.Cara a Cara com o Diabo.

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Acordo sozinho na cama, meu corpo estava nu por de baixo das cobertas.

"Alec? Você está aí dentro?"– perguntou a voz doce de Scarlet que batia na porta.

Abro meus olhos, a luz do dia batia em meu rosto.

"Pode entrar Scarlet."– digo.

Ela invade meu quarto com a cara de surpresa.

"Nossa. Está tudo bem?"– perguntou me olhando. Ela se joga na minha cama se enfiando por de baixo das cobertas.

"Sim, estou ótimo."

"Percebi. Cadê ele?"– pergunta olhando pra mim.

"Quem? Flitz?"– pergunto meio tonto.

"Não, o Sr. Johan? Não o vi de manhã. E por que você está aqui?"

"Tantas perguntas, que curiosa!"– digo sorrindo.

"Eu moro aqui, e vim pra cá para ficar um tempo sozinho, longe daquela fortaleza."– digo.

Ele me cerra com os olhos.

"Sozinho, e trouxe o rei da fortaleza pra cá, porque queria ficar sozinho?"– disse debochando.

"Aconteceu!"– falo sorrindo.

Ela pega um bilhete na cabeceira que tinha um copo de suco.

"Hum, está escrito bem assim: Nos vemos mais tarde. Bom dia! – S.J."

Ela sorri do meu constrangimento.

"Vou te deixar sozinho um pouco. Você tem 7 minutos se não vai se atrasar para universidade."–disse ela se levantando da minha cama.

***

A Sr. Tyler me pediu para que lhe enviasse os últimos três livro dos meses de Agosto e Setembro. Pedi então para que Ambar pudesse levar até a central.
Os últimos servidores da Editora já haviam ido para suas casas, no momento então, só estava eu. Resolvendo alguns assuntos pendentes de Elrond.
Recebo uma mensagem de Sávio dizendo que já estava me esperando.
Abaixo a tela do notebook e seguro no
meu braço esquerdo enquanto o outro pegava minha bolsa na mesa de madeira atrás de mim.
Desço as escadas, vendo já Sávio através do vidro, ao telefone. Ele desliga e vem até meu encontro.

"Oi Alec!"– disse me beijando, ele me abraça, sua barba espetava meu pescoço.

"Vamos."– digo me soltando dele.

Lembrou-me que esqueci meu celular na minha sala.

"Meu celular... Já volto..."–digo voltando para escada.

Sávio segura meu pulso, me fazendo olhá-lo.

"O que foi?"– pergunto rapidamente.

"Eu vou."– falou sorrindo.

Seu celular toca, ergo uma sobrancelha e digo. Parecia algo importante...

"Está tudo bem, atende a Hayley, deve ser importante. Vou rápido."–digo dando um beijo em seu rosto.

"Tudo bem."– ele sorri e atende o celular com rapidez.

Ando depressa até minha sala. Meu celular estava sobe à mesa junto com alguns papéis de revisão.– A porta atrás de mim bate enquanto eu olhava aqueles papéis.– dou um pulo de susto me virando para ver a arma que estava apontada para mim.

Mirandha

Foi a única palavra que saio de minha boca. Tento recuperar o fôlego para tentar acalmá-la. Ela segura com as duas mãos a arma que ainda estava apontada para mim.

"Aceita um café?"– pergunto olhando para ela. Me aproximo da máquina de café.

Sua roupa estava suja. Seu corpo estava com alguns arranhões e hematomas roxos pelo pescoço e braços. Seus pulsos estavam enfaxados.

"O que você tem que eu não tenho."– disse ela com uma voz rouca.

Penso para responder. Inspiro fundo, tentado acalmar minha respiração apavorada, caminho em direção à minha mesa.

"O Dominador...o Sr. Johan... ele deixa você chamá-lo pelo nome."

"Não sou um submisso, Mirandha. O Dominador sabe que não sou capaz."

Ela inclina a cabeça para o outro lado. É um gesto absolutamente perturbador e nada natural.

"Você se parece comigo. O Dominador gosta de moças obedientes que se parecem com você e comigo. Somos todas iguais...e, no entanto, você dorme na cama dele. Eu vi vocês."

"Você me viu na cama dele?"– sussurro.

Sua mão se flexiona em torno da arma, e eu arregalo os olhos, que ameaçam saltar do meu rosto.

"Por que o Dominador gosta da gente desse jeito? Me faz pensar numa coisa...numa coisa...o Dominador é um homem sombrio, mas o amo."

"Mirandha, você quer me dar a arma?"– pergunto, delicadamente.

Ela aperta a arma com força, abraçando-a junto ao peito.

"O que você tem que eu não tenho?"– grita ela.

"Não tenho nada, eu sou nada. Uma hora ele irá se cansar de mim e vai me trocar."– digo me aproximando dela lentamente.

"Não se aproxima de mim."– falou calibrando a arma.

"Mirandha, Sávio está lá em baixo, ele fala de você sempre, ele gosta de você!"– tento mentir, mais ela atira na parede ao meu lado. Sua mão tremia, foi sorte ela não ter me acertado.

"Não minta pra mim... Ele deixa você chamá-lo pelo nome. O mestre não merece você. Ele deixa você dormir na mesma cama. Por que?"– disse voltando a arma a mim.

A porta se abre e dela entra Sávio e Thiago. Thiago se posicionou ao meu lado pondo a mão em meu ombro.

"Mestre ..."– disse Mirandha ao vê-lo.

Ele faz sinal para que ela apontasse a arma em sua direção.

"Sávio...?"

Fico surpreso pela obediência da garota, assim como Sávio mandou, ela o entregou a arma e se ajoelhou ao seus pés e de cabeça baixa, da mesma forma que eu fiz no quarto da Dor.
Fico estatelado vendo a submissão da garota. As lágrimas começaram a escorrer do meu globo ocular, eu vi o quanto ela era perigosa, mais o monstro ali era Sávio. Como ele podia fazer aquilo com as garotas?

Ele me olha e vê meu desespero.

"Alec, vai pra minha casa. Já chego lá."– disse num tom alterado e bravo.

Não conseguia me mover vendo o quão horrível estava sendo aquela cena. Eu jamais poderia oferecê-lo aquele tipo de submissão.

"Thiago leve ele daqui!"

Thiago tira sua mão de mim e diz meu nome. Saio do escritório e sigo até o carro, ele abre a porta, engulo seco olhando em seus olhos. Minha mente estava uma confusão de emoções e desastres. Minhas vistas se escurecem por belos longos minutos, até perceber o quão eu exatamente queria ficar sozinho.

"Entre, Sr.Clarie ..."

Olho para dentro do carro e me afasto indo em direção a calçada.

"Senhor Clarie... Alec!"–disse Thiago me olhando.

"Me deixa em paz..."

E sigo sem rumo...

Meu Advogado !Onde histórias criam vida. Descubra agora