CAPÍTULO NOVE

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ANNA JÚLIA

Eu aguardava a chegada do Vinícius e rolava o feed do Instagram, quando me deparei com uma foto do Luís Gabriel abraçando uma loira e uma ruiva, com uma lata de cerveja na mão e sorrindo no que, provavelmente, era uma dessas festas particulares.

Não vou mentir e dizer que não fiquei afetada, afinal de contas, menos de uma semana após o nosso término conturbado as coisas já estavam assim para ele. Quer dizer... Mulheres e festas!

Minha reação seguinte consistiu em deixar de segui-lo. Eu estava bem surpresa dele mesmo ainda não ter feito isso, pois, todas as vezes em que "terminávamos", o Luís Gabriel me deletava e me bloqueava das redes sociais mais do que imediatamente. Se bem que talvez o seu objetivo fosse exatamente esse: que eu o visse todo feliz e despreocupado.

Soltei uma risada indignada e o meu celular apitou, indicando a chegada de uma foto via Whatsapp. Cliquei para carregá-la e uma imagem do Vinícius, com duas barras de chocolate, algumas guloseimas e... Doritos!, surgiu na tela.

"Munição para a viagem, sou o melhor amigo do mundo. Estou mais do que liberado, posso te buscar?"

"Você é mais do que um melhor amigo, Vinícius Velasco! Você é um AMOR! Quer dizer... Doritos!!!!!"

"Prescrições médicas para sobreviver a muitas horas de viagem, mas não conte para ninguém"

"Seu segredo está guardado! E sim, pode me buscar"

O Vinícius apareceu na minha porta menos de dez minutos depois, soltando uma risada ao notar a minha mala, a mochila nas minhas costas e a bolsa na minha mão.

— Tá indo morar fora?

— Não, engraçadinho! Saiba que na bolsa de mão estão os itens de higiene pessoal e na mochila estão as coisas básicas das quais eu posso precisar durante o trajeto: documentos, carregador de celular, minha máscara de repouso...

— Máscara de repouso? — o Vinícius riu outra vez, enquanto pegava a minha mala e fingia estar espantado com o peso. — Como se você fosse dormir!

— E eu não vou?

— São dez horas da noite. — ele levantou o indicador enquanto eu trancava a porta do apartamento. — Deixo você descansar por duas horas, pode ser? Depois disso eu preciso das suas táticas de distração, ou eu é quem vou dormir ao volante.

— Tudo bem, posso ficar constantemente perguntando se nós já estamos chegando. Quer ver só? Estamos chegando?

— É melhor do que nada. — o Vinícius riu e me deu passagem para o elevador. Cruzei os braços e o encarei enquanto descíamos. — Que foi?

— É que você não me respondeu. Estamos chegando?

— Não.

— E agora? Estamos chegando?

— ...

— Hein? — cutuquei seu braço. — Estamos?

— Meu Deus.

Continuei lhe importunando enquanto seguíamos até o carro, até o Vinícius se irritar comigo e ameaçar me jogar no porta-malas.

— Você também, hein? Não tem um pingo de senso de humor, credo! — me queixei enquanto ria. — Eu só queria saber se estamos chegando... A propósito, estamos?

— Quer saber? Pode dormir a viagem inteira se tu quiser. — o Vinícius disse.

Dei risada e liguei o rádio assim que nós colocamos o cinto de segurança, checando as músicas do pen drive do Vini.

Dizem Por Aí I Degustação | Completo na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora