Capítulo 5

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— Conversamos muito sobre a banda NX Zero.

Jaqueline e Josemar estavam sozinhos as escondidas, em uma sala de aula à porta fechada. Foram parar ali, graças a astúcia da moça que o conduziu sem ninguém ver. Agora, conversavam, sentados um de frente para o outro, separados apenas por uma simples carteira escolar. A menina se sentia animada, com o papo fácil e desenvolto do garoto que a envolvia. Seus olhos brilhavam em um verde alegre. Suspirou, colocando o braço esquerdo dobrado em cima da carteira; o cotovelo direito também, deitando o lado do rosto na palma da mão.

— Ah, eu não sabia que havia um fã de NX Zero sentado tão perto de mim.

— Eu também fiquei surpreso. — Josemar rebateu, arqueando as costas para também colocar os braços sobre a carteira, o esquerdo dobrado com o punho serrado embaixo do queixo. Ainda bem que a minha irmã era fã dessa banda ridícula. Petrificou a expressão em uma fisionomia terna e sorriu, um sorriso hipnotizante.

— Ela tinha um cheiro doce de morango, e o rostinho mais meigo que eu já vi.

— Josemar, você vai participar do show de talento estudantil? — Jaqueline me perguntou, com aquela voz feminina de mulher que se mostra interessada.

— Hã? Eu não sei se iria tão longe, mas gostaria muito de participar.

— Sério?

— Sim. Porquê?

— Não quer fazer dupla comigo?

Diante da proposta: Josemar serrou os olhos e fez uma careta de chupa-cabra sedenta. A moça ficou constrangida.

— Ah desculpa! Perguntei algo estranho.

Ele levantou, irracional. Bateu as mãos na mesa e falou decidido:

— Eu quero! Eu definitivamente quero ser o seu par!

Um estrimilique gostoso reverberou o corpo de Jaqueline, que encolheu os braços e se levantou da cadeira. Estava feliz por saber que não era só nela que a banda NX Zero despertava uma euforia paralisante. Abaixou os braços ao lado do corpo e agradeceu ao novo melhor amigo por compartilhar do mesmo interesse, mas ele nem ouviu, continuava apalermado, com o olhar perdido no decote da moça. Ele queria erguer a mão e limpar a baba que escorria no canto da boca aberta, mas quem disse que ele conseguia se mexer. Ahhh... que mulher linda. Muito linda! Essa eu vou me lambuzar até me fartar.

— E foi por isso que não pude ir ajudar vocês. Ainda bem, porque senão eu teria apanhado também.

Abaixo o MachismoOnde histórias criam vida. Descubra agora