Na segunda metade do século passado, vivia um Inglês cultíssimo, o marquês de Ripon, que era grão-mestre da maçonaria inglesa e inimigo encarniçado da Igreja Católica. Havia, já então, na Inglaterra, um forte movimento de conversões, que tem durado até os nossos dias e que, de ano em ano, tem reconduzido ao seio do catolicismo uma multidão de anglicanos. Para paralisarem esse movimento de conversões, os maçons quiseram publicar uma obra importante e decisiva contra o catolicismo.
A redação da obra foi confiada ao grão-mestre, que aceitou essa tarefa com muito gosto.
"Mas, se tenho de escrever contra o catolicismo, devo primeiro conhece-lo" – pensou ele consigo mesmo; e pôs-se a ler obras que tratavam da fé católica.
Leu-as durante dez meses.
Mas, após esses dez meses, apresentou-se em casa dos Oratorianos de Londres, e pediu para ser recebido na Igreja Católica.
Foi uma imensa surpresa.
"Como? – perguntaram-lhe. – V. Excelência, membro da nobreza anglicana, grão-mestre da maçonaria, quer fazer-se católico? Que foi que lhe aconteceu?".
O marquês respondeu:
"Achei na Igreja Católica três coisas que obrigam todo homem sem opinião preconcebida a reconhecer que essa Igreja – e só ela – é a Igreja de Jesus Cristo. Na Igreja Católica há um rochedo, um confessionário e um tabernáculo".
E o marquês fez-se realmente católico, e viveu o resta da vida como membro fervoroso da nossa Igreja.Quando lemos semelhantes casos, e quando vemos como homens sérios e refletidos, que não nasceram no catolicismo, chegaram enfim, ao cabo de longas dúvidas e inquietações, ao porto da nossa madre Igreja, então fazemo-nos estas perguntas: Será que nós, que nascemos por graça especial de Deus, na verdadeira religião, nos sentimos felizes e ufanos disso? Será que temos consciência de ser membros dessa Igreja? Será que sentimos essa honra, mas ao mesmo tempo também a nossa responsabilidade, quando pronunciamos estas palavras: "Sou católico"?
Quando iniciei este curso de instruções sobre a Igreja de Cristo, indiquei que as faria em numero de vinte. Esta é a vigésima. Termino, pois, neste momento a serie que consagrei à explicação do artigo do Símbolo dos Apóstolos que diz: "Creio na Igreja Católica". E não poderíamos termina-la mais utilmente, não poderíamos resumir com mais proveito a matéria já tratada, do que mostrando a tríplice ideia que encerra em si esta frase cheia de ufania e de gratidão: "Agradeço-vos, Senhor, por ser católico".
Quais são essas três ideias?
Sou católico, logo tenho uma consciência católica;
Sou católico, logo obedeço à minha Igreja;
Sou católico, logo amo minha Igreja.1. Tenho uma Consciência Católica
Sou católico, logo deve viver em mim a consciência católica. Que significa isso? De que elementos se compõe a verdadeira consciência católica?A) O primeiro elemento é, antes de tudo, uma santa e humilde ufania que tem consciência de si mesma.
a) Uma humilde ufania, pois não é a ufania que se ostenta. Cumpre-nos reconhecer a elevação do ideal que nos apresenta o catolicismo, e também – ai! – quanto estamos longe dele! Lutamos por esse ideal, procuramos atingi-lo, porém quanto mais caminhamos para ele, tanto mais longe de nós ele persiste: – é isto que desperta em nós a humildade.
b) Mas, ao lado dessa humildade, vive também em nós uma santa ufania: a de mergulharmos nossas raízes num solo de tradições dezenove vezes centenárias. Onde haverá no mundo um tronco nobre de mil e novecentos anos? A árvore genealógica dos católicos tem essa idade. Assim compreendemos a frase que um dia Montalembert dirigiu aos católicos franceses: "Meus irmãos, não vos orgulhais bastante, não amais suficientemente a velha nobreza do nosso catolicismo".
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A Igreja Católica
EspiritualMonsenhor Tihamer Toth nasceu em Szolnok (Hungria) em 1889. Estudou na Universidade de Pázmány, em Budapeste, e foi ordenado sacerdote em 1912. Em 1916, começou um programa de rádio famoso que se tornou famoso no país. Em 1924, foi nomeado professor...