CAPÍTULO SEIS

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VINÍCIUS

A cena não poderia ser pior. Quando eu pensava que o Luís Gabriel não podia ser mais imbecil, o rapaz ia lá e se superava. 

Ele se colocou de pé logo que viu a Anna Júlia se aproximar, mas cambaleou para o lado e quase voltou para o chão. Uma lástima que uma das pessoas da "plateia" tenha lhe segurado. 

— Anna! — o Luís chamou e abriu os braços, ainda sem notar que ela tinha companhia. — Fala comigo, Anna!

— Estou aqui, Luís. — ela murmurou, claramente constrangida. O Cadu deu alguns passos à frente e os olhos do Luís Gabriel vieram de encontro a mim.

Talvez eu devesse sorrir e acenar?

— Dá pra desligar esse troço? — o Carlos Eduardo pediu ao motorista do carro de mensagens. Ele o olhou com pouco caso e logo a música cessou. 

Percebi que um dos amigos do Luís Gabriel estava por ali também. Luan? Ryan? Ivan? Tanto faz, ninguém se importava. Um babaca aí.

— Porra, Anna Júlia! Você trouxe esse cara? — o Luís Gabriel apontou na minha direção. Então sim, sorri e acenei.

— Não começa, Luís! — ela o alertou. Depois, olhou em direção ao irmão. — Me ajuda a subir com ele, por favor.

— Que? — soltei uma risada incrédula e o Cadu fez o mesmo.

— Nem a pau, Anna Júlia! — ele disse.

— Não tem como conversar com o Luís agora, e eu não quero atrair mais público. — a Anna se explicou, dando ênfase nas duas últimas palavras enquanto encarava o Luís Gabriel com certa irritação.

— Você está brava comigo? — o Luís choramingou. Esse cara poderia ser ator!

— Estou! Muito! — a Anna Júlia disse, soando ríspida. 

— Bom... Chega desse drama, que na minha opinião nem vale o motivo do esforço. Eu vou nessa! — o amigo dele informou, mas ninguém deu a mínima.

O Cadu murmurou alguma coisa e passou um dos seus braços pelo tronco do Luís Gabriel, erguendo-o com brutalidade.

— Não vai ajudar? — a Cacau provocou e eu a encarei.

— Por mim ele poderia subir se arrastando.

Ela riu, divertindo-se. Eu não.

Eu sabia que algo do tipo aconteceria. O Luís Gabriel sempre fazia algum show de reconciliação, quando agia feito um babaca com a Anna Júlia. Ou seja, quase sempre. Eu estava com tanto sono acumulado que me arrependi de não ter ficado em casa na noite anterior. Soma-se isso ao fato de que eu estava com uma ressaca moral enorme, pela forma como me comportei com a Anna.

O que eu tinha na cabeça, afinal?

Parei de andar assim que a porta do elevador abriu. O Luís me encarou com raiva e apontou na minha direção, preparando-se para falar mais bosta. Talvez não fosse de todo ruim, caso o elevador entrasse em movimento enquanto o Luís estivesse...

Balancei a cabeça e afastei o pensamento antes mesmo dele se formar por inteiro. Meu papel era salvar vidas, não planejar mortes. 

Dizem Por Aí I Degustação | Completo na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora