Dois

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Eu havia acabado de completar dezoito primaveras, meu pai finalmente me deixou sair do castelo. Estive confinada naquela estrutura desde a minha oitava primavera, só não me recordo o porquê de tal punição. Finalmente poderia sentir os ventos em minha face, poderia sentir o doce cheiro da floresta e, o melhor de todos, poderia ver, de perto, o lago em que sempre punha os olhos ao acordar em meu quarto, o mais alto dos cômodos.

Quando papai informou-me que podia sair do castelo, fiquei tão animada que nem me lembrei de trocar a roupa, indo para o meu tão querido lago com a roupa que estava na festa...

E então eu consegui vê-la, cabelos castanhos presos numa trança ornamentada com flores silvestres, vestido azul feito dos mais nobres fios, a garota estava descalça, seus sapatos cor de pérola pendiam em suas mãos e, em sua face, destacava-se o forte tom vermelho que tingia seus lábios...

Pensava estar sozinha, mas logo vi ter me engando, ao longe, do outro lado do lago, pairava a figura de um homem, sim, não havia dúvidas de que ele era um homem, pelo menos eram o que seus trajes indicavam e então, do nada...

Eu percebi, reconheci tal elfa. Era Margareth, filha do Rei Minos, princesa de Alfheim, minha amiga de infância...

Ele sorriu para mim, parecia me conhecer a anos, mas eu nunca tinha visto tal criatura em toda a minha vida...

Margareth sempre foi minha amiga, porém, quando a rivalidade entre os seres mágicos e os humanos foi proclamada o rei Minos não queria ficar mal visto, assim, confinou Margareth no castelo, proibindo-a de ter qualquer contato comigo e meus iguais. Pela sua reação, não creio que se lembre de mim. Dez anos é muito tempo...

Estava começando a ficar intrigada. Como ele se atreve a me olhar por tanto tempo?! Estava pronta para chamar por meu irmão quando, do outro lado do lago, ele gritou...

 “MARGARETH”, e então ela olhou para mim.

A Batalha de Todos os SeresOnde histórias criam vida. Descubra agora