Capítulo 2

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Senhor, reconheço sua presença em minha vida.
Sei que o senhor vive em mim porque eu o aceitei como Salvador e estou livre da culpa mesmo sendo pecadora."

Meu sentimento de culpa era devastador. E cada vez que eu permanecia no hospital o remorso me enchia, pelas coisas que tinha feito de errado. Era sempre assim, a culpa me consumia depois de uma grande burrada.
Não me recusava a me sentir mal, por causa de minha mãe e seus constantes choros. Antes sempre que eu me sentia culpada achava que era porque minha mãe havia incutido em mim sua raiva constante, mas depois de um tempo, percebi que sentir culpa por causa dela era perda de tempo. E mesmo assim sentia.

Ela tinha um jeito de fazer tudo parecer errado aos olhos de Deus, e me fazia sentir culpada até por está viva.

Já tinham se passado dois dias depois que ouvir sobre uma possível alta, mas eu continuava no maldito hospital. Era demais para minha sanidade ouvir a voz da dela o dia todo.
Toda vez que sentava na poltrona ao lado de minha maca e abria boca, me sentia perturbada e era teletransportada para aquele quarto escuro que Rodrigo me trancava debaixo da escada. Sempre que fazia isso gritava: "Você não vale nada, e nunca vai ser nada!"

Na maioria das vezes não  tinha certeza do que havia feito que justificasse ser trancada daquela maneira. Mas me convenci que era uma mulher muito má, e acreditava que todos as coisas negativas que dizia sobre mim era verdade.

Será que alguém também tinha culpa pelos erros do passado?
As vezes são por coisas que sabemos ou fizemos. E sobre um profundo arrependimento pelas coisas que poderia ter evitado.  São tantos motivos que me fizeram parar naquela maca, que o peso repousava sobre mim como um fardo esmagador.

Vivia em um profundo arrependimento… se pelo menos eu, se eu tivesse…. Era agoniante, pois a situação nunca poderia ser mudada. Estava feito. E parecia que não havia maneira de se viver com aquelas verdades, as vezes tentava empurrar lá para o fundo e nunca me permitir senti-las novamente.

Evitava olhar para minha mãe, para não falar sobre isso e não trazer a tona. O problema era que eu não  conseguiria fugir das verdades. Elas estavam em mim como uma doença, que afetavam a minha mente e emoções. Culpas se acumulavam, tornando um fardo literalmente insuportável.

Finalmente, Elisa surgiu. Isso queria dizer que minha mãe iria embora, me dando um tempo de sua presença culposa.

Depois que beijou minha testa e saiu do quarto, sentir a tensão que estava em mim, se acalmar. Elisa deixou a sua bolsa na poltrona e em seguida me deu um beijo na testa. Inconscientemente inalei o cheiro de morango de seu lindo cabelo. Parecia que eu estava em casa finalmente. Ela se sentou na poltrona e forçou a garganta tensa.

-- eu não sei se é uma boa ideia, mas você poderia me dizer -- disse, forçando um sorriso tenso. Franzi o cenho sem entender tantos rodeios -- é que Pedro está vindo aí.

Pedro! O meu Pedro?

Engolir em seco. Não tive  tempo de demonstrar minha reação, pois ouvir seus passos entrarem no quarto, mesmo sem olhar. Permaneci com a mesma expressão, mas foi impossível não olha-lo. Encontrei seus olhos castanhos, e quando me foquei totalmente nele, percebi que estava diferente, assim como eu.
Não era mais aquele homem ferido do funeral de sua mãe, eu não era mais aquela mulher. O mundo havia me destruído. O mundo havia o destruído e Jesus o havia reconstruído. Sabia disso, pois Pedro era forte. Eu sentia isso.

-- Olá Andy -- disse com sua voz grossa. Desviei meu olhar dele e foquei na sua camisa social branca, e calça preta. Ele sabia se vestir. E eu sabia como desviar meu foco.

-- ela não fala muito -- comentou Elisa. Observei se levantar da poltrona e pegar sua bolsa. Seguir seus movimentos com o meu olhar, enquanto ia para fora do quarto -- talvez ela fale com você.

Elisa foi embora, me deixando com Pedro. Ele me encarou por um longo tempo, não abaixei meu olhar. Até que suas lágrimas caíram ferozmente. Eu me sentir totalmente confusa. Mas não demonstrei nenhuma reação. O que podia nos livrar dessa culpa? Era sempre assim, não era somente eu que me sentia culpada, isso tinha esquecido de mencionar. As pessoas ao meu redor também se sentiam responsabilizadas pelas merdas que eu fazia.

Ele levou suas mãos para o meu cabelo massageando de leve enquanto chorava. Não havia motivos para falar nada. Pedro era a única pessoa que sabia que não iria adiantar dizer: "Não se preocupe com isso… não foi culpa sua… você não pode culpar a si mesmo..." Isso não iria me livrar do que eu sentia por dentro.

Não contei quando tempo ele ficou assim. Mas enxugou as lágrimas, e olhou em volta do quarto.

Havia um buquê de rosas vermelhas no canto da porta que recebi da enfermeira Ana, as máquinas já tinham sido desligadas. E minha Bíblia estava na mesa pequena ao meu lado. Ele olhou para ela, e me deu um pequeno sorriso, como se tivesse se desculpando por tudo que passei. Se não fosse isso, eu não sabia o que era.

-- acho que você não precisa de mim para falar sobre algo que você já sabe -- enunciou olhando para a minha Bíblia -- pensando bem, você deve saber mais do que eu.

Ele estava imerso aos seus pensamentos.

-- você está aqui, é a prova viva -- Pedro beijou minha testa e se afastou -- mas eu volto amanhã Andy.

Deixei ele de lado me focando somente em suas palavras. A verdade era que, somente o perdão Jesus Cristo me livraria da culpa.

Eu sabia tudo sobre Ele, que quando recebemos Jesus, somos imediatamente libertos da punição dos nossos erros. E poderia me sentir livre de ter que enfrentar o fracasso do meu passado a todo instante. Que ao aceitar Jesus era ter paz por saber que meu futuro estava seguro.

A Bíblia dizia que toda aquele que crer nele terá vida eterna. Mas o que estava faltando?

Eu sabia exatamente o que estava faltando. Tomar decisões para me fortalecer na sua fé. Pois aprendi que Deus promete se nós o reconhecermos, ele nos guiará com segurança ao caminho certo. Mas isso não significava que eu teria todas os meus problemas do mundo resolvido, e que nunca mais iria experimentar a dor novamente. Eu sabia de tudo isso, eu orava, mas não tinha fé suficiente para que Ele, de fato, fosse me responder.

E minha primeira decisão naquela noite, foi voltar a acreditar em Jesus, e recebe-lo na minha vida. Eu nunca iria voltar a fazer aquilo novamente. Pois a vida não era minha, tinha entregado para Ele uma vez, e uma vez que Deus o trai para Ele, já está feito.

É a culpa? Já não era mais minha. Pois eu havia me arrependido.

Mas precisava me lembrar, as coisas não eram fáceis por causa disso. Não enquanto estivesse nesse mundo.

Oi pessoinhas do meu ❤. Gostaria de agradecer por está lendo meu livro. E se vocês estiverem alguma pergunta ou dúvidas. Ou algo que eu poderia lhes ajudar estou a disposição. Bjs.









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