a sentir um apreço por aquele garoto, estava realmente começando a gostar dele, mas não era amor de homem e mulher, era só um carinho por um amigo que tentava ser gentil. Ouvi o voz do doutor em meio aquelas memórias que não pertenciam aquela vida
- SunHee, agora quero que me conte exatamente onde está e o que está se passando - ele disse e a cena se posicionou diante de mim. Eu e o rapaz estávamos conversando num bosque e conversávamos sobre tudo
- Estamos num bosque. Eu e o meu noivo. Ele está preste a me contar uma coisa...
- "Eu gosto de rapazes, SunHee" - repeti as exatas palavras dele e ao ouvi aquilo comecei a gargalhar desesperadamente, eu não precisava me preocupar com aquele casamento, aquele garoto podia me entender - "E eu amo o Dong-Yul, amo-o desde sempre e creio que isso nunca mudará" disse isso para ele e agora ele ria e disse que me ajudaria com meu plano maluco de fingir esta morta - dizia tudo o que via em minha memória- Ótimo, ótimo... Agora vamos acelerar até um pouco antes do casamento. Dong-Yul, me conte onde está? - não demorou até ouvi a voz de Jongin contando sua versão das memórias
- Eu estou escondido na floresta, completamente bêbado e sinto uma raiva enorme... Consigo ver a cerimônia de casamento começando... Ela está no altar agora e ela continua a sorrir, mas o sorriso ainda não é meu, respirei fundo e posicionei minha adaga em minha mão afim de mato-lo e em seguida fazer-lhe o mesmo... Estou indo em direção aos dois... Estou muito próximo... Não pensei duas vezes e cortei a garganta do garoto que tombou para frente sobre ela... Seu vestido está manchado de vermelho, ela está desesperada... Eu realmente perdi seu amor...
- Está tudo bem... Agora quero que abram seus olhos... - o doutor disse nos fazendo acordar do transe, nossas mãos ainda estavam unidas, olhei para Jongin que ainda parecia desnorteado com tudo aquilo, mas mesmo assim ele não soltou nossos dedos - Agora vocês sabem todo o motivo. Foi tudo uma mal entendido. Dong-Yul viu algo que não era real. SunHee mentiu sobre algo que também não era real. A única maneira dessa dor parar é vocês se perdoarem nessa vida. Infelizmente, eu não posso mais ajudá-los -ouvir aquilo era como um baque, teríamos agora que arrumar um jeito de nos perdoar nessa vida, mas como? Jongin respirou fundo e se levantou do sofá junto comigo
- Obrigado por sua imensa ajuda, doutor - ele se curvou brevemente e logo saímos da sala. O garoto parecia não ter palavras depois de saber de tudo aquilo, mas eu também não sabia o que dizer. Meu peito ainda doía e eu não sabia como achar esse "perdão".