CAPITULO 06

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— Eu não acredito, tão cedo e você já em casa? — a surpresa no tom de voz de Gustav quase faz Eric cair do banco alto da cozinha, enquanto solitariamente bebia uma cerveja.

— Às vezes é bom voltar pra casa e encarar a realidade das coisas, pai.

Eram anos esperando por esse momento. Gustav precisava ter a certeza de que o senso de responsabilidade do filho estava aflorando. Ele precisava amadurecer, sua vida e sua carreira não suportariam mais tantos arranhões. Não seria possível Eric passar pela vida e não perceber o que havia em jogo, bem na palma de sua mão.

— Então, digamos, mas só digamos que você agora está conseguindo entender a grande oportunidade que está tendo? — ainda é notório que Gustav não tem tanta certeza de que o filho está mesmo tomando ciência do momento que está vivendo.

— Digamos, Sr. Gustav Guerin, que eu nunca estive inconsciente de nada que permeia essa oportunidade. Eu apenas penso que posso lidar com tudo do meu jeito. Não gosto de toda essa formalidade e o senhor sabe muito bem disso. Essa forma de viver seguindo normas e regras não é algo atraente pra mim, mas disso você também sabe. — Gustav encara o filho entendendo exatamente como ele se sente. — Quer me chamar de imaturo e idiota, siga em frente, mas não posso e não vou correr sem me divertir, sem a emoção e a adrenalina das pistas. As pistas são um vício para mim tanto quanto eram para o senhor. Eu preciso disso tanto quanto eu preciso do ar que eu respiro. Fora das pistas eu preciso da diversão, da minha liberdade de ser o que eu sou.

— Eu o entendo perfeitamente, Eric. Sei que para você, assim como para mim, correr não é obrigação, é um prazer sem explicações. — Gustav aproxima-se, senta no banco ao lado do filho e toca suavemente seu ombro.

— Se me entende, porque me perturba tanto, pai? — ele ergue os ombros e encara os olhos azuis que lhe acompanharam por cada minuto ao longo de sua vida. Encarar seu pai era como olhar-se no espelho, os mesmos olhos, o mesmo olhar.

— É simplesmente porque me enxergo demais em você, e não quero que cometa os mesmos erros que eu cometi no passado. — as palavras saem com mais dificuldade do que Gustav esperava. Admitir seus erros nunca era fácil, porém, mais do que nunca era algo extremamente necessário.

O olhar do filho torna-se curioso, afinal, Gustav não é de falar do passado. Para Eric, o único erro de suma importância do pai, havia sido permitir que sua mãe, já na reta final da gravidez, o acompanhasse durante a maratona de corridas do ano de seu nascimento.

— Infelizmente, pai, por mais curioso que eu esteja sobre os seus "erros", afinal o senhor não é muito de falar sobre eles, meu corpo não está atendendo minha mente. Preciso me deitar e descansar pois amanhã retomo à rotina de exercícios e você sabe o quanto Brad é criterioso com isso.

Brad é o preparador físico que acompanha Eric desde a adolescência. Gustav o contratou, quando as corridas e campeonatos começaram a ser profissionais e não dava mais para Eric simplesmente entrar no carro e arrancar nas pistas.

Correndo Para Você - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora