A neve era fria e acalentadora ao mesmo tempo, era como uma mãe pra mim, me protegeu de tudo e todos até agora. Mas estava na hora de acordar. O mestre tinha morrido há pouco tempo, eu precisava me vingar.
Do lago, que fora meu lindo berço branco ou minha prisão, se assim preferissem, eu emergi. A neve, tocava minha pele de porcelana como me acariciando. Não sentia frio, mesmo que estando sem nenhuma roupa. O contato direto da neve em minha pele me fazia bem. Sai de dentro do lago e prendi o cabelo com uma mecha do mesmo. Meus olhos encontraram uma cabana aos pedaços, um pouco distante do lago, e segui em sua direção.
Eu sabia de todas as coisas que aconteceram no mundo enquanto eu dormia. Todas as memórias do mestre estavam em mim, assim como as estratégias e magias, tudo perfeitamente memorizado em minha mente... Eu era uma parte dele, tudo que ele sabia antes de sua "morte" era agora minha verdade.
Comecei a testar alguns de meus poderes devagar, eu conseguia fazer algumas coisas sem o uso de uma varinha, mas logo providenciaria uma. Enquanto caminhava em direção a cabana a neve abaixo de meus pés se tornava o mais grosso gele e com minhas mãos eu criava pequenos flocos de neve, que iam bem devagar ao chão. Sabia que aquilo não era nem um terço do que eu era capaz de fazer, logo seria temida por todos inimigos do mestre, agora eles seriam todos meus.
Mas tudo no mundo mágico tinha um preço, e o preço para uma arma tão poderosa como eu, era aquela maldita na minha cabeça. O mestre odiava pontas soltas, e ela era quase um pedaço de pano inteiro, mas a faria se tornar útil. Sorri ao pensar nisso.
Continuei andando em direção a cabana e a adentrei. O pouco calor que era mantido ali dentro já me incomodava, mas não impedia a formação de estalactites no teto e do chão congelado, graças a alguns buracos no telhado que deixavam a neve entrar.
Quase nada havia no lugar, apenas alguns pedaços de madeira e um espelho quebrado. Me aproximei dele e pude finalmente descobrir mais de minha aparência: meu corpo era esguio, mas tinha lindas curvas e seios torneados e meus olhos cor de ametista, me encantaram desde o primeiro segundo.
Parei de me observar em pouco tempo, eu precisava agir. Andei até o meio da cabana e das estalactites que pendiam do teto moldei minha própria varinha. Era gelo puro e mágico, tão fria quanto às próprias geleiras do Ártico. Qualquer um que se atrevesse a encostar nela - fora eu - teria as mãos queimadas pelo frio.
Não fiquei muito tempo naquele lugar imundo, tinha um longo caminho a trilhar, uma mente a perverter e inimigos para matar. A neve seria minha aliada nessa missão. Pela primeira vez eu ia conjurar meu feitiço mais forte. Sai da cabana e com um sorriso no rosto disse as palavras.
-Glacies Tempestas!!
Hogwarts
Já haviam se passado quinze anos desde a morte Daquele que-não-deve-ser-nomeado. Mas logo após sua morte o clima começou a ficar meio estranho por todo mundo mágico, por vezes fortes nevascas assustavam a todos. Eram tão duras e inesperadas que nem mesmo as corujas conseguiam voar enquanto ela caia. Deveria ser apenas uma confusão climática pois logo o Sol voltava aos céus pelo menos até aquele dia.
Lembro-me muito bem de como tudo estava. A tempestade de neve, desta vez, já durava três meses inteiros. Mas naquele dia em particular o tempo parecia ainda pior. O céu parecia estar de noite de tão escuro, as nuvens negras tapavam o Sol acima da escola dando um aspecto de chuva, mas sem cair uma única gota d'água, apenas neve.
Logo após a guerra, eu aceitei o cargo de diretora de Hogwarts e desde então eu mantive meu cargo. Naquela tarde eu olhava pela janela avistando as nuvens que não deixavam nenhum resquício do Sol passar, esperando que não fosse um mal presságio. Estava pensando em como aquelas paredes tinham histórias, algumas ótimas e algumas de fazer qualquer um chorar. Tantas mortes... Mas também tantos sorrisos. A incerteza do amanhã era uma sensação que prevalecia em Hogwarts durante os anos que Lorde Voldemort caminhava pela terra. Mas hoje não, hoje somos livres.
Estava perdida em meus pensamentos quando bateram em minha porta.
-Senhorita Mcgonagall, ele chegou! – Disse uma de minhas ajudantes.
-Obrigada Charlotte, mande-o entrar.
Ela balançou a cabeça e fez o que eu pedi. Ainda não entendia como Dumbledore conseguia fazer tudo sozinho, era muita papelada, muita burocracia para lidar sozinha. Graças a Merlim, várias alunas formadas se ofereceram para me ajudar. Olhei para seu quadro na parede, eu morria de saudades de meu velho amigo, queria que ele estivesse aqui para viver os dias de gloria comigo.
As duas batidinhas na porta anunciaram sua chegada. Depois de vários anos sem vê-lo eu ainda o reconheceria de longe, seus cabelos loiros ainda mantinham o mesmo corte, assim como a postura exemplar e o ar de superioridade que chegava a ser desprezível, mas se algo havia mudado nele, havia sido seu caráter.
-Mandou me chamar diretora Mcgonagall?
-Sim Draco, fico feliz de ter atendido tão rapidamente!
Ele se sentou na cadeira a minha frente, estava meio tenso e eu sabia que era bem mais que o frio que o fazia usar aquelas mangas compridas. Algumas marcas, servem para nos lembrar dos erros do passado. Mas, se ele havia mudado eu mais que ninguém queria ajudá-lo a se reconstruir.
- Bem Draco, prometo não me demorar no assunto. – Disse me sentando. – Sabe muito bem, que o ano letivo começa daqui a algumas semanas e....
-Tem algo a ver com Scorpius diretora?
Ele me interrompeu e eu via preocupação em sua voz, mas mantinha a postura soberana. Não que está enganasse alguém, era notória sua preocupação pelo filho, morria de medo que este tivesse a mesma postura que ele teve anos atrás.
-Não Draco, seu filho é um ótimo aluno. Embora ele e os filhos dos Potter e dos Wesley aprontem algumas travessuras, não é nada que deva se preocupar. – Disse acalmando-o.
-Ah entendo! – Ele falava visivelmente aliviado. – Bom, mas se não a nada a dizer sobre meu filho, o que quer de mim?
Eu diria logo, antes que tivesse mais interrupções.
-Quero que seja nosso novo professor de Poções!
-O que? – Ele praticamente pulou da cadeira, mas ao perceber isso, voltou a sua postura inicial. – Diretora é uma honra, mas eu não posso aceita-la e....
-Você pode e você vai! – Era minha vez de interrompe-lo. – Você é o mais qualificado para isso, depois de tudo que já passou, sabemos o quanto mudou. – Me aproximei dele. – Já está na hora de deixar o passado no passado, Draco. Você se arrependeu de seus crimes. Sem falar que sempre foi um ótimo aluno, e tenho certeza que será um ótimo professor.
Antes que ele pudesse responder Charlotte entrou na sala aos berros.
-Diretora Mcgonagall, rápido, precisam da senhora os portões.
-Por Merlim, o que será dessa vez?
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A Oitava Horcrux
FanfictionSabe aquela típica história, da carta escondida na manga, que todo mocinho tem? Aquele jeito só deles, de sempre sair vitorioso? Pois bem, essa seria minha vez, minha carta na manga. A chegada dela mudaria tudo. Minha oitava Horcrux ainda existe e...