II - A Igreja de Cristo é Una

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Será um fato certo que Cristo fundou uma sociedade visível, organizada, a que Ele próprio chamou "Igreja"?
Perfeitamente. Basta ler as palavras dirigidas a São Pedro em Filipe de Cesaréia: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).

Será certo também que uma só Igreja pode ser a verdadeira Igreja de Cristo?
Sem dúvida. Porque há um único Senhor, de quem procede a Igreja, e uma única verdade ensinada por Cristo. Cristo não fundou várias igrejas, mas uma única, – esta verdade é certa, tanto histórica quanto logicamente.

Eis, porém, que se apresenta aqui a grande, decisiva e importante questão:

Qual é a verdadeira Igreja de Cristo?
É com a alma dolorosamente comovida que temos de saber, pela história, que sobre a doutrina de Cristo têm passado lutas fratricidas que têm rasgado a veste inconsútil de Cristo e dividido a cristandade. Quando o Salvador subiu aos céus e deixou discípulos e fiéis, membros da primitiva Igreja, então só havia realmente uma única cristandade, havia uma única Igreja. Mas já desde o tempo dos apóstolos vemos aqui e acolá surgirem hereges que se apartam da verdadeira Igreja de Cristo, atraindo os fiéis para as sendas do erro. E, à medida que avançam os séculos, folhas e ramos cada vez mais numerosos, às vezes até enormes galhos, tombam da árvore da Igreja, afirmando que pulsa neles a força vivificante de Cristo.

Espetáculo doloroso e contristador o dos cismas e das heresias. E na alma humana levanta-se com justa razão esta pergunta, esta decisiva pergunta, que aguarda uma resposta categórica, definitiva:

Onde está então hoje a verdadeira Igreja de Cristo?

O Salvador dissera a São Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (MT 16, 18). Não disse: "as minhas igrejas", porém "a minha igreja". Não há, pois, senão uma. Não há várias igrejas cristãs, porém uma só. Mas qual é essa única Igreja? Efetivamente, ao lado da imensa religião católica há cerca de 300 seitas pequenas ou grandes que se chamam cristãs e que pretendem seguir a Cristo. Entretanto, é claro que Cristo não fundou 300 religiões, mas uma só.

Qual é, porém, essa única religião? Quem é que tem razão?
Será "Natan o Sábio" quem tem razão? Esse homem possuía um anel precioso e tinha três filhos. Mandou fazer dois anéis similares, parecidíssimos com o verdadeiro, a ponto de ocasionar enganos, e deixou em herança um anel a cada um dos três filhos, de modo que ninguém jamais pôde saber qual era o anel verdadeiro. Ou então Ruville, o professor de História da Universidade de Halle que, no início do século, regressou da religião protestante á Igreja Católica e escreveu sobre a sua conversão um livro intitulado "Das Zeichen des echten Ringes" – "O sinal do verdadeiro anel"? Temos razão, ele e nós, que afirmamos que certamente se pode reconhecer entre os 300 anéis de hoje, o único, o verdadeiro anel cristão? Sim, podemos reconhece-lo, porque o verdadeiro anel de Cristo tem marcas que não enganam. Em verdade, há pois apenas uma questão angustiosa e importante no que concerne toda a nossa vida espiritual.

Examinemos, portanto, nesta instrução:

Quais são essas marcas pelas quais podemos descobrir de maneira certa, a verdadeira Igreja de Cristo; e depois veremos que
A primeira marca, a unidade, se encontra na Igreja Católica.

1. As Marcas da Igreja de Cristo
Quais são, pois, as marcas pelas quais podemos descobrir de modo inteiramente certo a única e verdadeira religião de Cristo?

A) Para descobrirmos as marcas da verdadeira Igreja de Cristo, cumpre-nos primeiramente tratar de formar uma imagem total e sintética do ensino de Cristo.

a) Não entremos agora nas minúcias, mas consideremos, como que do alto dum avião, toda a história da civilização humana. Dessa altura vemos não só o cristianismo, mas ainda todas as outras religiões; todas as tentativas também, pelas quais o homem, no curso dos séculos, tem querido satisfazer as suas tendências mais altas, mais nobres, mais santas: o desejo de Deus.E dessa altura vemos justamente a imensa superioridade do dogma cristão, da moral cristã e das formas do culto cristão, sobre todas as demais religiões. Como pôde ela ficar ao abrigo dos extremos: renegar o mundo e o gozo ávido! Como é ousada nas ideias, eterna nos sentimentos! Como é inteiramente dirigida para a eternidade e, no entanto faz seus fiéis felizes já desde esta vida!

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