Cap. 2 - Bola fora

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Eu olho novamente para esse teto, enquanto escuto a respiração pesada ao meu lado

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Eu olho novamente para esse teto, enquanto escuto a respiração pesada ao meu lado...

Esse seria o meu último cliente da noite. Meu serviço tem começo, meio e fim. E eu já me arrependi várias vezes de isso ser assim... A vontade que sempre sinto quando eles tombam em cima de mim e simplesmente sair dali o mais rápido possível.

Mas eu sou profissional, eu termino tudo o que começo. E pra passar mais confiança, eu peço metade do valor antes e o restante depois da noite executada.

O "bola-fora" da vez é executivo, tem 45 anos e precisava aparecer acompanhado num jantar cheio daquelas frescuras e pessoas tediosas. Ele descobriu meu serviço com um outro cliente. Sou realmente boa no que eu faço, tenho até carta de recomendação.

E outra coisa que aprendi é que tempo é dinheiro...

_Eiiii, bora acordando, bonitão! (Falei enquanto sacudia o ombro dele)

_Ãh? Onde eu tô? O que aconteceu? Aiiii minha cabeça... (Ele estava tentando se situar)

_Calma, você está bem... aí do seu lado estão duas aspirinas e um copo d'água. É melhor tomá-las logo.

O cara olhava pra mim com certa dificuldade, era sempre assim... Bufei impaciente e disparei até o banheiro.

Ainda conseguia ouvir os resmungos do "bola-fora".

_Porra, minha cabeça dói demais... Eu nem lembro de ter bebido tanto assim!

_Tome o remédio e volte a deitar! (Gritei de onde estava)

O banho sempre me revigorava... A forma como eu me esfregava, me dava a ilusão de que poderia limpar todas as impurezas da minha alma. Ilusão... triste ilusão!

Desliguei o chuveiro, me sequei, coloquei a roupa extra que sempre trazia para esses "encontros", me olhei novamente naquele enorme espelho, deixei as lágrimas sufocadas cairem e quando senti que estava pronta, respirei fundo e fui encarar a parte chata disso tudo.

Desliguei o chuveiro, me sequei, coloquei a roupa extra que sempre trazia para esses "encontros", me olhei novamente naquele enorme espelho, deixei as lágrimas sufocadas cairem e quando senti que estava pronta, respirei fundo e fui encarar a parte...

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Ele estava deitado, nu, com um braço em cima dos olhos... Assim que percebeu minha presença, me olhou.

_Porra, você é realmente linda!

_Obrigada... mas agora eu realmente preciso ir.

Ele olhou pra mim e entendeu o que eu queria dizer.

_Ah claro... (levantou cambaleante da cama e foi até a sua calça) _Aqui está a segunda parte!

Pegar aquelas notas tinham vários significados pra mim. Elas me mantinham e também me humilhavam. Eu era uma mercadoria...

_Espera, espera... aqui tem mais do que o combinado! (Notei enquanto contava as contas na frente dele)

_São suas, pegue... Você foi ótima no jantar. Eu podia notar os olhares de inveja dos meus colegas de trabalho e isso não tem preço.

_Que bom que pude ajudar... (Dei de ombros)

_Obrigada mesmo... é... é... desculpa eu esqueci seu... 

_Brielle! 

Respondi impaciente enquanto guardava o dinheiro e colocava minha bolsa sobre os ombros.

_Brielle... lindo nome... olha pegue o meu cartão, caso queira me ligar. Só evite fazer isso à noite porque sabe, eu tenho uma pessoa e...

Bola-fora idiota.

_Escute um momento, eu não preciso do seu cartão. Acredite, eu não irei te ligar. E já que você tem uma pessoa, leve-a da próxima vez. Mas se ela ou ele não fazem questão de acompanhar uma pessoas "tão interessante" como você... já sabe como me contratar!

A cara que ele fazia valia mais do que o dinheiro em minha bolsa.

_Adeus, sua vadiazinha de merda!

Não valia a pena responder, apenas fiz o de sempre... Dei-lhe meu sorriso mais cínico, soprei um beijo e sai sem olhar pra trás!

(...)

Eu andava pelas ruas, olhava as pessoas passando apressadamente e quando uma delas parava pra me olhar, eu sentia que estava escrito em mim o que eu fazia para viver. Acredite, não é uma sensação boa.

Eu faço esse tipo de trabalho a tanto tempo e parece que nunca vou me acostumar. Sei que muitas mulheres também o fazem e isso não as tornam menos dignas, pelo contrário. Tem que ter muita coragem pra enfrentar essa rotina. Precisa ter muita coragem para enfrentar os riscos e tudo essa bagagem que a profissão traz. 

Parece que nunca vou me acostumar com a sensação que me acompanha a cada novo encontro, a cada novo "bola-fora", a cada nova  

Quando falo dessa sensação, me refiro ao vazio... Ao vazio que sinto cada vez que bato aquelas portas e saio para voltar à minha realidade.

Hoje será mais um dia daqueles, hoje terei novos encontros, hoje eu serei mais uma vez a Brielle, hoje deixarei mais uma vez a Gabriela adormecer dentro de mim.

E assim os dias irão passar... E no final, o que irá sobrar de mim? 

 E no final, o que irá sobrar de mim? 

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