CAPÍTULO OITO

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VINÍCIUS

O início da semana, como de praxe, foi correria. A rotina dos estudos e dos testes me deixava ocupado e morto de cansaço, afinal, universitário nem é gente, é morto-vivo.

Curiosamente, a Anna Júlia não havia falado comigo, então na terça-feira a noite eu decidi lhe mandar uma mensagem:

"Oi! Nossa viagem tá de pé?"

Esperei, mas ela não me respondeu de imediato e eu deduzi que era porque estava trabalhando. Apoiei o rosto na mão enquanto o professor falava. Eu estava num daqueles momentos em que os olhos criam vontade própria e ameaçam fechar. Pesquei por um segundo e a Mariana, uma colega de turma, se inclinou sobre a minha mesa e perguntou:

— Ei, Vini? O Luís está solteiro?

Olhei para ela com desinteresse. Péssima escolha de assunto.

— Não sei, por que eu saberia?

— Porque você é amigo daquela namorada dele, como é mesmo o nome da menina? — a Mariana parou para pensar, mas logo deu de ombros. — Enfim, não importa! É que ele beijou uma amiga minha ontem e eu queria muito saber se ele está solteiro, porque ela não quer confusão com mulher de ninguém, né?

— Eu realmente não sei. — balancei a cabeça, confuso porque ou o Luís Gabriel estava colocando uma galhada na Anna, ou eles tinham terminado e eu não sabia. Se bem que as idas e vindas dos dois não eram um evento tão grandioso assim, já que aconteciam pelo menos uma vez ao mês.

A Mariana me olhou com insatisfação, afinal de contas, eu não lhe cedi a informação que desejava. Em minha defesa, eu não era fiscal de vida alheia.

Meu celular vibrou e era a Anna Júlia:

"É, eu acho que sim. Você me busca amanhã?"

— Então... — a Mariana pigarreou. Levantei os olhos da tela do celular e a encarei outra vez. Ela jogou os longos cabelos loiros e cacheados para o lado e se inclinou ainda mais na minha direção, de forma que todo o seu decote ficou exposto. — O que pretende fazer no feriado?

Ouvi quando o Júnior, um colega do curso, abafou um riso.

— Vou viajar para a casa da minha mãe. — falei. A Mariana fez bico e enrolou uma mecha do seu cabelo com o indicador.

— Hum. É muito longe? Você nunca me contou sobre a sua cidade...

— Ah, é. É longe sim. — assenti e voltei a atenção para o celular, digitando uma mensagem como resposta:

"Com certeza, amanhã depois do seu expediente. Quer carona para a casa hoje? Posso te buscar"

Dessa vez, a Anna Júlia nem demorou a replicar:

"Não quero incomodar, mas já que você insistiu..."

Sorri com a resposta e a Mariana tornou a falar:

— Já entendi. — ela riu e eu franzi o cenho. Nem tinha percebido que ela ainda estava prestando atenção em mim.

— Entendeu o que?

— Você está de rolo fixo. Vou te falar, viu... Vinícius Velasco? Nunca pensei!

— Tá doida? — revirei os olhos. — Não estou de rolo nenhum!

A Mariana riu e virou para a frente, já o Júnior se inclinou para perto de mim e sussurrou:

— Tá loucasso, né? Aposto como você usou uma daquelas ervas do prédio de humanas.

Dizem Por Aí I Degustação | Completo na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora