Capitulo 14.

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Harvey caminhava de um lado para o outro no corredor do hospital. O cheiro de antisséptico e as brilhantes luzes de neon o deixavam atordoado. Não lembrava de haver se sentido tão impotente. Donna havia pedido para que ele esperasse do lado de fora enquanto a examinavam e ele respeitou o seu desejo, mas queria estar com ela, queria fazer algo útil.

Quando a enfermeira apareceu para dar notícias, ele quase a derrubou.

— Como ela está? E o bebê?

— Ainda não sabemos se ela perdeu o bebê. A doutora vai fazer uma ecografia para ver como está.

— Quanto tempo vai demorar?

— Não muito. Há uma máquina de café no final do corredor e uma sala com assentos bastantes cômodos, caso você queira esperar ali.

Harvey negou com a cabeça. — Eu gostaria de ficar com ela...

— Sim, claro. Ela também perguntou por você, mas é preciso esperar que a doutora a examine. Aguarde uns minutos e em seguida você vai poder entrar.

A enfermeira voltou a entrar no consultório e Harvey voltou a caminhar de um lado para o outro.

Já estava perdendo a paciência quando finalmente disseram que ele podia entrar. Donna estava deitada na maca, parecia tão frágil que sentiu que seu coração se partia. Se aproximou dela e pegou em sua mão.

— Como está? – ele perguntou para a doutora.

— Ela deixou de sentir as pontadas e isso é positivo. – a doutora disse enquanto olhava para suas anotações. — Eu não consegui encontrar os batimentos cardíacos do bebê mas saberemos mais com a ecografia. – ela olhou para os dois com uma expressão séria. — Os abortos espontâneos são bastante comuns nas primeiras semanas de gravidez.

— Você tá dizendo que a Donna perdeu o bebê?

— Estou dizendo que é uma possibilidade. Eu sinto muito mas meu dever é prepará-los para o pior. – Donna queria chorar, mas as lágrimas estavam presas. Harvey fez algumas perguntas para a médica antes que ela saísse.

— Não parece que existam boas perspetivas né? – Donna disse com uma voz trêmula.

Harvey sentou na beira da cama e a olhou com doçura. — A doutora estava nos preparando para o pior mas isso não significa que o pior vai acontecer.

— Não quero perder o meu bebê Harvey. – ela sussurrou. — Desejo tanto ele...

— Eu sei. – ele acariciou a bochecha dela. — Mas é melhor ter pensamentos positivos. – ele sentou-se ao lado dela e passou um braço pelos seus ombros.

Donna se apoiou nele, agradecida por ter-lo ao seu lado. Fechou os olhos e tratou de demonstrar força. — Desculpa Harvey.

— Desculpar pelo o que? Você não fez nada.

— Pelas coisas que eu disse na comida.

— Eu merecia. Depois de tudo, sempre gostei de viver a vida sem compromissos, você tem razão a meu respeito, sou um deserto emocional.

— Eu não tinha o direito de dizer isso. – murmurou Donna.

— Claro que tinha, porque é verdade. – Harvey pegou nas mãos dela. — Acredito que tratei de ser assim para me sentir mais seguro. Você é uma pessoa sensível e amorosa e necessitava de mais, por isso terminou comigo. E eu não te culpo. Eu estava cego, não era capaz de ver a verdade, ou não queria ver.

— E agora você se deu conta de quer ser pai, de que está pronto para esse compromisso...

— Não me dei conta só disso. Eu tentei te falar no almoço o que eu sentia por você. Você mudou a minha vida no dia que entrou naquele bar e disse que queria trabalhar comigo. Tentei me convencer de que não verdade, fui teimoso e covarde em não escutar meu coração. Você faz com que eu seja uma pessoa melhor, faz minha vida completa. Eu não quero só sexo Donna, eu quero tudo. Em Las Vegas eu compreendi que sou doido por você!

As batidas do coração de Donna eram tão intensas que ela não foi capaz de pronunciar uma palavra.

— E então você disse que tava grávida...eu quero você e quero esse bebê mais que tudo nessa vida, tanto que chega a doer. E acredito que me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi, mas fui muito estupido todos esses anos. Agora não sou capaz de pensar na minha vida sem você. Se nós perdemos o bebê... – a voz dele falhou. — Desculpa...mas eu preciso tanto de você. Estou te pedindo uma oportunidade, quero que enfrentemos essa situação como um casal.

Donna rodeou seus braços no pescoço dele. — Eu desejo o mesmo. Mais do que você possa imaginar. Eu te amo Harvey, por isso terminei com você, estava convencida que você nunca iria corresponder a esse amor.

— Então...aconteça o que aconteça na ecografia, vamos enfrentar isso juntos? – ele perguntou esperançoso e ela assentiu.

— E você vai casar comigo? Não diz que não! – ele colocou um dedo sob os lábios dela. — Sei esse não é o momento mais oportuno mas tenho que dizer isso agora mas, eu te amo e quero que você me dê uma oportunidade de demonstrar que meus sentimentos são sinceros. – ao ver que uma lágrima descia pelo rosto dela, ele acrescentou. — Não chora por favor, parte meu coração te ver chorar.

— Você não deveria estar dizendo isso.

— Eu sei. Mas se nosso bebê está bem e eu te digo depois vai parecer que só disse isso porque vamos ter um filho. E se as notícias são ruins, Deus queira que não, ao menos algo bom vai ter surgido dessa situação.

— Você não sabe o que está dizendo Harvey. – ela disse emocionada. — Se perdermos esse bebê, você poderia estar se comprometendo com alguém que não poderia te dar uma família.

— Existem outras opções. Nós vamos enfrentar tudo juntos.

— Não posso pensar nisso agora.

Harvey queria insiste mas Donna parecia muito angustiada. — Tá certo. Mas lembra que eu estou do seu lado e que vou estar sempre, passe o que passe.

Alguns segundos depois a enfermeira voltou. — É hora de fazer a ecografia Donna.

Donna nunca esqueceria os seguintes momentos enquanto a levavam pelo corredor em uma cadeira rodas para uma sala em que estava uma médica que não era aquela primeira.

— Tá tudo bem? – Harvey perguntou para a doutora.

A médica não respondeu de imediato, estava concentrada na tela, mas um momento depois, ela sorriu.

— Posso ver o seu bebê e sim, tá tudo bem.

Donna sentiu um alívio intenso e colocou as mãos no rosto, finalmente soltando o choro. Harvey a abraçou. — Tá tudo bem amor, tá tudo bem.

      

                                                                 FIM.

Darkness and LightOnde histórias criam vida. Descubra agora