𝐌𝐚𝐟𝐢𝐚 - 𝐓𝐞𝐞𝐧 𝐖𝐨𝐥𝐟

Polônia (Revisado)

— Jan! O que diabos você 'tá fazendo aqui? Você não ia pra casa dos seus avôs? — perguntou o Stilinski com um sorriso de orelha a orelha, ainda firmemente agarrado ao amigo, que foi obrigado a empurrá-lo para conquistar a liberdade.

"Seu avô me contou o que ia fazer e eu não pude evitar, convenhamos, não é todo dia que posso ver essa feiura cara à cara!" apesar a zombaria e do soco que recebeu no braço, Jan sorria como se tivesse contado a melhor das piadas, acompanhado sempre do melhor amigo.

Há anos Stiles deixara de se imaginar naquela situação, não é como se planejasse retornar à Polônia algum dia. Desde a morte de sua mãe quando ainda era criança, nunca cogitou deixar a América. Primeiro pelas dolorosas memórias dos longos e divertidos dias com os pais -ainda se lembrava com perfeição de cada uma das vezes em que brincara nos parques junto de Cláudia e John-, e segundo por dizer a si mesmo que não havia mais motivos para uma viagem daquelas. Como se vovô pudesse me deixar em paz.

Afastando-se das reflexões, se deixou focar apenas no momento presente, ansioso para as descobertas que faria em nove horas de vôo.

***

As horas se passaram rápido demais em sua opinião e logo depois de um breve cochilo, Stiles se viu mais uma vez no continente europeu. De pé ao lado de fora do jatinho, inspirou profundamente enquanto tirava um momento para aproveitar a brisa leve de um dia de verão. Apesar de longa a viagem, se manteve tão entredito que sequer viu o tempo passar. Mas também, Jan viera carregado de novidades desde a última conversa dos dois, como o fato de ter ingressado em um curso de inglês e conhecido uma garota aparentemente perfeita.

No meio do seu costumeiro ritual de se estalar por inteiro, escutou um pedido de atenção vindo na forma de um granhido. Foi assim que quando se virou deu de cara com um homem de estatura mediana, cabelos negros com grandes raizes brancas que se estendiam pela barba bem feita, além dos olhos azuis que brilhavam em alegria e a característica rosa nas mãos.

— Dziadek!* —exclamou o adolescente que se apressou para dar um apertado abraço no senhor.

Numa risada grossa, Petroski, avô de Stiles, retornou o abraço intensamente, afastando-se depois de muito tempo ao bagunçar os cabelos já rebeldes do neto. "Maly Koala.*" cumprimentou com zombaria.

Como num passe de mágica a expressão amorosa no rosto velho deu lugar à seriedade e aspereza ao voltar-se aos dois homens estáticos que aguardavam novas ordens. "De volta ao quartel, há novas missões para vocês dois."  em seguida, voltou-se na direção dos adolescentes com a pose relaxada de volta. "E quanto a vocês, peguem logo as malas, eu não quero ficar aqui 'pra sempre!"

Sem mais delongas, ambos os garotos correram para o bagageiro com um único pensamento em mente: A mansão dos Petroski.

***

A propriedade em si começava vários hectares atrás, repleta de árvores e rios, um próprio paraíso tanto para o homem quanto para os animais habitantes. A casa, se é que podia ser chamada assim, encontrava-se no meio de um campo com a grama bem aparada e arbustos milimetricamente ajustados. 

Com um pátio central adornado por um chafariz, a mansão de concreto, tijolos e acabamento cinza, tinha a cara de um castelo da era medieval. Até mesmo mini-torres serviam de decoração para isso. Seguindo pela entrada de madeira, se depararam de imediato com uma decoração moderna que contradizia totalmente o exterior.

A decoração era quase completamente preta e branca, desde o chão até as escadas que se iniciavam em paredes opostas e terminavam juntas no segundo andar. Entre tantos os cômodos escondidos, se era visível apenas a sala de jantar cuja entrada passava por debaixo da escada.

Apesar da mudança de decoração, a casa em si continuava com a mesma essência da qual Stiles se lembrava. Até o cheiro de grama permanecia inalterado mesmo depois de anos. Correndo escada acima, passou direto pelos quartos de hóspedes e banheiros sem se dignar a explorar um por um, e seguiu por um dos corredores mais vazios, em busca de seu antigo quarto.

Orgulhoso por lembrar do caminho, não esperou um segundo para abrir a porta branca, ainda decorada com a placa de 'não perturbe, estou jogando' qual usava na infância. O quarto era uma mistura perfeita do passado e presente. Ao mesmo tempo em que brinquedos queridos eram expostos em prateleiras na parede, junto de desenhos e fotos, a tecnologia se fazia presente no potente computador posto numa mesa imbutida com a parede e com todas as pequenas telas espalhadas por aí.

— Wow! — suspirou, paralizado de emoção. Sentia-se realizado de um jeito nunca igual. Só de pensar no quão infinitamente melhor aquele computador era em comparação com o seu antigo podia sentir o coração palpitar de felicidade.

"Eu fiz um ótimo trabalho, não fiz? Agora limpa essa baba, eu tenho que sair rapidinho mas volto assim que possível." vangloreava-se o velho Petroski pelo corredor, sumindo em direção às escadas para fazer sabe-se lá o quê. 

Depois dos momentos iniciais de surto, Stiles finalmente se sentou na cama e se permitiu desabar sobre os travesseiros fofos enquanto observava a paisagem pela janela. Sem pressa, pegou o novo celular e discou para o pai por vídeo chamada, ansioso para mostrar todas as novidades. 

E foi assim que mais um bom tempo se passou, com o diálogo entusiasmado de pai e filho. Só basta dizer que após tanta emoção, o sono não tardou a alcançar Stiles.

------Notas

Mais um capítulo revisado pessoal! Resolvi tirar algumas imagens que achei desnecessárias e deixar a imaginação de vocês trabalhar um pouco mais. Essa história tá tomando rumo e assim que possível poderão ver a trama se desenrolar.

Dziadek - Avô
Maly Koala - Pequeno coala

Obs: Eu particularmente imagino o avô do Stiles como o Ron Perlman.

Mansão.

Entrada.