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Era um tempo longínquo, muitas eras atrás, em que a magia ainda vivia junto aos seres. Elfos, magos e anões eram muito comuns nas terras denominadas Svartalfheim (Terra dos Anões), Neugwen (Terra dos Magos) e Alfheim (Terra dos Elfos), porém, alguns seres mundanos também perambulavam por essas terras, eram esses os humanos, os homens. Estes, apesar de não serem dotados de nenhum tipo de magia ou dom especial, eram os seres mais corajosos de todas as terras, juntas e misturadas. Nunca deixavam alguém para trás e quando precisavam defender alguma coisa raramente desistiam, querem o que é justo e querem para todos. Apesar disso, os outros seres, que se consideravam superiores aos homens, os tratavam como uma espécie ao qual não merecia o respeito deles, pois em seu sangue não havia magia. E assim os dias seguiam, os homens prezavam pelo respeito, mas também pela igualdade, o descaso era tamanho das outras criaturas que, enfim, os homens perderam a esperança de que aquela situação mudasse e, então, a rivalidade foi abordada de ambos os lados.

A paz entre as criaturas já não era mais um futuro esperado, até que,  numa das muitas batalhas ocorridas, um jovem mortal, dotado da maior coragem de todas as eras na Terra Média, lutava. Era a primeira batalha de Dorian.

Ele ainda tinha esperanças de que tudo aquilo acabasse e eles pudessem voltar  as suas vidas normais.  E foi ali, em meio à batalha que ele conheceu Crisalina. Uma jovem anã de longos cabelos ruivos e olhos castanhos. Diferentes de seus iguais ela não era covarde, nem tinha medo do desconhecido, uma verdadeira sangue humano, uma impura.

Naquelas terras ninguém poderia ir contra os feitios de suas tribos e aquele que o fizesse, não mais seria tratado como ser, por isso, Crisalina corria um enorme perigo. Porém, a tão corajosa garota não era ingênua, e mantinha uma carcaça fielmente anã: ignorante, covarde, estúpida e extremamente faminta. Mas não ache que Crisalina também não era um pouco anã, pois ela tinha o seu lado ignorante, a diferença é que ela sabia controla-lo.

Quando Dorian e Crisalina se encontraram pela primeira vez no campo de batalha pensaram:

Dorian – “Mas que garota ignorante, isso não são modos, nem para uma anã! Do jeito que é ignorante deve ser estúpida. Vai ser fácil abate-la.”

Crisalina – “Eu nunca havia visto homem assim em toda a minha vida... Como pode um homem ser tão corajoso e, bonito ao mesmo tempo? Esta é apenas uma luta por território, não preciso me aproximar dele.”

E foi quando o pensamento de Crisalina terminou que Dorian investiu contra ela e ficou surpreso quando se deparou imóvel aos finos braços da garota.

- O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO, SEU PORCARIA DE HUMANO?! – gritou Crisalina.

Dorian, ainda surpreso, diz apenas que ia mata-la, afinal, aquilo era uma guerra, não era mesmo?

- Vocês humanos são todos iguais, não é mesmo? Só querem sangue, sangue e sangue! Isto é uma luta por território, ninguém precisa morrer! – exclamou a garota.

Dorian olha em volta, milhões de corpos cobriam o chão, a batalha havia chegado ao fim, elfos, magos e anões saíram vitoriosos, e os homens, sem lar, mais uma vez.

- Ninguém precisa morrer?! Garota, olhe em volta! Ninguém “precisa”, mas muitos “precisaram” morrer, não é mesmo? Vocês é que são muito egoístas e se ninguém precisa morrer, diga isto a seus amiguinhos, pois eu acho que eles não entenderam muito bem a mensagem. – diz Dorian.

E foi neste momento, nesta batalha, que a rivalidade entre Crisalina e Dorian foi firmada. Eles poderiam ter sido grandes amigos, mas um pequeno desentendimento fez com que um imenso ódio surgisse entre eles. Assim, ele vira as costas para Crisalina e vai de encontro aos homens que ainda vivem.

Eram poucos os homens que restaram, porém, a coragem desses poucos ainda era maior que a de todos os elfos, magos e anões juntos.

- Dorian! Estou feliz em saber que ainda estás vivo. – exclamou Bastian, o líder dos homens assim que viu Dorian caminhando em sua direção.

- Oh Bastian, posso ainda estar vivo, mas nunca estive tão desapontado em toda a minha vida, ninguém pode ser assim tão egoísta, muito menos...

- Uma garota? Dorian, Dorian, Dorian. Eu sei que você está acostumado com as mulheres humanas, mas as anãs são extremamente diferentes de nós.

Na tribo dos magos era extremamente proibido que uma mulher usasse os seus poderes numa batalha, os elfos, apesar de seu nome sempre ser usado, nunca entravam em uma luta caso esta não interferisse em sua vida ou se tratasse de um assunto que eles defendessem (ou fossem totalmente contra), sendo assim, apenas os anões estavam em todas as batalhas e lutavam anões e anãs. As mulheres humanas também não lutavam.

- Eu sei disso... Eu só não, imaginaria, entende? Isto é um pouco confuso.

Bastian assente e diz:

- Devemos encontrar abrigo agora, parece que a zona norte de Alfheim está livre, ficaríamos perto de um lago e os elfos não parecem ter nenhum problema conosco.

- Então devemos seguir para lá! – afirma um dos homens.

- Chamem suas famílias e começaremos a jornada.

Dorian seguiu para o local onde estavam sua velha mãe e sua irmãzinha, Tryna.

Tryna era uma garotinha muito simpática e sempre que encontrava seu irmão, dizia: “Dorian, dessa vez eu posso ir lutar com você?”. Dorian ria, mas nunca podia leva-la consigo, pois, além de ser uma criança, era uma menina, e pelas leis dos humanos, mulheres não lutavam.

Dorian falou com seus familiares e todos os homens se reuniram e começaram a sua jornada de três dias para o Norte de Alfheim.

Ao norte encontrava-se o castelo de Alfheim, onde vivia o Rei Minos, a Rainha Lara e seus dois filhos, Legolas e Margareth. Legolas era um elfo extremamente habilidoso e superprotetor com relação a sua irmã. Margareth era mais nova que Legolas, ela era uma garota não tão habilidosa quanto seu irmão, porém, consideravelmente mais centrada e menos instintiva que ele.

Os homens, chegando ao fim de sua jornada, se refugiaram numa caverna próxima ao lago. A outra extremidade do lago era composta por uma espessa camada de neblina, que dava aos homens a incapacidade de ver o castelo do supremo Rei dos Elfos.

Na primeira noite em que eles passaram por lá, nada aconteceu, somente a normal rotina humana, e assim prosseguiu por exata uma semana. Após isso, quando Dorian estava pegando um pouco de água para o dia que estava por vir, vislumbrou, vindo de dentro da neblina, um ser estranho. Já ia assumir a posição de defesa quando a imagem do ser começou a ficar mais nítida. Era uma Elfa.

A Batalha de Todos os SeresOnde histórias criam vida. Descubra agora