Capítulo 2

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  Os minutos pareceram horas enquanto eu, aflito, a esperava. Quando a vi vindo em minha direção, meu corpo entorpeceu.1,70 e um ar autoritário ,para minha surpresa ,nos primeiros minutos até ficou feliz em ver, logo depois, com olhos de raiva, começou a falar incessantemente do quanto eu arrumava problema e de como a tinha atrasado pro trabalho.
O caminho até o apartamento se tornou interminável, o lugar era bem menos do que eu imaginava, as paredes já quase sem cor devido a ação do tempo, duas janelas fechadas, com suas venezianas carcomidas, situadas na parede oposta à porta, também velha. Uma jovem de longos cabelos ruivos e encaracolados nos encarava, com uma expressão tênue, ela parecia tímida, mas ainda sim, inquieta. Nos assistia com seus grandes olhos verdes, arregalados , enquanto minha irmã andava de um lado para o outro e eu soltava minhas suplicas ,aparentemente inúteis sobre ela.
Por favor, não diga a eles que estou aqui, ou a próxima vez que me verá vai ser no meu funeral, e eu sei como você odeia todo aquele clima fúnebre - Eu a bombardeava com "incríveis argumentos" mas, de nada adiantou, ao vê-la digitando os números, comecei a suar frio.
— Alo – Disse meu pai, do telefone.
—Papai? Sou eu, Kananda – Minha irmã respondeu contingente.
—Oi, querida , você está bem? Aconteceu algo? – Perguntou, preocupado e eu revirei os olhos.
—Comigo? Não!– Balbuciou e continuou a dizer : — Vocês por acaso, não deram falta de um moleque mimado em casa nas ultimas horas? A ligação começou a chiar, quando pude ouvir minha mãe aos berros.
—Traga-o pra casa! Agora! -Aquela voz soou como um mandato de morte. Todos na sala nos entreolhamos, então , minha irmã disse se referindo a mim:
—Não posso leva-lo agora, tenho que ir ao trabalho e encontrar uma justificativa que não seja "meu irmão idiota fugiu de casa pela milésima vez".Meu rosto empalideceu, ignorei-a e em um tom obtuso, sugeri:
—Se me emprestar algum dinheiro eu vou de ônibus, sei o caminho de casa, irmãzinha.
Em meio as suas debochantes gargalhadas, retrucou:
—O único caminho que conhece bem é o do seu quarto até a cozinha, irmãozinho. Trocamos olhares e eu dei de ombros. A garota, que ainda estava no canto nos interrompeu:
—Eu posso leva-lo.
—Não!–Exclamamos eu e minha irmã em coro.
—Chiara, não posso te pedir um favor desses, esse pestinha é problema meu – Disse minha irmã puxando minhas orelhas.
—E eu não preciso de babá – Exclamei, furioso. A garota nos olhou, passou a mão por entre suas bochechas, fez uma cara de pensativa. Eu, clamava em pensamentos para que ela não desse continuidade ao assunto, mas, para o meu azar,indagou:
—Pode ser até divertido ,e eu não tenho nada melhor pra fazer mesmo–Já acompanhava minha irmã a porta enquanto eu, obstinado,observava no sofá.
—Fico te devendo essa – Disse minha irmã, puxando a garota para um abraço.
—E você... Francamente Gesiel,já tem quase 17 anos, pare de agir como criança! – Repeti suas palavras, imitando sua voz fina, Chiara segurava o riso e aos poucos a porta foi se fechando, até estar cerrado por completo.Me vi numa situação totalmente constrangedora, com alguém que nem mesmo conhecia,mas um de nós havia de dar o primeiro passo ,e ela o fez:
—Gostaria de comer alguma coisa?Eu posso esquentar algo–Apesar da minha fome de leão, respondi com aridez.
—Onde fica o banheiro?
—Ali– Ela respondeu apontando para uma portinha no fim do corredor.
Repeti as palavras em minha mente e julguei o quão havia parecido,mas amenos havia ganhado um tempo.Andava em círculos pelo minúsculo sanitário ao mesmo tempo que minha barriga roncava, logo os minutos tinham se passado e ouvi uma batida na porta.
—Esta tudo bem ai? – Ela perguntou.
—Sim, quer dizer ,só estou com um pouco de dor de barriga – Inventei ,as pressas.
—Talvez eu deva chamar um médico? – Respondeu.
—NÃO!–Exclamei em desespero e forçando barulhos anormais na expectativa que ela fosse embora.
—Só preciso de um tempo– Continuei. O silencio se prolongou por alguns minutos mas logo pude ouvir sua voz novamente:
— Te espero na mesa, venha quando estiver se sentindo melhor.
Respirei, aliviado, e em sussurros comecei a articular "droga, droga, droga". Mais cedo ou mais tarde teria de sair dali, e minha traiçoeira barriguinha já não aguentava mais. Aos poucos o mal cheiro do banheiro foi abafado pelo delicioso aroma de frango assado, sai , como que num tiro do banheiro e para minha surpresa, ela me esperava do outro lado, com seus ouvidos encostados nela, e agora com uma dor no nariz.
—Ai! Isso doeu!– Exclamou, zangada.
—É pra aprender a não tentar ouvir pela porta – Retruquei, caçoando dela.
—Eu não precisaria se você não fosse tão farsante.
—Bom,o seu nariz é que estava tão grande a ponto de se chocar com a porta, quem é o Pinóquio da historia, em?Agora ,onde esta o frango?– Disse,a espera da refeição.   

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