Capítulo 16

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- Você tem muitas coisas para me contar, certo?

- E você nunca erra, isso chega a ser assustador, as vezes.

- Eu sou sua melhor amiga, Maite. Tô nesse posto e acho que sirvo muito bem para isso.

- É claro que serve... - Maite suspirou, olhando-a. - Eu preciso te contar algumas coisas, eu não tô conseguindo segurar tudo sozinha.

- Eu estou aqui. - Anahí segurou sua mão, e então Maite suspirou novamente. - Conte.

Poderia muito bem ser uma conversa comum entre amigas, um problema que uma quisesse partilhar com a outra, para quem sabe, diminuir um pouco as preocupações, era isso o que melhores amigas faziam, e Maite tinha toda a certeza do mundo que Anahí seria sempre a pessoa na qual ela poderia recorrer fosse qualquer situação. Mas não era tão simples assim, não mesmo, e para contar tudo, Maite precisaria de coragem.

Simplesmente por não ser fácil, não naquela situação tão desesperadora. Tão cheia de surpresas e bomba por cima de bomba. Literalmente.

E então, buscando por toda a força necessária, e a única que tinha naquele momento, Maite começou dizendo por aquilo que ela pensou ser mais fácil.


- Então, eu estou grávida... - A morena viu a amiga esbugalhar os olhos, os cristais azuis que tão bem reluzia, agora parecia ser de total surpresa.

- Isso quer dizer que... - Anahí gaguejava.

- Sim, você vai ser tia, mulher! - Maite exclamou, soltando uma gargalhada e então Anahí a olhou totalmente séria.

- Aí meu Deus, Maite! Eu tô... eu não... meu Deus! - Anahí tentava falar, seus olhos brilhavam. - Eu estou tão feliz por você...!

- Foi algo inesperado. - Maite fez uma careta. - Mas foi bom, quer dizer... Eu só descobri porque passei por um momento difícil, estressante, e então fui parar no hospital.

- Hospital?! - Anahí a interrompeu de imediato, levantando as mãos. - Não me diga que aconteceu algo com você ou com o bebê, ou que...

- Não! Nem pense nisso...! - Maite a interrompeu, segurando as mãos dela. - Estamos bem, agora.

- Aí, graças a Deus! - Anahí exclamou. - Eu estou tão feliz, de verdade! - puxou Maite, abraçando-a.

- Ainda tem mais uma coisa...

- Ainda...? - Anahí franziu a testa, olhando-a estranhamente.

- É. eu fiz o teste de DNA com a tal garota.

- E então?

O olhar de Anahí expressava curiosidade, ansiedade, e ela esperava que Maite continuasse, sem dizer uma palavra sequer, estava ali para ouvi-la, e o faria.


- Deu positivo. Ela é a minha filha. - Maite então finalmente disse o que ela já esperava. - Ela realmente é a minha filha e eu te juro que não estou sabendo o que fazer. Pela primeira vez na minha vida, eu não sei o que fazer. Eu jurei a mim mesma que manteria a calma, mesmo que o resultado desse exame fosse o contrário, eu permaneceria calma porque se tratava de um assunto delicado. E então... Então eu descubro que tenho uma filha, que fui enganada pelos meus pais, traída, e que, apesar de não ser culpada, ela me odeia.

- Ela te disse isso? Vocês chegaram a conversar depois? Deus, eu não sei nem o que pensar. - Anahí suspirou exasperada, sem mexer um músculo sequer.

- Não. E de três, de cinco vezes que nos encontramos, ela disse que me odiava. - Maite cruzou os braços em um gesto acuada, abraçando o próprio corpo. - E isso me deixa... me deixa desesperada...!

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