– Que porra é essa?!O Bernardo perguntou autoritário, esperando uma explicação. Eu abri a boca pra falar, mas o Kadu como sempre foi mais rápido.
– Algum problema, Bernardo?
Ele perguntou de uma forma provocadora, sustentando um sorriso debochado nos lábios.
– Não sei, vocês que podem me dizer. Estavam trancados no banheiro. O que ta pegando?
Eu não podia deixar aquilo virar um “cavalo de batalha” e me apressei em falar:
– Não é da sua conta, Bernardo. Vai cuidar da sua vida.
Eu respondi seco e fui andando, sendo acompanhado pelo Kadu. Logo que saímos da casa, eu o puxei num canto.
– Porra Kadu, qual é? Você fez aquilo de proposito pra provocar ele. Porque não falou logo o que aconteceu e pronto?
– E perder a chance de ver ele fazer uma cena de ciúmes? Não mesmo. Hahahahaha.
Ele respondeu rindo e eu lhe dei um soco leve no braço para mostrar a minha indignação com aquela atitude dele. Tudo bem, não estava tão indignado assim. Eu até gostei de ver o Bernardo fazer papel de tolo daquele jeito, mas não queria alimentar esse tipo de conduta por parte do Kadu.
Voltei pra mesa e ainda tive que ouvir as reclamações da Jackie por eu estar sem camisa. Mostrei a blusa manchada e ela aceitou contrariada. Estava tentando me distrair com o papo das pessoas que estavam ali, mas estava completamente áereo perdido nos meus pensamentos. A verdade é que depois de um tempo eu já estava torrando debaixo daquele sol, então resolvi dar um mergulho na piscina. Tinha uma galera jogando vôlei aquático, mas eu só queria dar uma refrescada mesmo. Tirei a bermuda ficando somente com uma sunga larga preta, com listras brancas nas laterais. Confesso que fico extremante envergonhado de ficar somente com essa peça de roupa, até porque o volume frontal é aparente demais e qualquer olhar mais incisivo faz rachar a minha cara, porém ficar com a bermuda pingando por horas me incomoda mais ainda. Entreguei o short pra Jackie e quase corri pra entrar na piscina. Antes de entrar vi que o Bernardo me olhava da cabeça aos pés. Parecia hipnotizado com que via, me deixando mais vermelho que um tomate maduro. Os olhos dele passeavam livremente pelo meu corpo, me deixando praticamente nu diante daquelas pessoas. Encarei-o carrancudo, mas ele desviou os olhos para outra direção franzindo a testa sério, intrigado com algo. No mesmo momento olhei para onde estava a atenção dele e vi o Kadu na piscina me olhando com um sorriso safado nos lábios, como quem estivesse aprovando o que via e ainda deu uma piscadela marota rápida, mordendo os lábios sutilmente em seguida. Eu fiquei tão sem graça e nervoso com aquela situação, que me apressei em entrar logo naquela piscina e ficar submerso na água para quem sabe poder afogar a vergonha que eu estava sentindo. O piso estava escorregadio e eu praticamente decolei, batendo com o braço no chão e a testa na borda, caindo na água em seguida. A dor foi lancinante, mas eu mantive a pose de durão e fingi que estava mergulhando. Me sentia meio tonto, mas já me bastava a cena anterior que quase me matou de tanta vergonha, agora esse tombo pra fechar o caixão de vez. Submergi segurando a testa e fazendo uma pequena careta de dor, então vi o Kadu se aproximando.
– Caralho, brother. Que pacote hein? Caiu feio mesmo. Machucou?
– Não, só ta doendo um pouco. Você é foda! Que porra foi aquela que você fez? Ficar dando piscadinha, eu hein? Ta louco?
– Ah foi por isso que você caiu que nem uma jaca podre no chão? Não sabia que eu tinha esse poder nas pessoas? Hahahaha Ninguém viu, seu bobo.
Ele disse rindo e eu o empurrei zangado, mas achando graça da marotice dele. Sorri mesmo contra a vontade e o vi ficar sério, olhando pra mim.
– Ih, Biel. Ta sangrando..
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Eu nao sou gay
RomanceEssa historia de dois garotos que são melhores amigos Gabriel e Bernardo, eles nunca imaginaram a proporção do rumo que a vida deles seguiria, de repente dois olhares se cruzam o que eles tem.em comum? Não sei mas apenas sei que partir daquela noite...