capítulo 3 Fantasma do passado

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Não conseguia acreditar naquilo que meus olhos viam. O Bernardo ali parado na minha frente mais parecia um fantasma vindo direto do meu passado. Meu corpo inteiro tremia de choque e minha respiração falhava nos pulmões.

Ele estava diferente desde a ultima vez que nos vimos. Continuava mais baixo que eu, mais ou menos 1,75, o corpo magro estava somente um pouco mais encorpado e o velho topete em desalinho continuava como marca registrada. O rosto estava liso, sem barba, mas o queixo mais quadrado e marcado dava um ar mais velho a aquele menino que eu conheci. Infelizmente sim, ainda era um cara bonito e atraente.

Ele continuava me olhando, estudando minha reação enquanto meus movimentos pareciam congelados sem que eu pudesse me mexer.

– Nossa, eu custei pra te reconhecer. Ta tão grande, forte, barba rala… mas eu te reconheceria em um milhão.

Ele disse sorrindo meio sem graça diante daquela situação.

Não respondi. Com custo consegui virar as costas e sair andando. Ainda ouvi os protestos do garçom que estava preparando as bebidas, mas aquilo pouco interessava. Eu só queria sair daquele lugar e acordar daquele pesadelo. Fui caminhando rápido, esbarrando nas pessoas, tentando achar a saída. Cheguei a um lounge com sofás e pufes, mas poucas pessoas ocupavam o lugar e antes que eu pudesse continuar, senti ele puxando meu braço.

– Espera, vamos conversar.

– Tira as mãos de mim! Se você encostar um dedo em mim de novo, você vai ficar sem ele!

Esbravejei, com toda a raiva que sentia dentro de mim.

– Cara, só me ouve! Eu sei que eu errei, mas eu voltei pra consertar isso. Eu tive medo..

– Cala a boca! Eu não quero ouvir nada que venha de você! Pra mim você ta morto e enterrado, e os mortos não falam!

– Gabriel, por favor. Eu sei que eu agi errado, mas caralho quem não erra?! Vamos conversar e eu te explico tudo..

– Explicar o que?! Que você foi embora sem um pingo de sentimento? Que você me expulsou da sua vida depois de anos de amizade? Que você mesmo que armou toda aquela situação, com vodka e tudo mais, então sumiu?! Que teve medo? Vai tomar no olho do seu cú, seu filho da puta! Tem ideia do que eu passei? Do que eu sofri?

– Biel…

– Não! Não me chama assim! Presta atenção, some da minha vida! Eu nunca mais quero te ver de novo! Pega esse seu remorso e enfia no cú, vaza!

– Cara, tenta entender…

Eu fiz um sinal com a mão pra ele calar a boca ao ver a Jackie se aproximando. Abaixei a cabeça tentando respirar fundo e me recompor pra que ela não reparasse os ânimos exaltados. Ela veio vindo sorrindo. Ele olhou para ela e depois pra mim, e então ficou em silêncio.

– Oi meu amor, a gente ta até agora esperando as bebidas. Se perdeu foi?

Ela falou rindo. Eu estava tentando ao máximo controlar meus nervos, mas estava impossível. Ela olhou pra mim esperando uma resposta e depois pra ele. Ficou aguardando que eu o apresentasse e depois que ele mesmo o fizesse, mas nenhum dos dois se pronunciou.

Eu nao sou gayOnde histórias criam vida. Descubra agora