1 - Caçador

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   A noite estava linda como sempre, tudo em minha volta tinha vida, cor, pulsava. Aos olhos humanos tudo estaria escuro, apavorante, desconhecido. Mais os meus olhos eram diferentes, eles viam mais, assim como minha audição, que podia ouvir uma coruja a quilômetros de distância, assim como todos os animais que se moviam ao meu redor.
  
   Eu estava viva junto com a floresta, que mesmo com a velocidade em que eu estava, não perdia seu encanto e seus detalhes rústicos e apaixonantes, tudo estava como deveria ser , até que parei bruscamente, qualquer outro ser estaria no mínimo ofegante, mais eu estava quieta. Mesmo podendo ouvir perfeitamente em movimento, eu parei para poder ouvir o som, que parecia um animal correndo de algo, ou de alguém. Ele estava apavorado, eu podia ouvir sua respiração ofegante e seu esforço para fugir do predador, mas eu sabia que isso era inútil. Eu não podia intervir, era a lei dos da minha espécie, por isso me surpreendi quando me vi indo em direção ao predador, que se divertia com a presa.
  
   Quando cheguei perto pulei encima do predador que se desviou facilmente, a presa caiu ofegante a alguns passos de distância.
  
- O que você pensa que está fazendo?

   Eu não podia responder aquela pergunta, porque nem eu mesma sabia a resposta.
  
- Procure outro, esse aqui é meu.
  
   Não sei porque respondi aquilo, mais do peito do caçador saiu um rugido que teria assustado qualquer criatura, menos eu. Eu sabia que ele era mais forte e mais bem treinado, mas mesmo assim isso não me impediu de desafia-lo. De repente aconteceu algo inesperado, um sorriso se insinuou no canto da boca do caçador.
  
- Pode ficar com ele, mas da próxima vez criança, é melhor ficar fora do meu caminho.
  
   Então ele se foi, me deixando confusa, não sabia porque tinha o desafio e nem porque ele tinha recuado já que ele poderia facilmente acabar comigo e ficar com a presa, não tive tempo para pensar muito sobre aquilo, pois algo se mexeu nas minhas costas, eu me virei para dar de cara com um par de olhos dourados e assustados. Em todos os meu anos de existência eu nunca tinha visto olhos tão lindos, que no momento estavam vidrados, confusos e temerosos.
  
- Fique longe de mim, seja o que você for. - ele estava com um pequeno canivete em mãos, eu quase sorri da sua ingenuidade, se eu realmente quisesse machuca-lo não seria aquele pedaço de metal que me impediria.
  
- Guarde essa coisa pra um momento mais apropriado, eu acabei de salvar sua vida, por que não me agradece?
  
- E quem é você?
  
- Isso não importa, sugiro que vá pra casa antes que eu me arrependa da minha decisão.
  
- Por que você me salvou?
  
- Por que não deixa de fazer perguntas? É melhor não testar minha paciência.
  
- Posso pelo menos saber seu nome e o que você é?
  
- Adeus. - então me virei para por um fim naquela conversa - Você não deveria estar nessa floresta numa hora dessas rapaz, não sabe a que perigos você se expôs ao vir pra cá.
  
- Eu não tive escolha.
  
   Se eu fosse um pouquinho mais curiosa teria perguntado o que ele quis dizer, mas eu não podia ficar de papo com ele naquele momento, então sai correndo tão rápido que seus olhos humanos com certeza não registraram. Se eu fosse um pouquinho mais curiosa teria dito pra ele meu nome e o que eu era, só pra ver sua reação. Teria aberto a boca e falado as palavras que sabia que nunca poderia pronunciar a um humano : "Eu sou uma vampira".

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