— Está mais calmo agora? – Perguntei sentado na beirada da cama.Ele concordou assoprando a fumaça do chá esverdeado em sua xícara.
Suspirei e o encarei com certa magoa no coração.
Desviei meu olhar segundos depois para suas pernas e ele abaixou a xícara a pondo no meio das coxas.
— Jungkook... – Ele me chamou. – Eu... – Ele suspirou.
— Por que, Jimin? Por que você não me contou? – Levantei minha cabeça o olhando com tristeza.
Ele abriu sua boca e a fechou não sabendo o que falar.
— Eu não queria que você soubesse dessas coisas... – Ele disse baixo, mexendo na xícara, abaixando seu olhar. – Eu realmente não queria... Eu não queria que você me visse como um sujo ou uma "vadia", como provavelmente você deve estar pensando agora. – Ele suspirou. – Como eu te disse, você foi a única coisa boa que eu já tive em minha vida e não queria te perder pelas coisas erradas que existem nela.
— Eu não estou achando você sujo e muito menos uma vadia, Jimin... – Respirei fundo. – Mas eu quero entender... Por que? – Perguntei com a voz levemente falha. – Por que, Jimin? Depois de tudo o que aconteceu com a gente? Por que mentir?
— Porque eu não queria que você soubesse que eu trabalhava em uma boate para me sustentar e pagar minha faculdade! – Ele me olhou com os olhos cheios de lágrima. – Eu não queria que você me olhasse como todos me olham, como um simples objeto, como alguém inferior aos outros, como uma coisa descartável... Você acha que moro com meus amigos por quê? – Ele fala com sua voz chorosa. – Eu mal tenho dinheiro para comer as vezes, Jungkook... Todo o dinheiro que eu tenho e com a ajuda de Hoseok vai para a minha faculdade, porque eu quero ter um futuro melhor do que essa... Merda, que eu tenho agora! Eu não menti quando disse que meus pais morreram e eu tive que viver com minha avó, e ela nunca... Nunca fez nada por mim. Eu sempre tive que me virar, sempre tive que arranjar meu próprio dinheiro... Ela apenas me alimentava e dava um local para eu dormir, como se eu fosse um fardo que ela tinha que aturar. – Ele respirou fundo tentando não chorar. – A cada ano que se passava, as coisas pioravam, e eu não aguentava mais ficar naquele tormento... Então eu sai da casa dela e comecei a viver minha própria vida.
— Jimin-...
— Deixa eu continuar... Por favor. – Ele pediu e eu concordei lentamente. – Comecei trabalhando em algumas lanchonetes, porém o que eu ganhava não dava pra muita coisa. E então eu conheci o Hoseok. E céus, ele foi um anjo na minha vida... – Ele sorriu fraco, olhando para meu pescoço. – Me ajudou desde o primeiro momento. Me deixou ficar na casa dele até eu conseguir me "estabilizar" e me incentivou muito a fazer uma faculdade. Porém, não havia uma faculdade de veterinária com bolsa. E eu não me mataria de estudar por algo que eu não tenho paciência, como, sei lá, direito... – Ele deu de ombros e bebeu um pouco de seu chá. – Com meu grandioso salário era impossível pagar pelo menos uma mensalidade da faculdade e Hoseok estava terminando a sua, então meu pequeno sonho de cursar foi esquecido por alguns anos, até que me apareceu essa "chance" de ganhar mais e sem pensar duas vezes eu fui... A princípio foi horrível... – Ele disse vagamente, olhando para um ponto fixo. – Todas aquelas pessoas sem pudor, me tocando, falando inúmeras coisas repugnantes e nojentas. E eu era obrigado a botar um sorriso no rosto e concordar... Mas com o tempo, eu me acostumei. Me acostumei a tudo aquilo e fiz uma alto proteção em mim mesmo, eu conseguia impor limites sem parecer "grosso" ou indo contra as regras do lugar. E foi aí que eu aprendi minhas grandes táticas de sedução... – Ele riu fraco. – Certamente os clientes não podiam fazer nada demais conosco, mas... – Ele engoliu em seco.
— Jimin... – Respirei fundo e cheguei perto dele. – Por favor, não me diz o que eu to pensando... – Repousei a mão em seu joelho e abaixei meu olhar.
Ele ficou em silêncio por alguns momentos, olhando para xícara em suas mãos.
