Capitulo 2

182 19 0
                                    

- "Não, de todo"

Posso sentir o coração do meu pai acalmar bruscamente. De certeza que se a resposta fosse sim ele pegava imediatamente em mim e punha-me no primeiro avião de volta para Dublin.

- "Óptimo" O meu pai responde enquanto olha friamente para mim

As últimas papeladas foram assinadas e tudo estava finalmente em ordem. Podia sentir o meu coração saltitar há medida que nos aproximávamos do meu futuro quarto.

Quando chegamos pude ver que a porta estava ligeiramente aberta. Estranho.

- "Parece ser aqui" Digo indignada

- "Porque raio está a porta aberta?" O meu pai diz enquanto ajeita o nó da sua gravata.

Eu detesto quando o meu pai usa este tipo de fato tão formal. É como se uma barreira se forma-se entre nós e isso assusta-me. Para além disso faz-me lembrar das suas grandes ausências durante toda a minha vida. Eu sei que ele o faz para que possamos ter o que temos e não posso de forma alguma queixar-me, mas as vezes preferia não ter todo este dinheiro e poder receber um pouco de carinho deste frio e ausente pai.

Avanço para empurrar a porta que já se encontra meio aberta. Os meus pais mantêm-se atrás de mim receosos. Quando meto o primeiro pé dentro do quarto e me debruço para olhar há minha volta quase perco o ar com o cenário deprimente que está há minha frente. Um rapaz e uma rapariga estão enrolados numa das camas. Eles não parecem estar a ver-me, estão demasiado entretidos. Quando olho bem reparo que o rapaz se encontra apenas de roupa interior e o mesmo posso afirmar da rapariga que está por baixo dele.

Volto a encostar a porta e posso encarar três olhares confusos virados para mim. Oh meu deus, se o meu pai vir isto manda-me de volta para casa. O que vou fazer?

- "Então filha?"

- "Eu acho que ..." Tento encontrar uma saída mas sou impossibilitada de falar

- "Vou entrar" O meu pai diz enquanto abre a porta bruscamente

É agora.

- "Mas que pouca vergonha vem a ser esta?"

Quando estas palavras são proferidas ambos viram a atenção para o meu pai. Nenhum deles se parece importar que duas pessoas os tenham apanhado a fazer sabe-se lá o que, já que nas suas caras estão apenas dois sorrisos divertidos e maliciosos. O meu pai faz o gesto há minha mãe para ficar lá fora com o Josh. Ela obedece sem perceber o que se passa.

- "Vão responder-me oh que?" O meu pai insiste e sua frieza começa a assustar-me.

Eu mantenho-me ao lado do meu pai enquanto os observo a levantar e vestir rapidamente.

- "Este é o meu quarto por isso não sei que porra é que vocês estão aqui a fazer!" A rapariga de cabelos pretos que acabei de "conhecer" diz

- "Então eu vou passar a explicar. A minha filha vai ter de partilhar o quarto consigo, por isso este não é o seu quarto, é de ambas. Bem na verdade já não me parece que vá"

Eu já sabia. Graças a estes dois palermas vou ter de desistir de tudo.

- "Pai!" Digo na tentativa de o chamar há razão

- "Não é pai nem meio pai vamos mudar-te. Não te quero num quarto onde acontecem estas poucas vergonhas"

Suspiro e consigo ouvir uma gargalhada rouca que parece maravilhosa, até perceber que vem do rapaz que apanhei com a minha colega de quarto. Ou ex colega de quarto.

- "Menina do papá" Ele diz

Mas quem é que ele pensa que é?! Quando olho bem para ele consigo ver o quão atraente ele é. Os seus olhos parecem esmeraldas de tão verdes que são, os seus cabelos encaracolados estão perfeitamente penteados e puxados para trás, apesar de os inúmeros puxões que sofreram nas mãos dela. O seu corpo é musculado e tem imensas tatuagens, que apesar de tudo lhe ficam tão bem. Eu nunca gostei de tatuagens e se fizesse uma provavelmente era deserdada, mas nele parecem assentar que nem uma luva.

Lost (h.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora