Capítulo 12

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Medson estava nas nuvens enquanto caminhava para casa da escola, segurando seu diário. Ela não tinha sido tão feliz em muito tempo. As palavras de Jonah se repetiam em sua mente.
Vai ter um concerto hoje à noite. No Carnegie Hall. Eu ganhei dois ingressos. São os piores assentos do local, mas dizem que o vocalista é incrível.
Você está me convidando para sair? ela havia dito, sorrindo.
Ele sorriu de volta.
Se você não se importar de sair com alguém cheio de hematomas, ele havia dito, sorrindo de volta. Afinal, hoje é sexta-feira.
Ela havia praticamente ido pulando para casa, sem conseguir conter o seu entusiasmo. Ela não sabia nada sobre música clássicaela nunca havia ouvido esse tipo de música antesmas não se importava. Ela iria para qualquer lugar com ele.
Carnegie Hall. Ele disse que o traje era de gala. O que ela deveria vestir? Ela olhou para o relógio. Ela não tinha muito tempo para se arrumar se fosse encontrá-lo naquele café antes do concerto. Ela acelerou o ritmo.
Antes de perceber, ela estava em casa e nem a melancolia do seu prédio a deixou triste. Ela correu pelos cinco lances de escada e quase não sentiu quando entrou em seu novo apartamento.
O grito de sua mãe veio imediatamente: Sua vadia desgraçada!
Medson se abaixou na hora exata, quando sua mãe havia jogado um livro na direção do rosto dela. Ele passou voando, e bateu na parede.
Antes que Medson pudesse falar, sua mãe atacou unhas de fora, apontadas para o rosto dela.
Medson levantou as mãos e segurou os pulsos dela na hora exata. As duas se empurraram, indo para frente e para trás.
Medson podia sentir seu novo poder surgindo em suas veias, e sentiu que podia jogar a sua mãe para o outro lado da sala sem sequer tentar. Mas ela forçou a si mesma a controlá-lo, e a empurrou para longe, mas apenas o suficiente para jogá-la no sofá.
Sua mãe, no sofá, começou a chorar. Ela ficou sentada lá, soluçando.
A culpa é sua! ela gritou entre os soluços.
Qual é o seu problema? Medson gritou, completamente desprevenida, sem ter a menor ideia do que estava acontecendo. Até para a mãe dela, aquilo era loucura.
Sam.
Sua mãe segurava um pedaço de folha de caderno.
O coração de Medson batia rápido ao pegá-lo, um sentimento de terror crescendo dentro dela. Fosse o que fosse, ela sabia que não podia ser bom.
Ele foi embora!
Medson examinou o bilhete escrito à mão. Ela não conseguia se concentrar enquanto lia, entendendo apenas fragmentos fugir… não quero ficar aqui…com os meus amigos… não tente me encontrar.
Suas mãos estavam tremendo. Sam havia ido. Ele realmente havia ido embora. Ele nem sequer esperou por ela. Nem esperou para dizer adeus.
É por sua causa! sua mãe gritou.
Uma parte de Medson não conseguia acreditar. Ela correu pelo apartamento, abriu o quarto de Sam, quase esperando encontrá-lo lá.
Mas o quarto estava vazio. Imaculado. Nenhuma única coisa deixada para trás. Sam nunca havia deixado seu quarto tão limpo. Era verdade. Ele realmente tinha ido embora.
Medson sentiu a bílis subir até sua garganta. Ela não podia deixar de sentir que, desta vez, a sua mãe estava certa, a culpa era dela. Sam havia perguntado a ela. E ela havia dito, Então vá.
Então vá. Por que ela tinha que ter dito aquilo? Ela planejava se desculpar, retirar o que havia dito na manhã seguinte, mas ele já havia saído quando ela acordou. Ela iria conversar com ele quando chegasse em casa hoje. Mas agora, era tarde demais.
Ela sabia para onde ele devia ter ido. Existia apenas um lugar para onde ele iria: a última cidade. Ele estaria bem. Melhor, provavelmente, do que estava aqui. Ele tinha amigos lá. Quanto mais ela absorvia a notícia, menos ela se preocupava. Na verdade, ela estava feliz por ele. Ele havia conseguido sair finalmente. E ela sabia como encontrá-lo.
Mas ela teria que lidar com isso mais tarde. Ela olhou para o relógio e percebeu que estava atrasada. Ela correu para o seu quarto, agarrou rapidamente suas melhores roupas e sapatos, e os colocou em uma bolsa de academia. Ela teria que sair sem maquiagem. Não havia tempo.
Por que você tem que destruir tudo o que toca!? sua mãe gritou, bem atrás dela. Eu nunca deveria ter acolhido você!
Medson olhou para ela, em choque.
Do que você está falando!?
É isso mesmo, sua mãe continuou. Eu acolhi você. Você não é minha. Nunca foi. Você era dele. Você não é minha filha de verdade. Você me ouviu!? Eu teria vergonha de ter você como filha!
Medson podia ver o veneno em seus olhos negros. Ela nunca havia visto sua mãe com tanta raiva. Os olhos dela tinham morte dentro deles.
Por que você tinha que afastar a única coisa que era boa na minha vida!? sua mãe gritou.
Desta vez, sua mãe a atacou com as duas mãos e foi direto para a sua garganta. Antes que Medson pudesse reagir, ela estava sendo estrangulada. Com força.
Medson lutou para respirar. Mas a mão de sua mãe parecia ferro. Sua intenção era matar.
A raiva invadiu Medson, e dessa vez, ela não pôde pará-la. Ela conseguia sentir o calor familiar e pinicante subindo pelos dedos dos seus pés, e chegando até os seus braços e ombros. Ela sentiu o calor a envolver. Enquanto ele surgia, os músculos em seu pescoço incharam. Sem fazer qualquer coisa, sua mãe começou a soltar seu pescoço.
Sua mãe deve ter visto a transformação começar, por que parecia estar com medo, de repente. Medson jogou a cabeça para trás e rugiu. Ela havia se transformado em algo pavoroso.
Sua mãe soltou o seu pescoço,deu um passo para trás e olhou, com a boca aberta.
Medson esticou uma mão e a empurrou, fazendo-a voar para trás com tanta força que ela atravessou a parede, quebrando-a com um estrondo, alcançando a outra sala. Ela continuou, batendo em outra parede e caindo, inconsciente.
Medson  respirava fundo, tentando se concentrar. Ela examinou o apartamento, se perguntando se havia alguma coisa que ela queria levar com ela. Ela sabia que havia, mas não conseguia pensar direito. Ela agarrou a bolsa de academia com roupas e saiu da sala, através dos destroços, passando pela mãe. Sua mãe estava deitada lá, gemendo, começando a se sentar.
Medson continuou caminhando para fora do apartamento.
Aquela era a última vez, ela jurou, que veria aquele lugar novamente.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

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