Capítulo 3

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  Os carros ficavam abaixo do andar térreo ,mas por ser uma área nova no prédio, o elevador não descia até lá, acabamos tendo que descer algumas escadas, íngremes e antigas, que rangiam a cada pisada. O lugar ,na verdade, era melhor que todo o resto do prédio ,havia apenas alguns carros estacionados, a garota correu até o fim da fileira e ficou parada em frente a um Voyage, que mais parecia uma grande sucata azul. Ela balançou as chaves em seu rosto e apertou o alarme do carro dizendo:
—Gesiel, conheça o metálico. Seu rosto ,animado ,só me entorpecia cada vez mais.
—Pé na estrada– Ela disse, com o maior sorriso no rosto. Seguimos por algumas ruas, a cidade era um tanto movimentada, a maioria das casas eram simples, mas suas cores vibrantes encantavam a qualquer um que passasse por ali. Perdido em pensamentos, nem notei quando o carro começou a perder velocidade.
— O que está acontecendo? – Exclamei,aborrecido.
—Parece que vamos ficar aqui por um tempo - Indagou, apontado para um enorme congestionamento em nossa frente.
—Que sorte! Falei, em tom de ironia. A garota, se esticou para pegar um livro de baixo do banco do carro ,e eu a encarava, impaciente.
—Não vai fazer nada?– Já não suportava mais aquela situação ,quando ela apenas deu de ombros e respondeu:
—Eu não posso voar por cima dos carros – Sons de buzina e xingamentos, tomavam conta do espaço. Já estava começando a pegar implicância, não era pessoal ,mas ela era... boazinha demais. Meu sangue subiu, e as veias da minha testa começaram a saltar, da janela, eu observava um homem que pelo jeito não se cansava de buzinar no ouvido dos outros, como se isso fosse adiantar de alguma coisa.
—Pare de buzinar no ouvido dos outros, ninguém tem culpa da sua vida ser uma merda! – Gritei, da janela. Kananda me olhou ,boquiaberta e irritada com o que eu havia acabado de começar:
—Sente- se, agora! – Exclamou, mas, nada podia me parar, ainda mais quando o homem continuou a buzinar mas mais forte dessa vez, era como um chamado de briga, um chamado que eu estava prestes a atender.
Ela repetiu, e mais uma vez, eu ignorei . Continuei a bater boca com o rapaz por mais alguns minutos antes de perceber que ela havia aberto a porta do carro.
— Saia! – Gritou - com sangue nos olhos.
— Está de brincadeira, né? – Perguntei, a olhando, chocado.
—Saia do meu carro!– Repetiu, sem piedade alguma.Obedeci, e segui por um tempo sem olhar pra trás, quando ela me chamou pelo nome, virei, esperando para que pedisse que eu retornasse, com um suspiro, disse:
—Continue a seguir por linha reta, e me encontre em uma lanchonete a alguns km a frente, chegue antes de anoitecer e estarei esperando por você – Revirei os olhos, e continuei a caminhar. Passei por entre os carros e fui em direção ao acostamento, quando percebi, o congestionamento já havia ficado para trás. O calor era desanimador e eu já podia sentir o suor escorrendo pela testa, grandes prédios e ruas movimentadas faziam parte do cenário onde eu, já fadigando me cansava mais a cada passo.  

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