Eu sentia todos os olhares sobre mim, tanto em casa quanto na escola. Mas eu permanecia sem querer conversar, sem ver ninguém. Na verdade eu queria muito falar com Dylan...e ao mesmo tempo não queria. Nunca me senti tão confuso, tão indeciso. Apenas uma coisa era certa em minha mente. Eu fiz merda ao beijar Isadora. Mesmo não querendo admitir eu a tinha usado. Eu a usei para provar a mim mesmo que o que sinto por Dylan é apenas amizade. Ainda que bem lá no fundo minha mente risse de mim.
Uma semana se passou desde aquele dia. E desde então fico dividido entre fugir de Isadora e tentar falar com Dylan. Porém, ela era insistente. Eu pedi, quase implorei a Elena que a despachasse para mim sempre que ela aparecia em minha casa. Entretanto minha irmã parecia chateada comigo e simplesmente disse para eu me virar. Ontem em mais uma visita, eu ouvi minha avó conversando com Isadora. Não faço ideia do que foi dito, mas o olhar cúmplice de minha avó me fez entender que talvez ela não me procurasse mais.
E quer saber? Eu não estava muito preocupado com isso. Minha maior preocupação era Dylan... e sua nova amizade. Que palhaçada era aquela agora? Ninguém nunca fez questão de conversar com ele e agora que estávamos afastados ele logo arrumava uma amiga? Irritado, eu voltei meus olhos para os dois que saíam do refeitório em direção à "nossa" árvore. A ruiva sorria largamente ao passo que Dylan estava como sempre mais contido.
— Sabe... você deveria mesmo deixar esse orgulho de lado e tentar falar com ele.
— Desde quando são amiguinhos?
Perguntei sem responder ao que foi dito por Elena. Ela apenas deu de ombros enquanto bebia seu suco.
— Desde quando você o abandonou, deixando-o a mercê desses idiotas.
— Eu não o abandonei. Nós só nos desentendemos.
— Pelo amor de Deus, Edward. Seja lá o que for, não está fazendo bem a nenhum dos dois.
— Você não entende.
— Lógico que não. Você não diz nada. E nem se sinta obrigado a isso, mas pelo menos com ele você precisa conversar antes que seja tarde demais. Semana que vem já será nossa formatura e... poxa... vão ficar sem se falar? Sabe, está todo mundo comentando...
— Que se danem todos. Bando de fofoqueiro que não tem o que fazer.
Eu xinguei fazendo Elena fechar sua expressão facial para mim. Eu sabia que estava sendo um merda com todos, mas aquilo tudo era grandioso demais para mim. Cheguei a pensar na hipótese de conversar com minha avó... mas eu simplesmente não tive coragem.
— Ainda bem que o Dylan agora tem Milley, ao passo que você está ficando cada vez mais sozinho. Só não reclame depois.
Elena se levantou e me deixou sozinho . Não sei de onde me veio a súbita coragem, mas eu também me levantei e sai do refeitório indo em direção à árvore. Dylan já estava de pé e Milley ria de alguma coisa dita por ele. Eu já citei que essa ruiva me assustava? Não sei bem o que era, mas ela me parecia ameaçadora as vezes. Alta, longos e cheios cabelos ruivos, seios fartos e belos olhos azuis turquesa. Linda, mas intimidadora. Mesmo assim eu puxei minha respiração e me aproximei.
— Dylan... eu poderia falar com você?
Notei que eu tremia e rapidamente enfiei as mãos no bolso do meu casaco.
— Hum... está na hora... já tocou o sinal e... a gente se fala depois.
Ele gaguejou e deu um tchau para Milley afastando-se rapidamente. Eu girei prestes a segui-lo, mas a voz da ruiva me fez paralisar.
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Amor sem gênero - Série amor sem preconceito
RomanceEdward e Dylan. Uma amizade forte, sincera, quase inabalável. Amigos para sempre se a paixão não os pegasse de surpresa. Medo, vergonha, covardia... preconceito. Sentimentos que levaram a uma atitude desesperada de fuga, uma tentativa de esquecer aq...