Capítulo 5

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  Continuei a andar pela estrada, agora, sobre duas rodas, de longe avistei uma enorme placa que dizia "Pit's Burger" em tons de preto e branco. O sol já estava quase se ponto, o que tornava minha parada no lugar quase que inevitável, encostei minha bicicleta do lado de fora, as paredes eram feitas de pequenos tijolos, os pisos de cerâmica branca , a decoração um tanto antiquada e exagerada. Em uma das cadeiras, avistei longos cachos vermelhos, ela havia me esperado todo esse tempo. Um calor circulou pela minha espinha, caminhei até ela lentamente, prestando pouca atenção nas pessoas ao meu redor, acabei tropeçando em um dos homens sentados no balcão , ambos com bebidas fortes e mais altos que um prédio , engoli em seco e pigarreei desculpas.
—Que demora! – A garota exclamou ao me ver sentando na cadeira a sua frente, e irritado respondi:
— Foi você quem me largou no meio do nada! A garota fez uma cara de arrependimento e me entregou o cardápio do lugar:
— Pode pedir o que quiser, por minha conta.
Trocamos mais algumas palavras, o tempo passou tão rápido que nem notei quando uma das garçonetes trouxe meu pedido, um especial da casa com tudo que eu tinha direito. Nossa atenção foi tomada pelos 2 homens na bancada, pelo que entendi, a discussão começou porque um deles não quis pagar a conta e o outro deu o primeiro soco. Fui em direção a eles tentando separar a briga mas Chiara me puxou pela blusa e indicou a saída, com o fuzuê ninguém nos viu sair, podíamos ouvir o barulho de copos se quebrando, enquanto sua carteira continuava intacta.
— Não acredito que fizemos isso! – Disse, indo em direção ao carro. O sol estava se pondo em nossas cabeças, como despedida, presenteou-nos com fios ténues de vermelho alaranjado.
— Uma vez me disseram que as nuvens eram feitas de algodão, e eu acreditei – Ela disse, quebrando o silencio. Soltei uma risadinha e ela continuou:
—As vezes é melhor que vivamos no mundo da fantasia, que nos agarremos a algo bom, mesmo que irreal – Suspirei, e respondi:
—As vezes o mundo real pode ser cruel, mais com um que com outros.
E ficamos lá, observando o sol dar lugar a lua. Ela sugeriu que passássemos a noite ali pois já estava cansada de dirigir, eu insisti para que ela me deixasse ficar em seu lugar, no começo ela achou uma ideia estupida, mas com um pouco de insistência acabou cedendo.
—Tá bom, mas só por alguns km, siga pela direita –Me instruiu, bocejando.
Não muito diferente dela eu me esforçava pra manter os olhos abertos, minhas pálpebras se fechavam aos poucos e minha boca se abria de minuto em minuto. Acima de mim, as estrelas brilhavam e em minha frente surgiu uma via de mão dupla, a estrada estava deserta, e eu, embriagado de sono tentando puxar na memoria qual direção devia seguir. Optei por ir pela esquerda, por intuição, não queria acorda-la e faltava pouco para chegarmos ao nosso destino, o bocejo de minuto em minuto, meus olhos, cada vez mais pesados, até que se fecham completamente...  

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