#1_Acidente

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Wuant

6:30 da manhã.
Ainda estava meio escuro. Estava a voltar para casa, juntamente com o Windoh, depois de uma noite de diversão e gravação de vídeos com algum pessoal lá da casa. Nós estávamos cansadíssimos. Quando chegássemos a casa, ia direitinho para a minha querida caminha.
Estávamos em silêncio, eu a conduzir e ele no telemóvel vendo qualquer coisa no Instagram. Só se ouvia o barulho do motor do carro a funcionar, mais a música que saía dos altifalantes, que, daquela vez, por acaso, nem ia muito alta.

- Eish puto, olha aqui! - exclama o meu amigo.

Eu virei-me, para olhar o que ele me mostrava.

- Parece que estão outra vez com polémicas, por causa de mim e da Annie.

- Ouh não ligues a isso. Sabes que é sempre assim.

- Mas eles não têm nada que estar a inventar. O que aconteceu entre nós, aconteceu. E pronto. Realmente, há gente que... - ele interrompe-se.

Olhava fixamente para algo na estrada à nossa frente.

- Wuant! Cuidado! Tem alguém na estrada. - grita-me subitamente.

Foi tudo muito rápido. Só tive tempo de me virar e por o pé no travão. Tarde demais. Ouve-se um baque e o vulto á nossa frente desaparece.

Melissa

"Não acredito que aquilo aconteceu. O que vou fazer agora da minha vida?"

Estava embrenhada nos meus pensamentos. De um momento para o outro, escuridão.

Wuant

- Oh my freaking God!! Que fazemos agora?? - pergunta-me o Windoh preocupadíssimo. - E se matámos alguém??

- Fadass puto! Nem penses nisso. - replico. - Vamos mas é ver se ele ou ela está bem.

Saímos do carro, para ver e ajudar quem tínhamos atingido.
Sinceramente, esperava pior...

À frente do carro, estirada no chão, estava uma rapariga. Aparentava ter uns 19 ou 20 anos, tinha uma longa cabeleira ruiva encaracolada, e uma pele muito branca. Apesar da roupa que vestia estar num mau estado, ela apenas tinha alguns arranhões, e não se via sangue em lago nenhum. Parecia apenas inconsciente.

- Damn! Que alívio! - o meu amigo tirou-me as palavras da boca.

- Ajuda a levantá-la. É melhor levarmo-la ao hospital, no caso de ter algum problema.

- Ok. Não a podemos deixar neste estado.

Levantamos a rapariga com muito cuidado, para ver se não piorávamos a situação, e colocámo-la no banco de trás. Enquanto o Windoh se instalava lá atrás (ele ia a segurar a rapariga, a ver se ela não se magoava mais), fui recolher os pertences dela, que estavam espalhados pelo passeio. Coloquei-os na mala e seguimos para o hospital, o mais rápido possível.
Lá, expliquei a situação à enfermeira que estava a atender os pacientes na entrada. Logo vieram médicos com uma maca, que a levaram para ser tratada e diagnosticada.

Decidimos que tínhamos de esperar. Obviamente eu é que tinha a responsabilidade do acidente, então tinha que saber da situação, no casao de ser preciso pagar alguma coisa.
Ao meu lado, sentado numa das cadeiras da sala de espera, o Windoh baloiçava-se nervosamente. Acho que estava mais nervoso que eu até. Até me deu piada.

- Então, puto? - dei uma gargalhada. - Que se passa? Eu é que vou pagar.

Ele corou suavemente.

- Er...Eu...Uh...

Felizmente para ele, foi interrompido por uma enfermeira que veio falar connosco.

- Vocês são familiares da rapariga ruiva?

- Não. Mas se for preciso assumir responsabilidade por ela, estou aqui.

- Sim senhor. Como ela aparenta ser maior de idade, só vou necessitar de uma identificação sua e dela, por causa da papelada.

Vasculho a mala dela, em busca da carteira. Abri-a, tirei o BI que lá estava. Antes de o entregar à enfermeira, dei uma vista de olhos no nome dela. Só para saber. Depois, tiro o meu próprio BI e entrego os dois à mulher.

- Muito obrigada. Agora...Ela já está acordada. Podem ir vê-la. Quarto 847.

Ela afastou-se e entrou no gabinete da receção.

- Vamos vê-la? - perguntou-me o Windoh.

- Ya, claro! Vamos.

- Como é que ela se chama mesmo?

- Melissa. Melissa Sousa.

Melissa

Acordei meio atordoada. Não abri logo os meus olhos, por causa da claridade, por isso não percebi logo onde estava. Quando os abri, encontrei-me numa cama de hospital. Olhei ao meu redor, não havia mais ninguém ali. Procurei pelas minhas coisas mas não as vi em lado nenhum. Mexi-me um bocadinho, mas logo as dores tomaram conta do meu corpo. Estava tão dorida. Olhei para os meus braços enfaixados e senti-me confusa.

Mas que raio se terá passado?

De repente, ouço alguém bater à porta.

- Entre.

Dentro do meu quarto, entraram dois rapazes que eu não conhecia. Fiquei atónita e ainda mais confusa.

- Q-quem são vocês? - balbuciei.

Eles entreolharam-se.

- Eu sou o Paulo, e este aqui é o Diogo. - falou o mais gordo. - Nós queríamos pedir-te desculpa e explicar o que se passou, Melissa. Como te sentes? É Melissa, não é?

- É sim...Sinto-me mais ou menos, estou bastante dorida.

- Bom, então, resumindo, o que se passou foi que nós estávamos conduzindo e sem querer, porque estávamos distraídos, atropelámos-te. Sentimos muito por isso.

- Não se preocupem, não vos culpo. São coisas que acontecem. Eu própria acho que não estava a prestar muita atenção na estrada. Mas então, foram vocês que me trouxeram praqui?

- Sim fomos. - respondeu o tal Diogo, que por sinal é bem giro. Espera aí, que raio, isto não tem nada a ver com a conversa.

- Muito obrigada. Nem sei como agradecer.

- Não precisas agradecer, Melissa. Era o mínimo que podíamos fazer depois daquilo que aconteceu. - eles sorriram os dois para mim.

- Podem chamar-me Mel. - sorrio também.

Nesse mesmo momento, entrou no meu quarto um médico que disse que eu tinha alta e podia sair.

O Paulo saiu e foi tratar do resto da papelada, enquanto o Diogo ficou e me ajudou a levantar. Ainda estava meio fraca. Ele foi muito atencioso comigo. Levou-me para a entrada, e ajudou-me a sentar no banco de trás do carro que presumo ser de um deles. Depois de me acomodar, o rapaz foi sentar-se no assento ao lado do condutor, e entregou-me o meu saco. Devo tê-lo deixado cair quando o carro me acertou.

Pouco tempo depois, chegou o Paulo. Sentou-se no seu assento e virou-se para mim:

- Agora vamos levar-te a casa. Será que nos podias guiar?

Fiquei um pouco constrangida...

- Uh...Eu...Eu não tenho casa...

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