— Gun Changmin... – Ele disse sem emoção. – O dono da boate, um velho de 60 e poucos anos.
Eu o encarei com as sobrancelhas franzidas, não querendo ouvir o que ele estava prestes a dizer.
— As regras eram que os clientes não podiam passar dos limites com os funcionários... Mas essa regra não existia sendo o dono do lugar. – Ele abaixou sua cabeça. – Eu não podia fazer muita coisa... Sempre que eu tentava fugir ou impedi-lo, ele ameaçava me despedir e ainda pegar todo meu dinheiro. E eu precisava dele... – Ele falava sem emoção, porém em seu rosto, lágrimas finais deslizavam por suas bochechas.
Peguei a xícara em suas mãos e a botei na pequena cômoda ao lado.
O puxei para um abraço e fechei meus olhos sentindo a dor e a náusea de ouvi-lo falar aquilo.
Naquele abraço apertado e reconfortante, choramos em silêncio, tendo toda minha tristeza pela mentira de Jimin, se transformando em magoa e um sentimento de impotência perante ao que lhe acontecia.
— Eu realmente conheci o Taehyung lá.. – Ele continuou a falar baixo, em meu pescoço. – Ele estava com um rapaz que eu não conhecia, e no meu pequeno intervalo eu os conheci no bar. Conversamos um pouco, o nome do rapaz era Kai. – Me surpreendi por lembrar que esse Kai talvez pudesse ser um de meus grandes amigos no ensino médio. E eu não duvidaria nada que Taehyung fosse capaz de fazer isso. – Eles estavam curtindo o restante da noite, pois aparentemente tinham ido para uma festa mas ela estava fraca demais, então acabaram ali.
Prestei atenção em suas palavras, por mais que elas já não importassem mais de nada.
— Você sabe que isso não importa mais, certo? – Disse. – Você sabe que tudo isso que aconteceu não importa mais... Eu não estou triste com você, mas eu realmente estou bem atordoado com esse seu esclarecimento. E nós vamos denunciá-lo por isso. – Nos afastei e segurei seu rosto. – Eu quero que você me prometa uma coisa... – Nos encaramos profundamente. – Me prometa que você nunca mais, vai por os pés naquela boate novamente! Nunca mais, Jimin! – Ele concordou.
— Não trabalho mais lá. – Ele abriu um pequeno sorriso. – Aquele dia... Em que você estava bêbado e nos encontramos, foi o dia em que eu desisti daquela vida e decidi procurar algo melhor para mim. – Seu sorriso se fechou enquanto ele segurava minha mão a tirando de seu rosto. – Mas agora... Eu não terei dinheiro para pagar a faculdade e Hoseok não pode pagá-la sozinho... – Ele abaixou a cabeça e ficou mexendo em meus dedos lentamente.
— Não, nada disso. Você vai terminar sua faculdade e vai ter um lindo diploma na parede, ao lado de uma foto nossa... No nosso quarto. – Eu ri fraco.
Ele ergueu sua cabeça e me olhou sem expressão.
— Não, Jungkook... Não! Você não pode fazer isso... – Ele começou a negar.
— Eu posso e vou, Jimin. – Falei com firmeza. – Eu sou uma coisa boa na sua vida certo? – Seus olhos se enchiam de lágrimas novamente. – Então eu vou lhe proporcionar às melhores coisas que ela pode ter.
Ele começou a chorar descontroladamente e me abraçou, nos fazendo deitar na cama.
Eu ri fraco e acariciei seus cabelos.
— Ei... Preciso te perguntar duas coisas. – Ele se afastou de mim limpando suas lágrimas.
Ele concordou com um bico fofo e seu nariz levemente vermelho, enquanto uma de suas mãos estavam sobre minha barriga, o fazendo se erguer.
— Primeiro: você teve um sonho erótico comigo hoje? – Arquei a sobrancelha e ele piscou algumas vezes, sem saber o que responder. – E segundo: Park Jimin, você quer namorar comigo?
Ele abaixou sua outra mão, ficando estático, surpreso com a pergunta.
— Agora eu posso ser somente seu...
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Sexxx Dreams ❦ Jjk + Pjm
RomanceOnde Jeon Jungkook ganha um novo vizinho... E o mesmo tem sonhos eróticos com ele. [Inspirada na música Sexxx Dreams da Lady Gaga] ¡!Completed!¡