Capítulo 11

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Lucy batia o pé, cruzava e descruzava os braços, digitava algo no celular, a ansiedade que lhe percorria o corpo era notória, Mark e Lexie observavam sentados, murmurando algo um para o outro, sem que a garota pudesse perceber. Assim que a recepcionista atendeu um telefonema, Lucy ficou em alerta e seu coração só faltou pular pela boca ao avistar Maite acompanhada por Logan, adentrarem aquele lugar.

- Eles chegaram! - Lucy exclamou, e então Mark e Lexie levantaram-se ao mesmo tempo.

- Desculpe a demora, o trânsito atrasou um pouco. - Logan disse com um sorriso no rosto, passando o braço pela cintura de Maite, a mesma que permanecia calada. - Logan Henderson, prazer. - o moreno esticou a mão livre, cumprimentando a Mark, que o respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso cortês. Lexie apenas respondeu o cumprimento de mãos, seu olhar estava todo em Maite, quem lhe chamava toda a atenção.

Então aquela era a suposta mulher que havia abandonado a sua filha? Maite a olhava sem expressão alguma, sem rancor, culpa, ou até mesmo raiva, e aquilo irritava Lexie de uma maneira... Como poderia uma mãe, abandonar o próprio filho? Quando se tem tantas outras mulheres que por falha do destino, se quer conseguem engravidar, esse fora o seu caso. Maite era uma mulher visivelmente saudável, se vestia bem, se portava bem, era educada e pelo pouco que soube de Lucy, vinha de uma família rica. Como teria tido a coragem de abandonar a própria filha? Era absurdo demais! Lexie não conseguia entender. Não queria, na verdade. O que mais lhe incomodava, era perceber que realmente, Lucy tinha os traços daquela mulher. Não poderia negar. Um pouco dos olhos, maçãs do rosto, altura, até a cor dos cabelos eram parecidos, e aquilo chegou a doer bem em seu peito, sempre tentou achar algo em Lucy que se parecesse com ela, mas nem na personalidade, muito menos no comportamento era possível se comparar. E aquela mulher, tão desconhecida, tinha definitivamente tudo que pudesse se comparar, até o olhar profundo que ela buscou em sua memória, lembrando-se da primeira vez que o olhar de Lucy, se cruzou com o seu, quando a garota tinha apenas meses de vida, enquanto chorava no berço em um quarto do orfanato, parando de chorar assim que ela aproximou-se, pedindo carinhosamente que ela se acalmasse. Chegava até a ser assustador. Lexie chegou a praguejar por que o mundo era tão injusto daquela forma...


- Sou Lexie Sloan, prazer. - Lexie esticou a mão para ela, totalmente séria.

- É a minha mãe. - Lucy encarou Maite rapidamente, vendo-a responder o cumprimento de Lexie.

- Prazer. - Maite respondeu rapidamente. - Já podemos fazer o exame? - direcionou o olhar a Lucy, olhando-a igualmente séria.

- Você se atrasou dez minutos, já deveríamos ter feito! - a garota respondeu, rolando os olhos.

- Lucy, meu amor... - Mark pigarreou.

- Lucy tem razão, Mark! - Lexie exclamou, cruzando os braços.

- Desculpem, o trânsito hoje estava horrível. - Maite deu um meio sorriso irônico para Lucy, que a respondeu com outra rolada de olhos.

- Como eu já havia explicado. - Logan disse, dessa vez um pouco mais sério.

Maite e Lucy foram chamadas para entrarem na sala que realizariam o exame, minutos depois. Seria um procedimento rápido, apenas a coleta do sangue das duas, e em vinte e quatro horas, o resultado sairia. Do lado de fora, Lexie andava de um lado para o outro, de braços cruzados, calada, mas a agonia que tinha nos olhos era gritante. Mark conhecia tão bem a mulher, que conseguia deduzir o que estava passando por sua mente. Em uma aproximação rápida, ele a afagou os ombros, pedindo para que se acalmasse, assegurando-a que tudo ficaria bem, e se não ficasse, nada melhor solução que o próprio tempo, para resolver tudo. Logan observava de longe, encostado na parede próximo a grande janela que dava uma vista linda da cidade, estava pensativo, um pouco confuso, porque toda aquela história também era algo novo para ele, algo estranho. Ele pensava nas duas possibilidades: De Lucy não ser filha de Maite, e de Lucy ser sim a filha que Maite achou que tivesse morrido minutos depois do parto. Qualquer que fosse a possibilidade certa, abalaria a vida de ambas as partes. Ele havia percebido o desespero na voz da garota, afirmando ser filha de Maite, via o desespero em seus olhos também, a espectativa. Se o exame desse negativo, talvez o desespero lhe tomaria, a dúvida de saber quem são seus pais biológicos, a decepção... Se o resultado fosse positivo, Maite sofreria um grande baque, descobriria a crueldade que os pais fizeram, dúvidas se formariam ainda mais em sua mente, novamente a decepção. Decepção para ambas as partes então. E tinha ainda mais um ponto importante: Se o teste desse positivo, como ficaria a vida das duas, agora? Não iria ser tão simples saber da verdade, apenas.

Ninguém poderia imaginar, mas viria acontecer muitas coisas ainda...

Quase meia hora depois, Maite e Lucy saíram da sala, em silêncio, sem pronunciar sequer uma palavra, assim como permaneceram enquanto estavam dentro da sala. Então, Lexie avançou até a filha, observando-a.

- Se sente bem?

- Sim, não se preocupe. - Lucy assentiu, soltando o braço que fora realizado o procedimento, olhando para Maite.

- O resultado sairá amanhã, esse mesmo horário. - Maite disse para Logan, que a deu um beijo terno na testa, assentindo.

- Bom, então todos saberemos a verdade amanhã! - Lucy exclamou.

- Podemos marcar para vermos o teste na minha casa, o que acham? - Mark sugeriu.

- Não. - Maite negou, olhando-os. - Em um café. Não quero que ninguém desconfie de nada. E eu me sentirei menos desconfortável.

- Você nem soube o resultado e já quer abafar o caso? - Lucy cruzou os braços, sorrindo ironicamente.

- Lucy... - Mark tentou amenizar a situação.

- Eu não quero me expor e expor você, garota. - Maite a encarou firme. - Amanhã nesse mesmo horário espero vocês com os resultados no café que tem aqui do lado. Tenham um bom dia! - Maite colocou a bolsa sobre o ombro, saindo em passos largos do prédio, sendo acompanhada por Logan.

- Droga...! - Lucy murmurou entre dentes. - Vamos embora! - pegou a bolsa, saindo apressada.

- Lucy...! - Mark observou-a sair.

- Filha, espere! - Lexie gritou, saindo atrás dela com Mark.


Talvez esperar vinte e quatro horas pelo resultado, seria demais...

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