A carta

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O cheiro de terra, grama, flores, predominavam o local, ele conhecia muito de plantas, era a única coisa que os pais achavam que era bom ele gostar, reclamavam da terra e pediam para ele ter mais cuidado, que ele deveria voltar belo como uma flor, ele não queria ser flor, não do jeito que os pais dele esperavam.

Sentiu o molhado da terra entrando nas suas roupas, era claro que o jardineiro tinha acabo de rega-las, o que parecia estranho, já que elas eram regadas na parte da tarde, talvez ele tivesse um compromisso ou algo assim concluiu Théo, ele ajudava na horta e no jardim da escola, por esse motivo conhecia bem da rotina do jardineiro.

O vento bateu de leve nas flores e o cheiro foi intensificado, fechou os olhos e pensou como seria bom viver assim no meio do mato, perto da natureza, respirou fundo sentindo o ar, respirou fundo e colocou a mão na terra e decidiu que era hora de começar a se arrumar para voltar para casa, talvez se entrasse de fininho ninguém ia reparar que ele tinha saído.

Pegou a mochila que estava um nojo, com terra grudada nela, molhada, ficou olhando para ela enquanto pensava como faria para deixa-la usável até segunda-feira.
- A CARTA! Por um momento ele tinha esquecido, começou a revirar a bolsa e encontrou ela no meio da bagunçan ficou impressionado que ela estava intacta sem nenhum amassado, retirou ela com cuidado e ficou olhando para o envelope, ele tinha formado de folha, era esverdeado e as letras do nome dele estavam em dourado, o endereço da casa dele estava correto e na parte da frente não tinha um remetente, apenas um selo que não tinha sido quebrado, não conseguiu entender bem o selo, parecia uma árvore, não tinha mais o que olhar, ele teria que abrir para saciar a dúvida, rompeu o lacre com toda a delicadeza que pode, ele segurava o papel como se fosse o mais frágil cristal, as mãos tremiam e mesmo elas sujas, não sujam o envelope, abriu, segurava o ar, quando puxou o conteúdo se surpreendeu com a quantidade de papéis que tinha dentro, o envelope era muito fino, pensou que só teria um bilhete, colocou a primeira folha no colo e começou a ler, as letras pareciam com as que estavam no envelope e a cor do papel era de um verde claro.

Sr. Théo Heroico de Oliveira,

A escola de magia e bruxaria Castelo-Bruxo tem a honra...

Quando foi ler o resto, ouviu um som vindo do portão e jogou a carta dentro da bolsa e foi se escondeu, quando viu que era o jardineiro, respirou aliviado, pensou que os malucos do parque tinham seguido ele, saiu do esconderijo.

- Oi Senhor Cau!
Na opinião de Théo, Cau era um bom jardineiro, ele tinha amor ao que fazia e ainda era legal com ele.

- Hei, é vo...O moço olhou para a cara de Théo e ficou espantado.-...o que aconteceu com você?

- Eu cai.
Théo estava ali e não estava, o tom da mentira saiu pior do que ninguém, ele voltara a fixação a carta e agora sabia que ela era uma brincadeira, ele sabia muito bem que não existia escola de magia, agora teria que ler tudo para ver se existia alguma dica de quem tinha enviado o envelope para ele.

- Sabe, eu já me meti em brigas quando menino.
Cau era um senhor, parecia que já tinha dado a hora dele se aponsentar e ele sempre voltava a cada dia nos horários certos, morava em uma casa ao lado da escola. -...Olha, eu tenho um kit de primeiros socorros e vivem largando roupas aqui na escola, podemos achar algo limpo para você, eu tenho a chave de onde colocam, tem muita coisa e depois de seis meses as roupas são enviadas para doações.
A voz dele era calma, ele no final piscou para o menino.

- O senhor não vai se encrencar?
Théo gostaria de ter roupas limpas, porém não queria arriscar o emprego do jardineiro.

- É só procurarmos algo na pilha que tem seis meses e você não aparecer com essa roupa na escola, que deve ficar tudo bem.
Ele começou a andar pelo jardim e Théo foi atrás, eles andaram por parte da escola e chegaram no que chamavam de armazém.
- Senta ali no banco.
Indicou Cau.

- Tudo bem.
Cau não demorou muito para voltar com uma maleta de primeiros socorros e umas roupas debaixo do braços.

- Quando eu terminar o curativo, você escolhe entre essas coisas.
As roupas que ele colocou ao lado do menino no banco era de cores cinza, preto e azul escuro, com toda a certeza ele acharia algo que gostasse, tentou não gemer de dor, só que escaparam alguns lamentos.

- Pronto, agora escolhe algo e vai se trocar no banheiro.
Cau fechou o kit de primeiros socorros e o garoto escolheu um camisa preta com a frase "hi stranger" e uma calça preta de moletom, não sabia ele como alguém poderia esquecer a própria calça. -...agora que você escolheu, eu vou guardar o resto, enquanto você se troca.

Théo correu para o banheiro, trocou de roupa e a roupa coube perfeitamente bem, seu corpo estava cheio de roxos de onde tinha levado os socos, dobrou a própria roupa e socou na mochila tornando a zona de dentro maior, já estava saindo do banheiro quando considerou olhar no espelho, andou devagar até o espelho e quando encarou a imagem, esperava pelo pior cenário, já que Cau tinha se assustado, porém por milagre não via nenhum roxo no rosto, o único sinal que tinha acontecido algo com ele eram os curativos, saiu correndo do banheiro.

- SENHOR CAU, SENHOR CAUUU!!! MEU ROSTO ESTÁ PERFEITO!
Ele gritava de felicidade enquanto corria e sentiu uma pontada na costela e na boca do estômago. - AIII! Colocou a mão na barriga.

O senhor saiu correndo do armazém.
- O que aconteceu?

- Meu rosto, olha pra ele, ao menos ele está perfeito...Mostrou o rosto para o jardineiro que começou a rir.

- Você pensou que ele estava como? Perguntou ele com o ar divertido.

- Ué, todo acabado, você percebeu da bri..digo, da queda, antes mesmo que eu falasse.
Théo falava rápido, estava feliz que não daria tanto na cara o que tinha acontecido.

- Eu vi o estado da sua roupa e você que foi falando que caiu e...Olhou o relógio.-...Olha a hora, estou atrasado.Enfiou a mão no bolso e tirou um frasco pequeno que parecia um potinho de lantejoulas -...pega esse frasco com pomada, deve ajudar no resto. Empurrou o frasco para o menino e saiu andando em direção a portão de forma apressada, Théo foi atrás tentando acompanhar e logo estavam no portão.
-...vá direto para casa e tome cuidado.
O jardineiro esperou apenas o menino passar pelo portão e fechou de forma rápida e saiu antes de Théo agradecer.

- OBRIGADO SENHOR CAU!
Gritou e saiu correndo para casa, cada segundo na rua, era mais um segundo que seus pais poderiam descobrir que ele saiu.

(Perdão pela demora *---*)

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