Capítulo 1

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Nota da autora: quando comecei a escrever essa história, eu tava me recuperando de uma fase meio pank. Já tinha ouvido falar, mas não acreditava que uma desilusão amorosa pudesse arrasar com a vida da gente. Achava que isso era conversa pra boi dormir. Bom, até acontecer comigo. Resumindo, é tipo um acidente de trânsito, onde seu veículo da PT, mas você escapa da tragédia e fica se questionando se de fato o incidente aconteceu. A sorte de ter sobrevivido é um forte motivo para comemorar, dando pulos de alegria, mas aí então você se recorda do passageiro. A notícia de que a pessoa querida e amada nunca mais vai fazer parte da sua vida, te deixa triste e com a cabeça povoada por questionamentos absurdos. Essa é a fase em que você entra em um estado de pura demência. Eu ficava todo tempo me questionando: qual o sentido de se apaixonar ou amar? Dois dias depois, comecei a escrever o projeto: "ABAIXO O MACHISMO", mas desisti. Até tentei continuar, mas algo me dizia a todo instante para parar, então eu parei. Sabe como é um coração partido: ele é concertado, e o que um dia fazia sentido... no outro acaba não fazendo mais. Hum. Confira aí como os meus sentimentos estavam seriamente perturbados, nesse meu rascunho delirante.

    Puta é pouco, eu tava um fera desvalida. KKKKKKKK...  


Escola ortodoxa para moças que querem adestrar cafajestes  


Era uma noite triste, tanto que a lua parecia uma gema de ovo, brilhando no céu tingido de vermelho. Valdir, homem robusto, cheio de vigor, ergueu a marreta acima da cabeça e abaixou para quebrar uma pedra de concreto. O suor escorria em gotas por seu rosto abatido pelo cansaço. Deu com a marreta na pedra até que a maldita virasse poeira.

Clóvis, era conhecido como o Ricardão da malhação, braços fortes, agora, esgotados de arrastar troncos de árvores nas costas. Carregava, aliviado, a última tora, para colocá-la junto com as outras, ali, empilhadas, próximo da parede.

Ananias, rapaz jovem e bem-apanhado, ofegava, de quatro no chão, igualzinho um cachorro vagabundo, estava exausto de tanto trabalhar feito um escravo; as mãos cheias de calos, a boca seca de sede, mas era proibido reclamar ou pedir água.

Clóvis, não aguentava mais. Cambaleou e soltou a tora, que ralou de seu ombro. Ele caiu em seguida, mas ficou feliz com a queda que parecia suave diante da persistente tortura. Sentia como se estivesse deitado em uma cama macia. Só que logo veio a chicotada estralando no lombo. Gritou de dor e tratou de se levantar porque seria pior. Os amigos não podiam fazer nada por ele, pois também estavam gritando sob fortes chicotadas. Ademir, protestou e levou um belo de um chute na barriga. Curvou, sem fôlego e ficou se lamentando por estar ali, mas ali onde? Ninguém sabia. Só sabiam que estavam em uma porra de prisão, cercada por um matagal dos infernos. Escapar... sem chance. A floresta tinha animais selvagens bem pior que as guardas. Estavam no meio do nada ou de fato no inferno. Aqui, Ademir, homem forte e rustico, ficou conhecendo o que era disciplina rígida. Circulava entre os detentos que um cara resolveu fugir pela mata e foi devorado por uma anaconda, outro por uma onça, o terceiro afundou na areia movediça, o quarto morreu ao cair em um precipício, o quinto: os insetos devoraram, e o sexto virou comida de zumbis. Bom, a parte dos zumbis há controvérsias. Só que Ting, um japonês metido a galã, naturalizado brasileiro; afirmava de mãos juntas que já tinha visto um desses monstros comedores-de-carne-humana. Ele, assim como todos os outros caras que ali estavam, não sabiam como chegaram na prisão e porque estavam presos. Como todo mundo sabe: o brasil é um país que some pessoas todos os dias e ninguém dá à mínima. Então, Marlene, mulher bonita, milionária e feminista, cansada de ser usada e descartada como um objeto, resolveu construir um presídio particular de segurança máxima para punir os homens machões que se achavam o maioral. Por motivos óbvio, não citarei a localização do xilindró. "Podemos sim, sair com a roupa que quisermos. Estando curta ou não. Isso não dá o direito de os homens quererem agir como neandertais. O tempo das cavernas acabaram. Exigimos ser respeitadas. Somos livres! Abaixo a ditadura machista! Mulheres unidas jamais serão vencidas! Mulheres unidas jamais serão vencidas!!" Esse era o discurso de Marlene para estimular as novatas. "Mulheres unidas jamais serão vencidas!!!" Agora, todas gritavam em uníssono: "Mulheres unidas jamais serão vencidas!!! Mulheres unidas jamais serão vencidas!!!"

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