Cinco anos depois
Olhando ao redor, eu meio que me despedia do meu quarto, embora nos últimos anos tenha passado pouco tempo por aqui. Mas eu não podia me esquecer de que ali eu vivi bons momentos. Era meu canto preferido. Eu mal conseguia acreditar que cinco anos se passaram diante de meus olhos. Eu não digo que apenas vi o tempo passar porque isso não aconteceu. Para não entrar em profunda depressão, só me restava estudar. E foi o que fiz. Mas admito que não foi fácil. Aliás, respirar nos últimos cinco anos talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Eu posso resumir os últimos anos em um fino caderno, contando como andei batendo a cabeça por ai, perdido... sozinho.
Flashback on
cinco anos atrás
Eu não sei quanto tempo fiquei encolhido nos braços da minha avó. Suas palavras martelavam em minha mente, mas eu me recusava a aceitar aquilo. Eu fui atrás do Dylan e ele simplesmente me virou as costas. Essa constatação gerou revolta. Furioso comigo e com meu ex-amigo, eu me levantei e fui até meu quarto onde comecei uma verdadeira crise, quebrando tudo que minhas mãos conseguiam alcançar. Foi preciso a intervenção do meu pai e de Edgard, ambos me segurando fortemente para tentar me conter.
Eu fui medicado... praticamente dopado. Mas eu sei que foi preciso. Eu estava incontrolável. A dor que eu sentia era inexplicável. Sinceramente? Eu jamais desejaria isso a ninguém. Após isso eu me recolhi. Fique trancado no quarto por dias e me recusava a conversar com qualquer pessoa. Nem mesmo minha avó conseguiu falar comigo. Sei também que Isadora veio me visitar, mas novamente minha avó conversou com ela.
Duas semanas depois eu entrei na fase da negação. Eu não era gay... nunca fui. E nunca estive apaixonado por Dylan. Aquilo foi apenas... uma confusão que fiz com meus sentimentos. Ele era como um irmão pra mim. A pessoa que eu mais gostava e confiava. Por isso sofri tanto com sua partida. E mais... eu só o beijei porque sabia que era isso o que ele queria e não eu.
Disposto a provar isso, eu me arrumei em um sábado à noite e sai sob o olhar curioso da minha família. Eu sei que não fingi bem, mas tentei sorrir e parecer entusiasmado. Fui para uma boate em Baltimore e ali encontrei justamente o que eu queria. Garotas jovens, bonitas e loucas por algumas horas de sexo. Não demorou e encontrei Diana, minha ex-colega de escola. Aliás, era a garota com a qual Dylan me flagrou no banheiro certa vez. Entretanto nada aconteceu no dia em que ele nos viu... e nada aconteceu nessa noite também.
E não foi por falta de estímulo. Mais uma vez nos atracamos feito dois animais e eu a arrastei para um banheiro. Foram longos minutos em que tentei fingir que estava adorando sentir seus seios em minhas mãos, bem como suas caricias em meu membro. No entanto eu não sentia nada. A única coisa que Diana conseguiu foi me deixar semi-rígido e mesmo assim após me chupar por um bom tempo. Eu a fiz gozar em meus dedos e ela ficou satisfeita quando gozei em sua boca. Ela só não poderia imaginar no que eu estava pensando para conseguir essa façanha.
Eu sai da boate frustrado, irritado... e com uma certeza. Eu realmente não gostava de mulher. Eu era uma desgraça de um gay enrustido e covarde. Como já era meu costume, ao entrar no carro eu apoiei a cabeça no volante. Eu deixaria minha mãe decepcionada... mas não havia forma de negar minha verdadeira natureza.
Eu aceitei minha condição, mas demorei três meses para tomar uma atitude. Eu já estava morando e estudando em Baltimore. Em determinada noite eu resolvi mais uma vez colocar minha sexualidade em questão. Eu entrei, pela primeira vez na minha vida em uma boate gay. Eu não sei se tinha perdido totalmente a capacidade de raciocínio, mas mesmo me sentindo desconfortável naquele ambiente, eu permaneci por ali. Fiquei no bar, fingindo que bebia algo mais forte até que um loiro se aproximou de mim. Ele foi direto e logo me chamou para a área vip... e eu fui.
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Amor sem gênero - Série amor sem preconceito
Storie d'amoreEdward e Dylan. Uma amizade forte, sincera, quase inabalável. Amigos para sempre se a paixão não os pegasse de surpresa. Medo, vergonha, covardia... preconceito. Sentimentos que levaram a uma atitude desesperada de fuga, uma tentativa de esquecer aq...