CAPÍTULO TRÊS

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ANNA JÚLIA

Não notei quando o Vinícius foi embora, pois acabei pegando no sono e só despertei no início da noite, com o meu celular tocando. 

Era o Luís Gabriel, é claro.

Bufei com impaciência, mas decidi que era hora de atendê-lo e terminar com aquele desentendimento chato entre nós. É claro que ele esperneou, disse que eu havia agido muito mal e tudo o mais, mas depois pareceu se acalmar e me convidou para curtir a noite e sairmos para comer algo.

Arrastei-me para fora do quarto e vi a Cacau jogada no sofá da sala, mexendo no seu celular.

— Nossa, finalmente! — ela riu. — Você e o Vini hibernaram, hein?

— Ele já foi? — bocejei e notei que o meu irmão estava no banho.

— Já sim. Foi faz pouco tempo, mas nós estamos pensando em sair. Eu, seu irmão e o Vini.

— É, o Luís acabou de me ligar também. — eu comentei e me pus a pensar. 

Bom... Era noite de sábado numa cidade pequena, o que queria dizer que...

— Me deixa adivinhar... — a Cacau estreitou os olhos. — Vocês vão para o Point?

Balancei a cabeça em confirmação, já imaginando a confusão que daria. O Point era o único lugar legal e divertido para se ir num sábado a noite, mas eu sabia que o Luís faria um show caso desse de cara com o Vinícius por lá, especialmente depois da discussão que tivemos. Notando a minha expressão, a Cacau riu.

— Ah, Anna... Vamos combinar que o lugar é grande e que o Luís não precisa nem respirar o mesmo ar que o Vini, né?

— O Cadu te contou?

Eu estava me referindo ao caos que o Luís causou pela manhã.

— Contou sim. — a Cacau concordou, mas não tocou no assunto. 

De todo o modo, a Cláudia tinha razão. O Luís não podia proibir ninguém de frequentar os mesmos lugares que a gente, especialmente quando não se tinha muitas opções. 

Coloquei o assunto em dia com a minha amiga, enquanto esperava o meu irmão sair do banho, e por volta das oito da noite o Luís passou para me pegar. Apesar da minha chateação, eu precisava admitir que ele estava lindo: os cabelos loiros estavam molhados e a camisa verde destacava ainda mais os seus olhos, que eram da mesma cor. 

Trocamos um beijo rápido, ele reclamou sobre a minha roupa (como de praxe) e nós seguimos em direção ao Point, enquanto uns amigos do Luís conversavam no banco de trás. Eu nunca fui muito de implicar, mas alguns amigos dele eram simplesmente um porre. O Ivan era um. Sempre percebi a forma como ele me olhava de um jeito desrespeitoso, mas, ao que tudo indicava, a implicância do Luís em relação à isso era bem seletiva.

Nós encontramos uma mesa livre e eu bufei assim que o Luís começou a beber.

— Qual é o problema, princesa? — ele me olhou.

— Nada, só vai com calma.

— Uh, você ouviu a chefia, cachorrinho! Vá devagar! — o Ivan riu e eu o encarei com tédio.

— Cala a boca, vai!

Sempre que o Luís passava dos limites na bebida, nós acabávamos brigando por qualquer bobagem. Sempre mesmo. E ele ficava bem mais implicante e indiscreto com o álcool correndo nas suas veias. 

Os meninos engataram uma conversa sobre a faculdade e não muito depois a Laura, namorada de um dos rapazes, chegou e se juntou a nós. Seus cabelos crespos estavam presos numa trança afro super estilosa e o batom vinho, sempre presente, era sua marca registrada. Ela era bem legal e namorava o Fábio, que, de todos os amigos do Luís, era o mais gente boa. Estava conversando com ela sobre qualquer coisa quando, de repente, o Luís resmungou. Eu nem precisei olhar para saber o motivo.

Dizem Por Aí I Degustação | Completo na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora