capitulo13 sentimento tem vida própria

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Eu fiquei parado, olhando para os dois sem conseguir me mexer. Ele parecia tão entretido com aquela garota que nem notava que eu estava tão perto dele. Pude observar por minutos os sorrisos, as palavras trocadas tão intimamente, com uma mulher que eu não lembrava ter visto antes.

– Ei, vamos?

O Kadu falou me tirando do meu entorpecimento.

– Não, vamos embora.

– Hã? Ah não, Biel. Pára né? A gente já ta aqui.

– Vamos embora agora!

Eu disse firme, olhando mais uma vez pros dois. O Kadu olhou para a direção que eu estava olhando e então entendeu os meus motivos. Naquele mesmo instante, o Bernardo olhou para nós, fazendo morrer o sorriso em seus lábios. Ficamos sérios olhando um pro outro, até que virei as costas e fui embora em passos largos em direção ao estacionamento.

Cheguei o carro e coloquei as mãos no capô, apoiando meu corpo.

– Você ta bem?

O Kadu perguntou, colocando a mão no meu ombro.

– To. Só me tira daqui. Vamos embora.

Eu disse, entrando no carro. Não quis ir pra casa e então voltamos pro apê dele. Me joguei no sofá, me sentindo mal, reprisando aquela cena de poucos minutos atrás na minha cabeça.

– Que foda essa parada. Eu jurava que ele não ia.

Ele disse, parado na minha frente com os braços cruzados.

– Tudo bem, moramos na mesma cidade. Isso é inevitável. Foi mal, estraguei a sua noite.

– Quem disse? Já que a gente não vai curtir o show, vamos aproveitar por aqui mesmo.

Ele disse, colocando uma musica mais animada e trazendo uma garrafa de rum montila.

– Rum? Não é meio pesado, não?

– Larga a mão de ser bicha, Biel. Vai arregar?

– Não. Vai ver é isso que eu to precisando.

Eu disse, enquanto ele me jogou a garrafa. Rimos juntos e começamos com os shots. Foram um, dois, três, até que eu mesmo perdi a conta. Em pouco tempo a bebida fez efeito e estávamos rindo, relembrando coisas do passado.

Estávamos deitados no chão da sala, lado a lado, mas com os corpos opostos, só com as cabeças uma ao lado da outra.

– Porque você nunca se apaixonou por ninguém?

Eu perguntei, olhando pro teto, que às vezes insistia em rodar.

– Ah, porque eu acho bobeira. Acaba estragando tudo, sempre dá em sofrimento.

– Eu gosto de estar apaixonado, embora não me permita muito a isso. Você devia tentar qualquer dia.

– Com quem?

– Ah sei lá, Kadu. Aí é com você, né?

– Acho que você foi o que chegou mais perto disso. Quando a gente era moleque e eu tava me descobrindo… te via jogar bola e me acabava na punheta te imaginando. Acho que fiquei bem gamadinho em ti.

Eu nao sou gayOnde histórias criam vida. Descubra agora