Capítulo 3

316 51 10
                                    

Senhor, ajude-me a seguir em frente. Ajude-me a vê sua misericórdia na minha vida.
Amém!

Ao sentir o cheiro da comida de minha mãe, entrei em uma espécie de surto. Havia um batalha dentro de mim. 

Elisa estava no campus. Quando saiu, ela me olhou como se não quisesse me deixar sozinha. Minhas mãos tremiam com a ideia de ficar a sozinha com ela.

O pânico era o primeiro sintoma.

Eu acariciava o pêlo branco de Luz, para tentar me acalmar. A sensação que poderia ser presa novamente resistia para sair de mim. Eu não sabia que o fazer.

Comecei a falar repetidamente o nome de Jesus por muito tempo. Queria que Ele limpasse minha alma, meu corpo, meus pensamentos, meus sentimentos. Aos poucos fui me acalmando. Não tinha nem vinte quatro horas que sair do hospital e não gostaria de voltar para lá.

Fiquei o máximo possível afastada de minha mãe. Havia uma barreira entre nós duas, que eu ainda não estava disposta a derrubar.

Ela veio com um prato de sopa em minha direção. Sentou no sofá ao meu lado e encheu a colher levando a minha boca.

-- eu sei comer sozinha -- disse o interceptando. Ela me tratava como se fosse de vidro, como se a qualquer momento fosse quebrar em pedacinhos tão pequinininhos que seria incapaz de me colar novamente. Me levantei do sofá  deixando Luz de lado, e caminhei em direção a cozinha.

-- estou cansada de comer sopa -- disse. Ouvir seu pedido de desculpas baixinho. 

Entrei na cozinha. Abrir o armário pegando um pacote de macarrão. Rodrigo sempre gritava dizendo que cozinhava mal. Mas eu tinha minhas dúvidas, porque nunca morrir comendo minha própria comida.

Coloquei a água em uma panela e liguei o forno. Ainda estava com o mesmo vestido que sair do hospital, não conseguia me lembrar de alguma roupa minha que valesse a pena para tira-ló.

-- então você odeia sopa? -- virei-me rapidamente. E Pedro estava encostado na parede perto da porta. Tive a leve impressão que estava no mesmo lugar a bastante tempo. 

-- odeio sopa -- disse colocando o marcarão na panela que já estava fervendo.

-- está no horário de almoço, e pensei em passar para saber como você está -- comentou andando para perto de mim.

-- você quer almoçar? -- perguntei. Não gostaria de responder sobre como estou me sentindo. Não era uma pergunta boa para o momento.

-- o que exatamente você está prentendendo fazer?

-- uma macarronada -- falei abrindo a geladeira em busca de cebolas e algum tempero que servisse. Coloquei os ingredientes em cima do balcão, mas lembrei que deveria pegar na faca.

Eu lembrava exatamente a última vez que tinha pegado em uma faca. E as coisas não foram boas. Parei e respirei, olhando para o lugar que se guardava as facas. Existia umas cinco, com tamanhos diferentes. Pedro ficou me observando, enquanto olhava para as facas.

-- droga -- esbravejei. Eu não ia conseguir. Meus dedos já tremiam. Sentir quando ele tocou nos meus ombros.

-- não precisa fazer isso. Eu mesmo corto para você. Se acalme, eu estou aqui -- parecia que tinha uma voz mágica, capaz de acalmar totalmente qualquer parte de mim.

Ele pegou a faca e começou a cortar as cebolas.

-- Elisa e Lucas fizeram um grupo de oração enquanto você estava internada -- o olhei franzindo o cenho. Eu não acreditava que estava falando de Elisa, minha irmã -- ela está mudando. Desde quando conheceu Lucas e ele falou sobre Jesus a ela de uma maneira diferente, vejo que sua irmã não é mais a mesma.

Através da Sua Oração  (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora