X - Salve, Roma Santa!

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A cidade eterna, Roma, atrai constantemente uma multidão de peregrinos, vindos de todos os pontos do mundo. Na verdade, fora a Terra Santa, cujo solo foi pisado pelo Filho de Deus, e fora a nossa terra natal, em cujo seio repousam os restos dos nossos antepassados, não há em todo o universo, lugar tão santo, para os cristãos, como o solo de Roma.

Mas não é a vetusta capital do mundo antigo que nos entusiasma. Nem tão pouco é a cidade de incomparáveis obras-primas que nos inflama.

O que amamos é a pedra fundamental que está em Roma, e sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. Amamos o coração que pulsa em Roma, e faz circular a vida cristã nos membros da Igreja universal. Amamos a cabeça que, de Roma, dá as suas diretrizes, e promulga a doutrina cristã no mundo inteiro. Amamos a mão paternal que, de Roma, se eleva abençoando o mundo inteiro.

É nisso que consiste o atrativo misterioso da "Roma eterna".

"Salve, Roma santa!", exclamavam com entusiasmo, em 1.300, os peregrinos reunidos para o primeiro jubileu do ano santo, quando, após uma longa e fatigante viagem, do alto do Monte Mário, avistaram, aos derradeiros raios do sol, a cidade santa diante deles.

"Salve, Roma santa!", exclama ainda hoje todo bom cristão que reflete conscienciosamente no que a alma cristã deve a Roma. O amor entusiasta de Roma foi sempre o característico dos bons católicos no mundo inteiro. É um fato tão conhecido, que não é necessário discorrer ainda mais sobre ele. Mas por isso mesmo, será tanto mais útil, na presente instrução, estudarmos as causas desse fato e indagarmos por que é que nos chamamos a nós próprios, católicos romanos, isto é, por que é que amamos Roma.

Dupla será a nossa resposta.

1. Amamos Roma porque é lá que pulsa o coração da Igreja;
2. Amamos Roma porque é lá que vive o chefe da Igreja.

1. É em Roma que pulsa o coração da Igreja
Em primeiro lugar, reconhecemo-nos como católicos romanos e amamos Roma porque lá pulsa o coração da Igreja; e A) assim como aquela cidade foi a glória do cristianismo no passado, B) assim também ainda é a fonte vital do seu florescimento atual.

A) O glorioso passado do cristianismo está inseparavelmente unido ao nome de Roma
a) A velha Roma pagã também pode ter sido grandiosa, – mas como a alma humana era então miserável! Os Romanos distintos habitavam nos palácios de mármore dourado, liam Homero, Horácio, Virgílio; o Forum era cheio de vida, os templos pagãos numerosos – mas em seguida as portas da arena se abriam e, no Coliseu, imperadores, políticos, chefes de exército, escritores, poetas e vestais contemplavam com entusiasmo os combates de vida e de morte dos gladiadores. E aquela multidão de 90.000 pessoas reunidas no Coliseu ululava de indignação quando os gladiadores se poupavam mutuamente ou se aniquilavam demasiado rapidamente. Na realidade, os espectadores queriam ver sangue, sangue humano a correr longo tempo; tanto as vestais como os grandes homens de Estado. E quando o gladiador vencedor olhava para a tribuna imperial implorando a graça da vida para o seu adversário caído em terra, ferido, a mão delicado do imperador virava o polegar para o chão num gesto sanguinário: nada de perdão. Mata-o, mata-o! Era isso a Roma pagã.

b) Mas um dia, um pescador de Betsaida aproximou-se de Roma seguindo a via imperial; chamava-se outrora Simão, mas agora chama-se Pedro. Por outra via imperial, soldados romanos conduziam um prisioneiro que o governador Festo enviara da Judéia; chamava-se Paulo de Tarso. E quando Pedro e Paulo transpuseram as portas da grande cidade pagã, imediatamente a história do mundo foi transformada. Aquela Roma que até então era o ninho e o viveiro da sensualidade, dos combates de gladiadores, dos ídolos, começou a ser o ponto de partida e inicio duma nova, santa e nobre civilização, da espiritualidade cristã: Roma tornou-se o coração da Igreja. E, assim como das veias do corpo todo o sangue aflui ao coração, assim também Roma tornou-se o centro mundial de peregrinação, a mais velha cidade turística à qual, há dez séculos, quando ninguém falava ainda de turismo, os povos acorriam em multidão: eram atraídos pelas pulsações do coração da Igreja. Foi assim que Roma se tornou a "cidade eterna". Mas nela só há de eterno o que vem de São Pedro e de São Paulo.

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